Diário do Alentejo

Aljustrel: A mudança de executivo é uma certeza em terras de património mineiro

03 de outubro 2025 - 08:00
O concelho de Aljustrel é um dos que, obrigatoriamente, terá um novo presidente de câmara
Foto | Ricardo ZambujoFoto | Ricardo Zambujo

Eleito há quatro anos nas últimas Autárquicas, pelo PS, Carlos Teles, o presidente da Câmara Municipal de Aljustrel ainda em funções, anunciou, no início deste ano, que não se iria recandidatar. Um de três casos similares no distrito de Beja. Assim, a autarquia terá, forçosamente, um diferente elenco executivo após as eleições, dirigido por Nelson Brito (PS), Fernando Ruas (CDU) ou Filipe Duarte (Chega).

 

Com cerca de 9000 residentes, e 458 quilómetros quadrados de área, Aljustrel é dos concelhos, no distrito de Beja, com maior pujança económica, fruto da presença do setor mineiro no seu território, mas, também, de um tecido empresarial com alguma diversidade. Veja-se, por exemplo, o ganho médio mensal dos trabalhadores por conta de outrem, segundo os dados de 2023 do Instituto Nacional de Estatística (INE): em relação aos cinco municípios mais próximos, Aljustrel (1473,40 euros) – que se encontra acima da média nacional (1460,80€) – supera Ferreira do Alentejo (1230,30€), Ourique (1117,80€), Alvito (1266€) e Beja (1298,90€), ficando apenas atrás de Castro Verde (2479,10€).

Segundo dados disponibilizados pelo Pordata (base de estatísticas certificadas sobre Portugal, os seus municípios e Europa, da Fundação Francisco Manuel dos Santos), “no final de 2024, a população residente no município de Aljustrel ascendia a 8923 pessoas. A variação face a 2021 foi positiva (15 pessoas), decorrente de um saldo natural igual a -219 e de um saldo migratório igual a 234”. Ou seja, entre 2021 e 2024 houve um aumento de 0,2 por cento, abaixo da média nacional, que se cifrou em 3,2 por cento. “Foi o menor aumento populacional quando comparado com os quatro dos cinco municípios mais próximos onde a população também aumentou”.

Na área da Educação, em 2024 estariam matriculados 1361 alunos, do pré-escolar ao ensino pós-secundário não superior. No pré-escolar estavam 232 crianças, ao passo que no ensino básico seriam 828. No que diz respeito ao secundário, seriam 301 alunos. Segundo o Pordata, “face a 2021, este município tinha mais 173 alunos em 2024: mais 23 crianças na educação pré-escolar e mais 64 alunos no ensino básico. Tinha mais 86 alunos no ensino secundário”.

No que diz respeito à habitação, nos Censos de 2021, o município de Aljustrel tinha 3711 alojamentos, entre moradias e apartamentos, “de famílias que aí tinham residência habitual”. Havia também 1160 alojamentos familiares de residência secundária, 551 para arrendamento e “447 alojamentos vagos por outros motivos”. Importa também acrescentar que de 2022 a 2024 foram construídos “38 novos fogos para habitação familiar, mais 17 do que no triénio 2018-2020”.

Por fim, quanto à superfície do concelho, a atividade agrícola ocupa mais de 75 por cento dessa área. “É um dos 33 municípios portugueses onde a superfície agrícola utilizada ocupa mais de 75 por cento do seu território”.

7692 eleitores recenseados nos cadernos eleitorais para as Autárquicas de dia 12 no concelho de Aljustrel, respeitantes às freguesias de Ervidel, Messejana, São João de Negrilhos, Aljustrel e Rio de Moinhos.

 

31,25 foi a taxa de abstenção no concelho, nas últimas eleições autárquicas, em 2021, em que num universo de 7930 inscritos houve 5452 votantes.

Candidatos e propostas

 

O programa eleitoral do PS para Aljustrel, cujo projeto é encabeçado por Nelson Brito, apresenta uma visão de futuro assente em pilares como o crescimento demográfico, o desenvolvimento económico e o reforço da coesão social. A ambição central é garantir que Aljustrel tenha crescimento populacional até aos Censos de 2031. Para atingir este objetivo, o programa detalha um conjunto de medidas económicas e de emprego. A principal meta é a criação de 200 novos postos de trabalho nos primeiros quatro anos de mandato, apoiada pela captação de empresas de base tecnológica para qualificar o tecido empresarial local. Prevê-se também a expansão da área empresarial de Aljustrel e a criação de novas zonas industriais em Ervidel, Montes Velhos, Messejana e Rio de Moinhos. Para atrair e fixar população será lançado o programa “Regressar e ingressar”, destinado a apoiar jovens e membros da diáspora que queiram voltar, bem como novos residentes.

No que toca à Habitação e Urbanismo, o compromisso é construir 200 novas habitações no concelho e implementar uma medida “musculada e legal” para resolver o problema das casas devolutas. As infraestruturas são outra grande aposta, com a requalificação do principal eixo rodoviário de Aljustrel e a modernização da rede de águas.

Na área Social, o programa destaca o apoio à criação da nova unidade de cuidados continuados e a contribuição para a construção do novo lar em Rio de Moinhos e o projeto para o lar de Messejana. O Turismo e a Cultura são valorizados através da requalificação do ramal ferroviário Aljustrel/Carregueiro para fins turísticos, do avanço da segunda fase do Parque Mineiro e da preservação do património edificado. Por fim, propõe-se a criação de uma nova rede de transportes públicos para todo o concelho e um maior apoio ao movimento associativo.

A CDU, com a candidatura de Manuel Ruas, apresenta-se em Aljustrel com o lema “Mudar para um Concelho com Futuro”, defendendo ser a alternativa a 15 anos de governação socialista, que considera terem conduzido à estagnação. A candidatura garante que a primeira medida, caso vença, será avaliar a situação financeira do município, para assegurar políticas sustentáveis.

No desenvolvimento económico, destaca a ampliação da Zona de Atividades Económicas (ZAE) de Aljustrel, prometida mas nunca concretizada. Quer também dinamizar as ZAE de São João de Negrilhos e Messejana, criar uma zona agroindustrial e investir na rede viária. Considera ainda essencial garantir fibra ótica em todo o concelho.

O Ambiente surge como prioridade. Propõe a criação de um fundo ambiental para mitigar impactos da mineração, a instalação de estações de monitorização da qualidade do ar e um plano de combate ao desperdício de água, culminando na renovação total da rede até 2037.

Na Habitação, acusa o PS de não ter agido e compromete-se a construir 15 fogos a preços controlados até 2029, apoiar a recuperação de imóveis e reabilitação de fachadas e reforçar o apoio domiciliário a idosos e famílias carenciadas.

Na Saúde, reivindica a retoma do serviço de urgências no centro de saúde e o funcionamento pleno das extensões de saúde das freguesias. Na Cultura, defende um plano integrado para rentabilizar museus e biblioteca. No desporto, promete apoiar todas as modalidades, valorizando clubes e associações locais.

O Chega apresenta a sua candidatura, encabeçada por Filipe Duarte, com um programa assente em quatro eixos estratégicos, defendendo Aljustrel como “um concelho onde é bom viver em todas as idades”. Afirma diferenciar-se por apresentar medidas acompanhadas de metas e fontes de financiamento, como o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e o Alentejo 2030. No Eixo I – Social Sénior, identifica a rede de apoio a idosos como insuficiente. Propõe criar dois centros de dia em São João de Negrilhos e Ervidel, equipados com transporte social e fisioterapia, ampliar a atual estrutura residencial para pessoas idosas (ERPI) em 20 a 30 lugares e criar unidades de vida apoiada em edifícios municipais. O reforço do serviço de apoio domiciliário incluirá teleassistência permanente.

O Eixo II – Juventude tem como meta fixar 200 jovens até 2029. O plano inclui habitação jovem com rendas acessíveis em imóveis reabilitados, bonificações para profissionais de saúde e educação, o programa “Aljustrel Primeiro Emprego”, com estágios cofinanciados, e a criação de uma incubadora e FabLab municipal no polo industrial.

No Eixo III – Zonas de Atividades Económicas propõe expandir as áreas existentes, criar lotes prontos a ocupar e instalar um balcão único “Empresa em Aljustrel”. Inclui ainda incentivos fiscais (IMT/IMI) e captação de empresas ligadas à mineração, agroindústria e embalagens.

No Eixo IV – Saúde, a meta é eliminar até 2029 os utentes sem médico de família. Para isso prevê habitação municipal a custo simbólico, prémios de instalação e apoio à integração familiar. Defende, ainda, a criação de uma unidade de saúde familiar (USF) Modelo B, com horário alargado, e protocolos com privados para reforçar exames e análises.

 

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