Susa Monteiro, Beja Paulo Monteiro, 57 anos, Vila Nova de Gaia
ILUSTRADORA Estudou Realização Plástica do Espetáculo na Escola Superior de Teatro e Cinema. Ilustra para a imprensa nacional. Expõe, frequentemente, o seu trabalho em festivais de banda desenhada e galerias, no País e no estrangeiro.
AUTOR DE BANDA DESENHADA Licenciado em Letras pela Universidade de Lisboa. Dirige a Bedeteca e o Festival Internacional de BD de Beja. Tem percorrido a Europa, Angola e o Brasil para expor o seu trabalho – publicado em cerca de 20 países – e falar da história da BD portuguesa.
O Museu Municipal de Vidigueira acolhe, até ao próximo dia 25, a exposição “150 Milhões de Quilómetros até ao Sol”, da autoria de Susa Monteiro e Paulo Monteiro.
Como nos descrevem esta vossa mostra criativa?É uma mostra que reúne muitos trabalhos distintos na área do desenho, da ilustração e da banda desenhada. Permite uma visão geral do trabalho que temos realizado nos últimos tempos, revelando, também, algumas técnicas distintas: desenho a carvão, grafite, aguarela, computador…
Sendo coletiva, apresenta esta exposição elos de contacto entre o imaginário das obras dos dois autores?Sim. Vivemos juntos há muitos anos e, como qualquer casal, partilhamos muitas coisas. Aliás, o facto de termos muita coisa em comum (uma certa perspetiva da vida e da sociedade) é que levou a essa aproximação e continua a ser um fator muito importante na nossa relação. É natural que os imaginários se toquem, aqui e ali. Mesmo do ponto de vista plástico. A exposição terá a particularidade de realçar essas afinidades, mas também diferentes facetas do nosso trabalho.
Podemos dizer que existe aqui uma ténue fronteira, aparentemente impercetível, entre o mundo da banda desenhada e a ilustração?Há várias semelhanças, mas são artes distintas. A ilustração “veste” um texto já definido e constitui-se como um fim, em si mesmo. A banda desenhada, por sua vez, vive da sequência. Cada vinheta surge no seguimento da anterior e lança pistas para a próxima. A noção de narrativa, na banda desenhada, é essencial.
150 milhões são muitos quilómetros. Indicia o título desta mostra a relatividade do que pode ou não parecer inalcançável?O título da exposição pretende dar a ideia de distância da Terra ao Sol. E da impossibilidade de cumprir esse percurso. Com os desenhos passa-se, exatamente, a mesma coisa. É como se tivéssemos pela frente um caminho impossível de percorrer, na totalidade…
Para quando preveem poder expor as vossas obras naquele que será o futuro Museu de Banda Desenhada de Beja? Ainda que o vosso trabalho tenha já sido exposto em inúmeras salas, no País e no estrangeiro, terá essa exposição uma alegria redobrada?O processo de candidatura do museu está a decorrer. Dentro de algumas semanas teremos notícias acerca do financiamento. Embora o futuro museu tenha duas galerias de exposições temporárias, a verdade é que nunca pensámos vir a expor no museu. No meu caso particular (Paulo Monteiro) nem sequer seria correto, já que estarei ligado profissionalmente ao projeto. Mas temos milhares de ideias para exposições temporárias com muitos artistas fantásticos! Nas galerias destinadas à exposição permanente estarão representados os grandes mestres da banda desenhada portuguesa (Bordalo Pinheiro, Stuart de Carvalhais, Carlos Botelho, etc.). Estamos muito ansiosos com isto… Esperemos que corra tudo bem. José Serrano