Diário do Alentejo

Bloco acusa PS de "recuo" nas taxas moderadoras

23 de junho 2019 - 00:20

A coordenadora do Bloco de Esquerda, Catarina Martins considerou "surpreendente" o recuo do PS sobre o fim das taxas moderadoras no Serviço Nacional de Saúde (SNS) no próximo ano. “O Partido Socialista aparece surpreendente porque recua em relação ao que já tinha sido acertado, dando agora outro argumento, de que as taxas moderadoras são muito necessárias para financiar o SNS”, disse Catarina Martins em Santiago do Cacém.

 

O fim das taxas moderadoras nos centros de saúde vai ser faseado, não entrando em vigor já em 2020 como previa um projeto de lei do BE aprovado no dia 14 no parlamento, noticia hoje o semanário Expresso. De acordo com o jornal, que cita fonte governamental, o executivo deu indicações ao PS para alterar, na especialidade, o diploma do Bloco de Esquerda que previa a eliminação já em 2020 do pagamento das taxas moderadoras nos centros de saúde e em consultas no Serviço Nacional de Saúde.

 

A coordenadora do BE, que falava no encerramento de um encontro das estruturas do Bloco de Esquerda do Litoral Alentejano, recordou que o PS mudou de argumentos para justificar a decisão. “O mesmo PS que dizia há seis meses que o peso das taxas moderadoras era irrelevante para financiar o SNS porque corresponde a cerca de 1% do orçamento, quando na verdade o grande custo são os dois milhões de tratamentos, consultas e meios de diagnóstico que ficaram por fazer por as pessoas não conseguirem pagar as taxas moderadoras”, frisou.

 

No entender de Catarina Martins, “é preciso que seja feita justiça” para “cada pessoa que negou a si próprio o cuidado de saúde porque não era capaz de pagar a taxa moderadora”, assim como “ter acesso a todos os cuidados de saúde”. “Fica muito mais caro ao país que as pessoas desistam dos tratamentos que lhes são receitados por um médico por não terem dinheiro para eles, porque depois a doença agrava-se, a prevenção não é feita e aí sim, temos problemas de saúde a aumentar no país”, acrescentou.

 

Defendendo “um novo paradigma” que “garanta cuidados de saúde às pessoas” e “previna a doença”, a coordenadora do BE reforçou a necessidade de “acabar com as taxas moderadoras”.

 

“É um paradigma que não pode conviver com taxas moderadoras que bloqueiam o acesso à saúde e é por isso que elas devem acabar. Vamos fazer este caminho. O projeto do Bloco foi aprovado e não fizemos o projeto de animo leve nem sem fazer as contas, sabemos que quem ganha pouco mais de 600 euros tem de ter acesso à saúde gratuita”, referiu.

 

Catarina Martins participou este sábado no Encontro do Alentejo Litoral do Bloco de Esquerda, dedicado ao tema do desenvolvimento sustentável. A coordenadora bloquista sublinhou a importância das lutas pelo ambiente, como a da oposição ao furo de petróleo ao largo de Aljezur e falou da necessidade de investimento, mas não a qualquer preço, contrariando a ideia de que “sempre que há dinheiro a circular há investimento verde”.

 

“Ou há investimento que melhora as condições de vida concreta das populações e que valoriza os territórios, ou senão é predatório, destrói, não constrói. Investimento é diferente de finaceirização. O investimento que para nós conta é aquele que deixa riqueza e salário no lugar onde está e não aquele que permite acumular muita riqueza a um grupo pequeno num outro sítio qualquer”, defendeu.

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