Diário do Alentejo

Beja: Pax Julia: uma mão cheia de candidatos

05 de outubro 2025 - 08:00
No concelho da capital de distrito são cinco os candidatos e respetivas forças políticas que tentam ganhar a câmara
Foto | Ricardo ZambujoFoto | Ricardo Zambujo

Paulo Arsénio (PS) recandidata-se ao seu terceiro mandato. Vítor Picado (CDU) pretende recuperar a câmara para os comunistas, perdida em 2017. A coligação Beja Consegue! (PSD/CDS/ /IL), com Nuno Palma Ferro, e o Chega, com David Catita, apostam forte na conquista da autarquia. Madalena Figueira (BE) surge como candidata num dos poucos concelhos do distrito em que os bloquistas apresentam candidaturas.

 

Não causa estranheza, como capital de distrito, que seja o concelho de Beja a apresentar o maior número de população residente no final de 2024, segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE): 33 954. Tal valor reflete-se, também, nos cadernos eleitorais, que contêm 28 295 eleitores em condições de votar no próximo dia 12 (28 264 cidadãos nacionais, 14 cidadãos da União Europeia não nacionais e 17 outros cidadãos estrangeiros). Sobre a população residente, refere o INE que “aumentou 0,9 por cento entre 2021 e 2024, abaixo da média nacional (3,2%). Foi o segundo maior aumento populacional quando comparado com três dos cinco municípios mais próximos onde a população também aumentou”. No que diz respeito à densidade populacional, esta seria de 30 habitantes por quilómetro quadrado, distribuindo-se, etariamente, da seguinte forma: “4865 crianças e jovens com menos de 15 anos (mais 36 do que em 2021); 21 123 com idades entre os 15 e os 64 anos (mais 148 do que em 2021); 7966 idosos com 65 ou mais anos (mais 126 do que em 2021)”.

No setor da educação, as estatísticas, em 2024, apontavam para 6373 alunos. “Na educação pré-escolar estavam matriculadas 1024 crianças e eram 3758 os alunos a frequentar o ensino básico. No ensino secundário estão matriculados 1516 alunos. Face a 2021, este município tinha mais 25 alunos em 2024: mais 38 crianças na educação pré-escolar e mais 178 alunos no ensino básico. Tinha menos 242 alunos no ensino secundário”.

Respeitante à Habitação, “à data dos últimos Censos (2021), o município de Beja tinha 13 490 alojamentos (moradias ou apartamentos) de famílias que aí tinham residência habitual”. Paralelamente, “havia, ainda, 3673 alojamentos familiares de residência secundária, 1541 alojamentos vagos para arrendamento e 1462 alojamentos vagos por outros motivos no município”. Os mesmos dados apontam para a construção de 96 fogos para habitação familiar entre 2022 e 2024, mais 30 do que no triénio anterior, 2018-2020.

Por fim, o ganho médio mensal do concelho de Beja, em 2023, foi de 1298,90 euros, o segundo maior, quando comparado com os cinco municípios mais próximos: Vidigueira (1219€), Serpa (1102,10€), Cuba (1110,80€), Castro Verde (2479,10€) e Mértola (1038,60€).

É, igualmente, “um dos 33 municípios portugueses onde a superfície agrícola utilizada ocupa mais de 75 por cento do seu território”.

28 295 eleitores recenseados nos cadernos eleitorais para as Autárquicas de dia 12 no concelho de Beja, respeitantes às freguesias de Baleizão, Beringel, Cabeça Gorda, Nossa Senhora das Neves, Santa Clara do Louredo, São Matias, Albernoa e Trindade, Salvador e Santa Maria da Feira (Beja), Santiago Maior e São João Baptista (Beja), Salvada e Quintos, Santa Vitória e Mombeja, Trigaches e São Brissos.

 

43,74 foi a taxa de abstenção no concelho, nas últimas eleições autárquicas, em 2021, em que num universo de 28 777 inscritos houve 16 189 votantes.

Candidatos e propostas

 

A CDU, com o cabeça de lista Vítor Picado, apresenta-se como a “principal força da oposição” à gestão socialista, destacando-se pela defesa dos serviços públicos e da coesão territorial. O programa eleitoral dá ênfase à requalificação urbana, com propostas para melhorar a iluminação pública, reforçar a limpeza e recuperar espaços verdes. Na frente económica, pretende valorizar o comércio tradicional, expandir a zona de acolhimento empresarial e repor a RuralBeja, como forma de dinamizar a ligação entre o campo e a cidade. A habitação social continua a ser uma bandeira, com compromissos de reabilitação de bairros, bem como medidas de apoio a migrantes e incentivos à fixação de jovens. No campo cultural, a CDU propõe a criação de um Museu de Banda Desenhada e de um Museu Romano, além do regresso do programa “Beja na Rua”. No plano das grandes infraestruturas, insiste na eletrificação da ferrovia e na conclusão do IP8, reivindicações de longa data na região.

O movimento “Beja Consegue, coligação PSD/CDS/IL”, e com Nuno Palma Ferro como candidato, apresenta-se como uma alternativa de modernização, propondo uma “governação participativa e inteligente”. A grande aposta passa pela criação de uma Divisão de Apoio ao Desenvolvimento Económico, integrando áreas como agricultura, habitação e centro histórico. Defende uma Beja “investment friendly”, com processos de licenciamento mais ágeis e taxas ajustadas, e coloca o aeroporto como plataforma logística e industrial. Entre as propostas mais emblemáticas surge a “BejArena”, projetada para ser o maior centro multiusos do Sul do País, e o “Beja Mercado Urbano”, concebido como centro comercial a céu aberto. A Mobilidade também está em destaque, com a defesa da circular sul para aliviar o trânsito. Para a Juventude, são anunciados programas de incentivo ao empreendedorismo e ao acesso à habitação.

O BE, com a candidata Madalena Figueira, centra o seu programa na Habitação e na Justiça Social. Aponta como prioridade a recuperação de cerca de 500 fogos devolutos no centro da cidade, através de apoios a proprietários ou posse administrativa pela câmara. No campo agrícola, o BE propõe rever o plano diretor municipal, impondo uma distância mínima de 500 metros entre monoculturas intensivas e zonas habitacionais. Para apoiar populações vulneráveis, defende a criação de um Gabinete de Apoio ao Imigrante e de um Fundo Municipal de Emergência Social. Em Mobilidade, propõe a reformulação da rede de transportes públicos para abranger todo o concelho, incluindo fins de semana, e a requalificação da linha do Guadiana. A adaptação climática surge como prioridade urgente, com medidas como arborização maciça da cidade e instalação de “abrigos de calor”.

A Segurança é a bandeira principal do Chega, personalizada em David Catita, que propõe a criação de uma polícia municipal, reforço da iluminação pública e instalação de videovigilância. No campo das infraestruturas, avança com uma proposta inédita: a remoção da linha ferroviária que atravessa a cidade, substituindo-a por uma circular rodoviária. Do ponto de vista económico, aposta na promoção do agronegócio e na criação de um “Cluster militar de Beja”, que articule a Base Aérea, o Regimento de Infantaria e o aeroporto. Defende, também, a simplificação de projetos de construção e um programa de erradicação de barracas. Para o mundo rural, apresenta uma estratégia específica para alojar trabalhadores sazonais nas próprias explorações agrícolas, retirando pressão habitacional das zonas urbanas.

Sob o lema “Um Novo Ciclo”, o PS, com a recandidatura de Paulo Arsénio, aposta na continuidade do trabalho desenvolvido no atual mandato, com especial enfoque na Educação. O programa “Beja Educa” inclui a criação de um novo centro escolar e a requalificação de várias escolas. Para a Juventude, o PS apresenta a estratégia “Beja Jovem”, que prevê mais bolsas de estudo e 100 habitações em regime de renda acessível. No campo social, a estratégia “Beja Cuida” promete dar seguimento ao plano local de habitação e reforçar medidas de integração de imigrantes. Já na Economia, o programa “Beja Forte” prevê um fundo municipal de um milhão de euros para o comércio local e a infraestruturação da nova Zona Industrial de Vale do Bispo. A Mobilidade é outro eixo importante, com a transformação da circular sul em projeto de execução e a promessa de transportes públicos gratuitos para maiores de 65 anos a partir de 2027.

 

Multimédia0

 

Multimédia1

Comentários