CDU e PS não se entendem quanto à composição do executivo da junta de freguesia de Ferreira do Alentejo. Comunistas foram os mais votados nas Autárquicas, mas não detêm maioria.
A Coordenadora da CDU de Ferreira do Alentejo acusa o PS local de propor a “viabilização da governação” da junta de freguesia “com o apoio do Chega”. Em comunicado enviado ao “Diário do Alentejo”, a CDU refere que ciente de que não detém maioria absoluta – nas últimas Autárquicas, foi a força mais votada, obtendo quatro mandatos, o PS outros quatro e o Chega um –, “e com sentido de responsabilidade e respeito democrático”, propôs ao PS “uma solução equilibrada e proporcional ao resultado das urnas, um executivo composto pelo presidente da junta (CDU), um eleito do PS e um eleito da CDU”, uma proposta que refletia “com justiça a confiança expressa pelos eleitores e garantia representação coerente com o voto popular”. A coordenadora sublinha, ainda, que, nessa proposta, “a CDU incluiu para o PS a presidência da mesa da assembleia de freguesia, um cargo de relevo e de grande responsabilidade democrática, fundamental no escrutínio e acompanhamento do trabalho do executivo, o que demonstra a total abertura e espírito de cooperação da CDU”. O PS, no entanto, “rejeitou essa proposta, preferindo incluir no executivo o único eleito do Chega, numa clara distorção da vontade da população”. A CDU acusa ainda o PS de propor “que fosse integrado o nono e último eleito, um gesto que revela bem até onde está disposto a ir para assegurar entendimentos contrários à lógica democrática”. Para a CDU, a opção do PS é “politicamente inaceitável” e “distorce os resultados eleitorais, desrespeita a soberania popular e demonstra um oportunismo sem limites”. Em nota publicada nas suas redes sociais, a candidatura do PS às Autárquicas de 12 de outubro, sublinha, por sua vez, que a CDU “inviabilizou” a tomada de posse e constituição da assembleia de freguesia e da junta de freguesia, porque “a cabeça de lista da CDU não consegue formular uma proposta viável (…) tendo em conta os resultados eleitorais”. Os socialistas frisam, ainda, que a CDU “não obteve a maioria dos mandatos na assembleia de freguesia, tendo eleito apenas quatro dos nove membros que legalmente compõem a assembleia”, e que, “tendo já, à partida, a presidência da junta, pretende ainda ficar em maioria absoluta neste órgão, o que contradiz totalmente o resultado eleitoral dado pelo povo”. Referem, igualmente, que “a composição equilibrada da junta não envolve qualquer acordo político-partidário, mas apenas a participação nos órgãos das pessoas que foram eleitas pelo povo e que devem agora trabalhar conjuntamente para o exercício dos mandatos”, e lembram que em 2005, quando se verificou “situação igual”, com o PS o partido mais votado, mas sem maioria, “a CDU reclamou a composição da junta com a participação de todos os representantes eleitos”, o que foi aceite.