A Santa Casa da Misericórdia de Serpa admite que a instituição “atravessa uma situação financeira particularmente difícil”, agravada pelo atraso no início da atividade cirúrgica na Unidade Médico-cirúrgica, e frisa que ainda “não há datas” para regularizar os subsídios em atraso.
A Santa Casa da Misericórdia de Serpa (SCMS) confirma a existência de atrasos no pagamento “de determinados créditos laborais, nomeadamente, o subsídio de Natal de 2024 – já incluído no Processo Especial de Revitalização (PER) em curso – e o subsídio de férias de 2025” e sublinha que “estes valores têm sido objeto de justa preocupação por parte dos trabalhadores e foram referidos na manifestação realizada no passado dia 28 de julho, junto ao Lar de São Francisco, convocada pelo sindicato que os representa”.
Recorde-se que, nesse dia, cerca de duas dezenas de funcionários da instituição concentraram-se junto à referida estrutura residencial para pessoas idosas – uma das três valências da SCMS –“para reivindicar os seus direitos”. Em declarações, na ocasião, ao “Diário do Alentejo” (“DA”), o dirigente do Sindicato dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais do Sul e Regiões Autónomas, Alcides Teles, referiu que os trabalhadores “têm alguns retroativos atrasados desde 2022, não receberam o subsídio de Natal de 2024 e foram confrontados, também, com o não pagamento do subsídio de férias de 2025”.
O responsável adiantou, ainda, que “a mesa administrativa [da SCMS], confrontada com essa situação, o que diz é que paga quando tiver dinheiro”, mas “não há compromisso nenhum” e não confirma “se esse dinheiro algum dia vai aparecer”.
Em comunicado enviado ao “DA”, a SCMS frisa que a instituição “atravessa uma situação financeira particularmente difícil, agravada pelo atraso no início da atividade cirúrgica na Unidade Médico-cirúrgica e que, à data, se encontra suspensa na sequência do termo do acordo de gestão em parceria com a União das Misericórdias Portuguesas [UMP] desde dezembro de 2024”. A gestão e arranque da referida unidade estavam previstos desde 2023, frisa ainda, adiantando que, “no entanto, essa parceria estabelecida [com a UMP] não se concretizou na prática”. A SCMS reforça que “encetou sucessivas diligências” e manteve “contacto direto e insistente” com a UMP para “dar início à produção cirúrgica e à atividade plena da unidade, o que, infelizmente, não se verificou”.
“A situação reveste-se de especial gravidade, tendo em conta que o edifício se encontra concluído, totalmente equipado e com capacidade instalada para responder às significativas carências assistenciais da região e até do País”, acrescenta.
A instituição recorda, ainda, que a UMP comunicou, em dezembro de 2024, “a decisão de resolver o acordo de gestão em parceria relativo ao Hospital de São Paulo, apresentando como alternativa a proposta de entrada” da SCMS num processo especial de revitalização, “como via para enfrentar o agravamento da sua situação financeira”, sendo que, “face à ausência de outras soluções realistas e com base no compromisso assumido pela UMP, de que retomaria a gestão e operacionalização da Unidade Médico-Cirúrgica após a submissão do PER, a mesa administrativa optou por dar seguimento a esta proposta”.
Sem a parceria “prevista e anunciada desde 2023”, a capacidade da SCMS para dar início à atividade médico-cirúrgica “de forma autónoma é, neste momento, extremamente limitada”, sublinha.
A instituição frisa, igualmente, que tem “plena consciência do impacto profundamente negativo que a situação económico-financeira” da SCMS “tem tido na vida pessoal familiar e profissional dos seus trabalhadores”, o que “lamenta profundamente”, e que “têm vido a ser desenvolvidos contactos com diversas entidades, com vista à obtenção de apoio e criação de condições que permitam regularizar os pagamentos em atraso”.
Em abril, a provedora da SCMS, Isabel Estevens, sublinhava, ao “DA”, que a UMP poderá retomar o acordo de gestão em parceria assim que o entender, uma vez que já está em curso um PER, no valor de “mais de cinco milhões de euros”.
Em declarações recentes à “Lusa”, o presidente da UMP, Manuel Lemos, disse que logo que estejam resolvidas as dificuldades financeiras, “estamos interessados e disponíveis para encontrar e montar uma parceria” com a SCM de Serpa.
Já em declarações ao “DA” na quarta-feira, a provedora sublinhou que, relativamente ao pagamento do subsídio de férias de 2025, “que é o objetivo principal”, “não há datas nem promessas vãs” e que “os trabalhadores sempre têm sido informados sobre a situação”. “DA”