Diário do Alentejo

Barrancos: Mudança anunciada em concelho de gentes com “repichuchi”

04 de outubro 2025 - 08:00
No território com menos população e mais pequeno do distrito, uma certeza: o novo presidente será uma cara nova. Leonel Rodrigues, eleito pela CDU em 2021, não se recandidata.
Foto | Ricardo ZambujoFoto | Ricardo Zambujo

Emílio Domingues (CDU), Bela Filipe (PS) ou Ricardo Dias Pinto (Chega). Um destes três nomes surgirá na noite do próximo dia 12 como vencedor das eleições autárquicas no concelho de Barrancos. Uma mudança que surge fruto de Leonel Rodrigues, a cumprir o seu primeiro mandato, não se recandidatar.

 

O concelho de Barrancos tem a particularidade de ser o mais pequeno em área – 168,4 quilómetros quadrados – e aquele que menos população tem – 1415 pessoas, no final de 2024 –, no âmbito do distrito de Beja. Administrativamente, tem a particularidade de a única freguesia do seu território coincidir com as fronteiras do próprio concelho: Barrancos. Assim sendo, no próximo dia 12 serão chamados às urnas 1266 eleitores (1262 cidadãos nacionais, três cidadãos da União Europeia não nacionais e um outro cidadão estrangeiro). Estes dados são o reflexo da diminuição registada no concelho entre 2021 e 2024, segundo os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) apresentados pelo Pordata. “A população do município diminuiu 5,5 por cento entre 2021 e 2024, contrariamente ao verificado a nível nacional (aumento de 3,2%). Foi a maior diminuição populacional quando comparada com os três dos cinco municípios mais próximos onde a população também diminuiu”. Com 8,4 habitantes por quilómetro quadrado, bem abaixo do valor nacional (117), “é o município português com a nona menor densidade populacional”. Com estes dados, a população barranquenha é caracterizada da seguinte forma: “174 crianças e jovens com menos de 15 anos (menos 13 do que em 2021); 918 com idades entre os 15 e os 64 anos (menos 29 do que em 2021); 323 idosos com 65 ou mais anos (menos 41 do que em 2021)”.

No caso de Barrancos, a demografia do seu território é particularmente marcante: vejam-se, no campo da Educação, os 143 alunos matriculados em 2024 (38 no pré-escolar e 105 no ensino básico, não havendo ensino secundário no concelho), menos 23 do que em 2021.

Já no setor da Habitação, o concelho, segundo os Censos de 2021, tinha 599 alojamentos como residência habitual, 537 de residência secundária, 114 vagos para arrendamento e 30 que estariam vagos por outros motivos.

Quanto ao ganho médio mensal, este cifrava-se, em Barrancos, segundo dados do INE de 2023, em 1036,50 euros, o menor, quando comparado com os cinco municípios mais próximos: Moura (1137,20€), Mourão (1142,20€), Reguengos de Monsaraz (1144€), Serpa (1102,10€) e Alandroal (1171,40€).

É também “um dos 33 municípios portugueses onde a superfície agrícola utilizada ocupa mais de 75 por cento do seu território”.

1266 eleitores recenseados nos cadernos eleitorais para as Autárquicas de dia 12 no concelho de Barrancos, respeitantes à freguesia de Barrancos.

 

23,66 foi a taxa de abstenção no concelho, nas últimas eleições autárquicas, em 2021, em que num universo de 1310 inscritos houve 1000 votantes.

Candidatos e propostas

 

Sob o lema “Compromisso com Barrancos”, a candidatura da CDU, encabeçada por Emílio Domingues, apresenta-se como uma força de continuidade do trabalho já realizado, aliando a experiência à juventude. O programa, que abrange o mandato de 2025 a 2029, assenta na concretização de projetos e na resposta às necessidades da população, com a promessa de uma gestão “séria, competente e preparada”.

No campo do Emprego e Desenvolvimento Económico, a proposta mais emblemática é a atribuição de um subsídio de 8500 euros a microempresas pela criação de cada novo posto de trabalho, com possibilidade de renovação. A CDU planeia também criar um centro de inovação empresarial com espaços para teletrabalho, um concurso de ideias de negócio e um orçamento participativo para envolver os cidadãos. A nível de Infraestruturas, destaca-se um ambicioso plano de regeneração urbana que prevê a intervenção completa em 17 ruas da vila, substituindo calçadas e redes de águas e esgotos, bem como a beneficiação da rede de caminhos municipais e rurais.

Na Habitação, o programa visa combater a degradação do edificado e apoiar a fixação de pessoas através de três eixos: um programa de subvenção para a reabilitação de edifícios, a aquisição de casas devolutas para habitação social e a disponibilização de terrenos a preços acessíveis para jovens casais.

No plano Social, a CDU propõe a implementação de um seguro de saúde municipal, a atribuição de um “cheque dentista” para pessoas com baixos rendimentos e um programa inovador chamado “Combater a Solidão”, destinado a apoiar idosos em situação de isolamento. Para a juventude e desporto, prevê-se a requalificação do estádio municipal, a criação de um ginásio municipal e de um grande parque da vila na zona do Baldio.

Já o PS, com o mote “Queremos um Barrancos com Vida e para Viver” e através da candidata Bela Filipe, apresenta um programa focado na transparência, na dinamização económica e cultural e na melhoria da qualidade de vida dos cidadãos. A candidatura propõe uma nova abordagem à governação, com um forte pilar na cidadania e na participação ativa da comunidade.

Para a Transparência e Cidadania, o PS sugere a criação de uma “Semana da transparência” e de um “Conselho municipal” que envolva os cidadãos, além da implementação de um orçamento participativo local. No eixo económico, a aposta é na promoção de uma economia circular, na valorização do comércio local e no potenciar os produtos endógenos através de feiras e eventos gastronómicos.

A Juventude e Educação são centrais, com propostas inovadoras como a criação de uma “viagem cultural de turma” como prémio para o sucesso escolar coletivo e um programa municipal de estágios para incentivo da entrada de jovens no mercado de trabalho.

Na área da Saúde e Ação Social, o PS compromete-se a garantir um médico em horário pós-laboral e a criar programas de apoio direto às famílias, como o “Programa ABEM”, para comparticipação de despesas com medicamentos, e a oferta de cabaz de produtos essenciais à nascença e de cartão-plafond para compra de bens alimentares e artigos de farmácia (no primeiro ano de vida), no comércio local.

No âmbito da Cultura, destaca-se a proposta de declarar os tradicionais “tabuados” como Património Cultural Imaterial e de reforçar o papel do barranquenho como ativo turístico. O programa prevê ainda a reabilitação de espaços públicos icónicos, como o jardim do Miradouro, a criação de mais espaços verdes e um foco na gestão eficiente da água e na proteção do património natural.

 

Nota: o “Diário do Alentejo” tentou, por várias vezes e diversas formas, contactar o candidato do Chega, Ricardo Dias Pinto, no sentido de obter o seu programa eleitoral. Todas as tentativas, até ao fecho da presente edição, revelaram-se infrutíferas.

 

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