Diário do Alentejo

Companhias aéreas "sem interesse" pelo aeroporto

22 de junho 2019 - 09:05

A ANA - Aeroportos de Portugal diz que não tem havido interesse dos operadores pelo aeroporto de Beja. Num artigo intitulado "Será Beja alguma vez uma alternativa?", publicado este sábado no caderno de economia do semanário Expresso, fonte da empresa diz que as companhias aéreas não querem apostar nos voos comerciais para o aeroporto alentejano

 

"A ANA tem desenvolvido iniciativas para criar condições de promoção do tráfego de passageiros, nomeadamente na competitividade do preço dos combustíveis e taxas aeroportuárias, mas tirando algumas operações pontuais recentes não tem havido um interesse muito específico dos operadores de transportes e tour para o desenvolvimento da atividade de aviação civil”, acrescenta a mesma fonte oficial.

 

Segundo a empresa, nos últimos anos "tornou-se claro que o potencial de desenvolvimento do aeroporto de Beja era, e tem sido até ao momento, mais focado nas atividades industriais do que no desenvolvimento de aviação civil”. Por isso serão "continuados" os "esforços" para "promover oportunidades de desenvolvimento em linha com a procura e o potencial dos aeroportos que gere”. Um dos exemplos é o anúncio recente da construção de um hangar pela Hy Fly.

 

Esta empresa de aviação refere que os investimentos previstos para Beja "estão em curso" e visam dotar o aeroporto de "equipamento para o handling e manutenção dos aviões da Hi Fly”, sendo que a construção do primeiro hangar deverá estar concluída no segundo trimestre do próximo ano, representando um investimento total de 30 milhões de euros.

 

Citado pelo Expresso, Paulo Mirpuri, presidente da Hi Fly, defende que “o aeroporto, além da óbvia vocação dinamizadora do potencial turístico do Alentejo, deve ser desenvolvido como um aeroporto especializado, onde se podem instalar empresas de carga aérea, centros logísticos, manutenção de aeronaves e centros de treino de pilotos civis e militares”.

 

O semanário assinala ainda o "consenso" entre os três deputados eleitos por Beja sobre a "falta de vontade" da Vinci, proprietária da ANA, para apostar neste aeroporto. 

 

ara os deputados por Beja, uma primeira resposta reúne consenso. Há falta de vontade da Vinci, dona da ANA, em apostar naquele aeroporto alentejano. Pedro do Carmo, deputado do PS por Beja, lembra que, na altura em que o aeroporto surgiu, a ANA era pública e, quanto à questão das acessibilidades, a chegada entretanto da troika travou os projetos que estavam previstos para a rodovia e a ferrovia no Alentejo.

 

“Hoje temos uma empresa privada que gere como entende. Este é um aeroporto que faz todo o sentido como aeroporto de retaguarda. Tem um manancial de possibilidades”, defende Pedro do Carmo (PS), recordando que na altura em que o aeroporto foi construído a ANA era uma empresa pública e que a chegada da tiorga "travou" os projetos para a região. 

 

“Para a Vinci, como é óbvio, o objetivo é garantir o máximo de lucros”, e investir no aeroporto de Beja não tem interesse económico para o dono da ANA, assinala João Dias (PCP), acrescentando que esta infra-estrutura "ajudaria a melhorar significativamente a resposta aeroportuária do país”.

 

Já Nilza de Sena (PSD) afirma que “houve um erro na percepção pública de que o aeroporto de Beja seria orientado para passageiros, quando a sua conceção inicial era a de um aeroporto com vocação industrial ou um aeroporto-indústria, apto para importação e exportação de matérias-primas e para indústrias aeronáuticas”.

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