A empreitada da segunda fase do projeto de recuperação ambiental do antigo complexo da mina de S. Domingos, em Mértola, arranca esta quarta-feira, num investimento de 3,7 milhões de euros, devendo estar concluída no segundo semestre do próximo ano. A obra vai permitir a recuperação do sistema de canais de recolha de águas de escorrência superficial, na margem esquerda do vale da ribeira de S. Domingos.
Em declarações à Lusa, João Galamba disse tratar-se de um projeto "longo, mas no qual a Empresa de Desenvolvimento Mineiro (EDM) e o Governo estão empenhados" para "tratar da recuperação ambiental" do antigo complexo da mina de S. Domingos, que é "um dos principais do país". A mina de S. Domingos "começou a laborar no século XIX e, como a exploração mineira não tinha os requisitos ambientais que tem hoje, deixou um grande passivo [ambiental], que importa tratar, resolver e recuperar".
Segundo João Galamba, a iniciativa reflete "uma prioridade da atividade da EDM", que tem vários projetos de recuperação de passivos ambientais deixados por antigas minas em Portugal. O Governo "tem reforçado" e "compromete-se" a disponibilizar meios financeiros para esta "importante atividade" da EDM, porque existem em Portugal "muitas minas antigas" que, "quando não havia regras ambientais, deixaram um grande passivo" ambiental, que a empresa "está e continuará a recuperar".
Segundo a EDM, as obras das duas primeiras fases do projeto do antigo complexo da mina de S. Domingos vão permitir separar as águas limpas dos focos contaminantes para "evitar a produção de águas contaminadas por lixiviação dos escombros piritosos depositados nas escombreiras". Desta forma "será possível reduzir, de forma muito significativa, o volume de águas ácidas e a carga mássica de contaminantes que descarregam na ribeira do Mosteirão e consequentemente para os rios Chança e Guadiana".
As despesas elegíveis das obras das duas primeiras fases são financiadas em 85% por fundos do atual quadro de apoios comunitário, através do Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso dos Recursos (POSEUR), sendo o restante financiado por verbas do Orçamento do Estado.
O projeto de recuperação ambiental do antigo complexo da mina de S. Domingos, que foi desativada em 1966, vai decorrer em seis fases e implicar um investimento total de cerca de 20 milhões de euros para resolver problemas ambientais com 50 anos.
A mina de S. Domingos, outrora a maior da Europa, era conhecida desde o período romano, mas só começou a ser explorada em termos industriais, pela empresa Mason & Barry, em 1854, quando foi redescoberta por Nicolau Biava, a soldo da La Sabina. Segundo a EDM, entre 1855 e 1966, foram retirados cerca de 25 milhões de toneladas de minério da mina, que empregou milhares de trabalhadores e, até à década de 1930, foi a maior exploração mineira em Portugal.