Diário do Alentejo

Novo hospital privado de Beja deverá entrar em funcionamento em 2026

26 de setembro 2025 - 08:00
Cuidados continuados e paliativos a meio do ano, área hospitalar no final
Foto | Ricardo ZambujoFoto | Ricardo Zambujo

O Hospital Privado de Beja, apresentado na passada segunda-feira, pretende entrar em funcionamento no próximo ano, fazer sinergias com os profissionais de saúde da região, atrair quadros de outras geografias e suprir as carências no acesso à saúde da região.

 

Texto | Marco Monteiro CândidoFoto | Ricardo Zambujo

 

O projeto do novo Hospital Privado de Beja foi apresentado na passada segunda-feira, dia 22, englobado no “Plano Estratégico 2025-2028” por parte da BBT Investimentos – holding do setor da Saúde, que detém, entre outras, “a rede hospitalar Sanfil Medicina e as unidades de cuidados assistenciais GEHC” –, em que também constam o surgimento de unidades hospitalares em Coimbra e Leiria, num investimento a rondar os 73 milhões de euros, segundo comunicado da entidade.

Na apresentação do projeto, num momento em que os trabalhos no terreno estão a decorrer – junto ao Complexo Desportivo do Bairro da Conceição e à Estrada Nacional 260, nomeadamente, na saída de Beja para Serpa –, a grande novidade, transmitida pelo administrador delegado da Sanfil Medicina, Pedro Marcelino, ao “Diário do Alentejo” (“DA”), prende-se com a entrada em funcionamento do equipamento já em 2026, representando “uma parte muito considerável, muito significativa” do investimento de 73 milhões de euros. “A unidade é composta por duas áreas distintas. Uma área que é a área dos cuidados continuados e paliativos e uma área clínica hospitalar. A ideia é até ao final de 2026 termos a unidade construída, sendo que a unidade de cuidados paliativos e cuidados continuados deverá iniciar por meados do ano. Primeiro essa parte e depois a parte hospitalar”. De acordo com o administrador, as unidades de cuidados continuados (UCC) e de cuidados paliativos (UCP) irão integrar, também, uma área dedicada à saúde mental.

Segundo o “DA” apurou, a perspetiva de ter a empreitada concluída ou praticamente concluída até final de 2026 está diretamente relacionada com o facto de parte do financiamento da obra acontecer com fundos do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), o que implica essa conclusão até final do próximo ano, de acordo com as atuais diretrizes da União Europeia.

 

A escolha de Beja Conforme o “DA” noticiou na edição da semana passada, a unidade hospitalar privada, cujas fundações dos 8820 metros quadrados de construção já começaram a ser escavadas no terreno de 23 500 metros quadrados, terá bloco operatório com duas salas, 110 camas – 30 médico-cirúrgicas e 80 de UCC/ /UCP –, 48 consultórios e salas de exame, 19 boxes de fisioterapia e 204 lugares de estacionamento.

Sobre as razões da escolha de Beja para instalação do hospital, Pedro Marcelino começou por apontar as similitudes com Coimbra, de onde o grupo Sanfil Medicina é originário, mas também as carências sentidas ao nível dos cuidados de saúde. “Houve uma vontade de ampliação da nossa atividade e estivemos a analisar o País. E há uma série de simetrias, curiosamente, com a nossa origem, que é Coimbra. Por outro lado, é um local de população carenciada, ou seja, não havia grande oferta hospitalar. Portanto, a escolha foi muito direta: no nosso caso havia simetrias à nossa origem e também necessidades em que fazia todo o sentido, numa lógica de alargamento do acesso aos cuidados de saúde, investir em Beja”. Durante a apresentação, e nesse sentido, foi anunciada a intenção de firmar acordos com o Estado, seguradoras e subsistemas de saúde.

Segundo o que foi referido na apresentação do projeto, a Sanfil Medicina também pretende fazer ligações e sinergias com a capacidade instalada na cidade. O simbolismo dessa intenção ficou marcado com o relembrar de António Covas Lima, médico radiologista cujo papel foi fundamental na implementação de serviços médicos na região e na construção do Hospital José Joaquim Fernandes, em Beja, mas igualmente do seu filho, o também radiologista João Covas Lima, fundamental na modernização de diversos serviços no distrito, na implementação da Escola Superior de Enfermagem de Beja, tendo também sido presidente do conselho de administração do Hospital José Joaquim Fernandes. Nesse sentido, segundo foi referido por Pedro Marcelino, a filha e neta de João e António Covas Lima, respetivamente, Alexandra Covas Lima, também ela médica radiologista, exercerá funções de diretora-clínica no novo hospital.

Nesse sentido, o administrador do grupo de saúde referiu, para além de contar com os profissionais de saúde que já se encontram na região, quererem atrair novos quadros, aumentando, assim, a população qualificada no território. “O grupo Sanfil Medicina tem claro para si que o seu caráter é um caráter complementar ao Sistema Nacional de Saúde [SNS]. Nunca substituto, nunca alternativo, mas complementar. A ideia é, claramente, nas nossas unidades, darmos trabalho aos profissionais de saúde da região e também trazermos profissionais de saúde de outros locais. E, por isso, nós iremos procurar potenciar não só os serviços de saúde que já existem, numa lógica completamente complementar ao hospital distrital, à ULS [Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo], mas, também, para além disso, procurando atrair a Beja novos profissionais de saúde que trabalham connosco noutras regiões e que possam também dedicar parte da sua atividade aqui”.

Acrescentou ainda o representante da unidade hospitalar que, por trabalharem com profissionais de uma faixa etária relativamente baixa, aliado às vantagens da região, isso poderá significar uma maior capacidade de atratividade. “O nosso grupo é um grupo novo. A maior parte dos nossos quadros anda abaixo dos 50 anos. E, portanto, também por esses motivos, são pessoas com maior predisposição para se poderem lançar e procurar outras oportunidades noutros locais do País. E Beja é um local em que nós queremos apostar muito e a nossa visão é procurar que esses profissionais, profissionais que são pessoas de valor acrescentado na área da saúde, desde logo, possam vir para Beja, prestar cá cuidados e, quem sabe, até localizarem-se aqui em Beja”. E concluiu: “Beja teve uma centralidade a nível nacional que nós queremos ajudar a restaurar, atraindo, então, pessoas para cá, que cá podem ter resposta a nível de serviços e encontrar também postos de trabalho onde possam concretizar a sua vida e fazer crescer a sua família. (…) A ideia é criarmos aqui uma simbiose em que possam desfrutar dessa tranquilidade para fazer crescer uma família com qualidade de serviços, qualidade profissional e, portanto, desenvolvermos a região”.

A previsão é de que o novo hospital permita a colocação direta de cerca de 100 profissionais, entre médicos, enfermeiros, auxiliares e técnicos.

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