Diário do Alentejo

Da banda desenhada mais popular à mais alternativa, o festival de BD está de regresso a Beja

25 de maio 2025 - 08:00
Evento arranca no próximo dia 30 e prolonga-se até 15 de junho
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Mostrar autores, com trabalhos e preocupações “muito diferentes”, assim como trazer “uma arte muito cosmopolita”, mas que é já um marco incontornável da cidade, é, mais uma vez, a proposta do Festival Internacional de Banda Desenhada de Beja. Para celebrar a 20.ª edição, o evento desdobrar-se-á em exposições, concertos desenhados, workshops, visitas guiadas, lançamento de livros, oficinas e maratonas de desenho.

 

Texto | Ana Filipa Sousa de Sousa

 

 

Achdé, Amanda Baeza, Ana Margarida Matos, José Lopes, Luís Louro, Mana Neyestani, Manuel Monteiro, Pedro Nascimento, Paulo J. Mendes, Pierre-Henry Gomont, Roberta Cirne, Rui Pimentel, Theo, Uli Oesterle e Victor Mesquita. São estes os autores que, entre os próximos dias 30 de maio e 15 de junho, marcarão presença no XX Festival Internacional de Banda Desenhada de Beja.

O evento, promovido pela Bedeteca de Beja, assume-se como um pretexto importante para dar a conhecer banda-desenhistas “de todo o mundo” e, em especial, da região, com “tipos de trabalhos e preocupações muito distintas” e que trazem até à cidade baixo-alentejana “uma vertente mais urbana [e] mais contemporânea”.

“Nós, na verdade, mantemos o conceito que é habitual desde a primeira edição. Dentro da banda desenhada mais popular até à banda desenhada mais alternativa, tentamos dar uma panorâmica geral dos autores e das obras que vão saindo [e] privilegiar o contacto dos mesmos com os leitores”, admite, ao “Diário do Alentejo”, Paulo Monteiro, diretor artístico do festival.

Neste ano, em que se assinala uma data “redonda”, o certame contará com 18 exposições e cerca de 60 autores vindos da Alemanha, Angola, Brasil, Chile, França, Inglaterra, Irão, Itália, Palestina e Portugal. Paralelamente, o festival será ainda preenchido com apresentações de projetos, conversas com autores, lançamentos de livros, sessões de autógrafos, concertos desenhados, maratonas de desenho, visitas guiadas, revisões de portefólios e oficinas.

“Talvez este festival tenha também algumas preocupações políticas que outros festivais não têm, uma vez que teremos exposições com um autor palestiniano e outro iraniano”, admite, acrescentando que “este último não estará presente, porque é um rapaz de 14 anos que vive em Gaza e, [por isso], é uma questão que nos toca com alguma profundidade, porque existe esta incerteza se ele irá cumprir o sonho de contar histórias em imagens”.

Para Paulo Monteiro, o destaque desta edição, para além das duas exposições descritas anteriormente, é também a obra Murena, do artista italiano Theo, que “se debruça precisamente sobre a Roma antiga, a Roma imperial, e que vai cair mesmo em cheio na Beja Romana”.“Por isso, temos sempre muitas expectativas. Temos sempre à volta de 10 a 11 mil visitantes e como o festival tem uma envolvência muito particular, que privilegia o contacto dos autores e dos editores com os leitores, que é um clima maravilhoso e propício à criação de novos projetos, a expectativa é que isso volte a acontecer”, realça.

O festival é inaugurado no dia 30, na Casa da Cultura, às 21:00 horas, “com todos os autores presentes”, seguindo-se, às 23:00 horas, o primeiro concerto desenhado que juntará em palco o músico Faísco e a artista Cristina Matos.“É sempre um momento muito engraçado, porque a pessoa está a desenhar ao mesmo tempo que o músico toca e nós depois projetamos na parede a imagem gigante. É uma experiência que possibilita ouvir música e estar a ver autores de banda desenhada ao vivo, a trabalhar em tempo real”, descreve.

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