Associação de Defesa do Património de Beja, criada em 1978
A Associação para a Defesa do Património Cultural da Região de Beja (ADPBeja) tem promovido, desde 1978, o estudo, a investigação, a divulgação e a preservação do património cultural da região, num trabalho que se tem pretendido de proximidade e de cooperação com as gentes e entidades do território.
Recentemente inauguradas, no âmbito da Festa do Azulejo de Beja, estão patentes ao público, em Beja, até dia 7 de junho, no Centro Unesco e no castelo, as exposições de artes plásticas “Reflexos” e “Azulejar com arte”, respetivamente, mostras coletivas de artistas da região e trabalhos de alunos da escola Mário Beirão, que refletem sobre a arte azulejar. O “Diário do Alentejo” falou com Jorge Serafim, presidente da ADPBeja, entidade organizadora.
Qual a ideia que une as várias criações destas duas exposições? Pretende-se, com esta iniciativa, desafiar artistas plásticos e a comunidade escolar a criarem peças inspiradas na arte azulejar de Beja. “Reflexos” e “Azulejar com arte” são as visões, as influências e as criações de cada um dos intervenientes, a partir do mote. Dezasseis artistas/criadores e muitos alunos e professores responderam afirmativamente.
Recupera esta exibição a ideia do historiador Florival Baiôa acerca da necessidade de um maior protagonismo desta arte na cidade, dada a sua relevância? A vontade de enaltecer, descodificar, valorizar e partilhar este enorme património, que nos atravessa em mais de cinco séculos de história, foi, de facto, uma vitória do historiador bejense, que imaginou esta iniciativa. Imbuída, deste espírito, a equipa que constitui os órgãos sociais da ADPBeja, empenhou-se profundamente para que a Festa do Azulejo de Beja retomasse o seu lugar no panorama cultural do concelho e empenhar-se-á para que cresça, com maior diversidade de iniciativas.
É a história da arte azulejar de Beja um diamante por lapidar, do ponto de vista da atratividade turística e da preservação da memória? A identidade é o maior fator de atração turística que uma terra poderá ter. Quem nos procura quer saber quem somos. A arte azulejar é um documento de todos os períodos históricos que atravessámos. Reveste-se de muitas tipologias e naturezas, como um retrato vivo que materializa (se bem cuidado) uma longa história contínua, que nos potencia um futuro promissor.
Quais as iniciativas que a ADPBeja quer ver desenvolvidas no âmbito da arte azulejar? Vamos melhorar a festa do azulejo, continuando a desenvolver com as escolas uma série de manifestações artísticas e sociais em torno deste património, desafiando autores da cidade a escreverem contos, a partir da simbologia e dos motivos dos painéis azulejares e dinamizando e alargando os roteiros pelos monumentos que contêm arte azulejar. Depois de avaliarmos esta edição começaremos a preparar a próxima. Muitas ideias surgirão.
O que mais gostaria que esta exposição conseguisse transmitir a quem a visita? Estas exposições sensibilizam para a preservação da arte azulejar de Beja e estabelecem pontes, recuperando o entendimento e a paixão pelo que somos. Temos várias valências que nos podem valorizar. Não somos só o maravilhoso cante alentejano, temos outras músicas e outras correntes artísticas, além de um património físico e humano que nos deve acrescentar valor, memória e orgulho. José Serrano