Diário do Alentejo

“Este livro é um olhar de amor sobre Beja”

20 de julho 2025 - 08:00
Literatura e arte fotográfica no novo romance de Carlos Campaniço

Carlos Campaniço, 51 anos, natural de Safara, Moura

 

Recentemente publicado, Beja é o novo livro do escritor Carlos Campaniço, oitava obra literária do autor.

 

Como nos apresenta este seu novo livro?

Este livro é um tanto sui generis, porquanto entrelaça uma história de ficção (um conto largo) a personagens e lugares marcantes da cidade de Beja, numa perspetiva histórica, relativa à década de 90, tempo em que se passa a ação. Além disso, junta a literatura à arte fotográfica, numa edição bilingue.

 

Essa possibilidade de descoberta da urbe será facilitada pelas imagens do fotógrafo Libório Manuel Silva, coautor deste livro?

Obviamente. É uma arte que se soma a outra. Poderiam sobreviver ambas sem esta ligação, é verdade, mas assim, em união, enriquecem muito mais a versão escrita. Ademais, Libório Manuel Silva é um fotógrafo de excelência, de grandes créditos e renome. A “Beja” deste livro tornou-se mais bonita através da sua lente.

 

Não sendo esta obra um roteiro turístico, possibilita, contudo, desvendar a cidade?

Sim, a ideia foi essa. Aliás, estava subjacente ao convite inicial do editor, e também parceiro deste livro, Libório Manuel Silva. Esta coleção de âmbito nacional não pretende mostrar as cidades pelos olhos de historiadores ou historiadores de arte, nem pelos olhos de fotógrafos, antes, pelos olhos de escritores que desenrolam as suas histórias nas cidades e no-las apresentam. A cidade real e sua identidade são, por assim dizer, o cenário da história, sendo dada ao leitor informação para que este fique ávido de visitar as belezas do que ali é descrito.

 

Podemos dizer que o património intrínseco à cidade, ao Alentejo, o ajudou a construir este livro?

Não se julgue que este livro é um roteiro encapotado. Nada disso. É uma obra de ficção plena, mas que mostra a beleza do património histórico de Beja e os seus lugares míticos. Porém, Beja é mais do que isso, é a capital de uma região, a cabeça de um território. Há no Baixo Alentejo, e em Beja, evidentemente, um património imaterial que faz parte da nossa identidade, enquanto povo, e que está vertido neste livro. Fala-se aqui da gastronomia, da luz, da cal (e também da luz da cal), do espírito de vizinhança, do asseio, nos nossos produtos locais, da compaixão e fraternidade, mas também de muitos bejenses que são ou foram vultos da cultura. E tudo metido numa história inventada – esse foi o grande desafio a que me propus.

 

O que mais gostaria que este livro despertasse nos seus leitores?

Este livro é uma incrível e bonita história de amor, que narra um sentimento de adolescência e como ele perdurou no tempo. Relata, também, o amor dessa personagem pela sua mãe e o amor pela sua cidade, a qual não abandonou, nem para ir procurar a mulher da sua vida. Este livro é um olhar de amor sobre Beja, e gostava que esse sentimento passasse para o leitor.

José Serrano

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