Diário do Alentejo

Entrevista com Cultivamos Cultura e coletivo O Bosque

19 de julho 2019 - 12:00

Texto Nélia Pedrosa

 

Em que contexto é que surge o FIVAcc, que irá decorrer de 25 a 31 de agosto, em São Luís, Odemira? Com que objetivos? O que é que o distingue de outros festivais? O FIVAcc tem como foco a sustentabilidade na sua execução e nas atividades oferecidas e escolhe as artes visuais como forma de interação com as comunidades locais. O projeto, que se prepara para a sua primeira edição, nasce da já consolidada Cultivamos Cultura (especializada em bioarte), associação cultural que tem o seu caminho trilhado há mais de 10 anos, sendo uma relevante promotora de ações culturais que fomentam o desenvolvimento do território. Pensando numa programação compartilhada, serão organizadas, durante o FIVAcc, oficinas propostas maioritariamente pelos participantes. Algumas das ações previstas incluem a recuperação de um forno público da vila, jantares populares, produção de uma composteira e o fabrico de um copo reutilizável de São Luís. A vivência do FIVAcc tem o objetivo de mudar e reviver modos de cultura, produção e consumo sustentável nas aldeias, mostrando que é possível um festival internacional de artes integrar um contexto local de forma a revitalizar as iniciativas artísticas e de sustentabilidade já existentes. Diante do compromisso social das organizações culturais, há no festival o empenho de criar uma oferta cultural e social longe das metrópoles. O festival é coproduzido pelo coletivo O Bosque.

 

Qual o género de filmes que integrará o festival e de países? Os filmes exibidos serão organizados durante os sete dias, e a sua seleção estará a cargo de quatro curadores internacionais. Entre eles, Ximenas Cuevas, importante artista mexicana da vídeo performance, além de Inês Alves, de Portugal, Daniele Grosso, de Itália, e Patrick Thomas, da Alemanha, todos artistas de destaque no circuito contemporâneo das artes visuais. Cada curador é responsável pela programação de uma noite, e assim oferece ao público um leque artístico de obras que julgue pertinente e de tema livre. Ao contrário da maior parte dos festivais, não será necessário inscrever os filmes, assim como não haverá um júri ou competição. Dessa forma, não só evidencia-se o curador como artista, mas criam-se oportunidades para o convívio de produções de diferentes temas, regiões e períodos, numa programação dinâmica e de multiplicidade de visão.

 

De que forma é que o festival promoverá a sustentabilidade? Unir arte, sustentabilidade e justiça social: ser um festival sustentável como todos deveriam ser, sem que esse seja o tema principal, e, sim, a prática. Assim, tanto em termos logísticos (transporte, alimentação, estadia), como em termos culturais (exibição de filmes e ações educativas), as atividades visam integrar a comunidade e minimizar/compensar o desperdício gerado por um festival ; ser um festival internacional de referência dentro do âmbito das artes visuais, capaz de levar um conteúdo relevante para comunidades locais intergeracionais;
e redefinir radicalmente as normas de produção e consumo de eventos sustentáveis, assim como modificar a noção de consumidor produtor.

 

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