Diário do Alentejo

“Uma oportunidade incrível para celebrarmos a nossa cultura”

26 de abril 2025 - 08:00
John Romão é o diretor artístico do “Évora_27”
Foto | Bruno SimãoFoto | Bruno Simão

John Romão, 41 anos, natural de Almada

 

Diretor artístico, programador cultural e encenador. Fundador e diretor artístico da BoCA – Bienal de Artes Contemporâneas, em Lisboa, desenvolveu projetos artísticos nacionais e internacionais nos domínios das artes performativas, artes visuais, música e cinema. Fundador do Futurama – Ecossistema Cultural e Artístico do Baixo Alentejo, lecionou como professor convidado na Escola Superior de Teatro e Cinema e na Escola Superior de Dança. Com família alentejana, passou parte da infância e adolescência entre Castro Verde, Beja e Almada.

 

John Romão tomou posse, no dia 22, como diretor artístico da Associação Évora 2027, entidade promotora da cidade como “Capital Europeia da Cultura”.

 

Pode-nos abrir um pequeno postigo do que deverá ser a “Capital Europeia da Cultura”, em Évora, em 2027?

“Évora 27 – Capital Europeia da Cultura” deve ser uma plataforma que celebra a riqueza do território, promovendo a criatividade, a experimentação artística e o intercâmbio cultural entre o Alentejo e o mundo. O conceito de “vagar”, que guiará a nossa programação, permite diluir fronteiras entre tradição e contemporaneidade, passado e futuro. Queremos envolver todas as pessoas neste processo de construção de um futuro cultural mais sustentável e inclusivo, para que Évora se torne um farol de resiliência e criatividade.

 

Considera que esta experiência cultural, que envolve as quatro comunidades intermunicipais do Alentejo, pode constituir-se como reflexão do “povo alentejano”, destacando as suas semelhanças identitárias, aproximando mais as regiões deste território?

Absolutamente. Permite promover a união e a diversidade do território, destacando o que cada sub-região tem de único e que alimenta o imaginário dos artistas e das populações. Essa aproximação celebra o que nos une e permite uma maior escuta e interação em relação aos desafios que o Alentejo e a Europa enfrentam. E contribuiu para posicionar o Alentejo como um território cultural coeso e dinâmico no cenário nacional e internacional. Estou confiante no impacto positivo que um diálogo mais inclusivo e representativo pode trazer para a região.

 

“Évora_27” baseia-se no modo cultural “de ser e de estar alentejano”. Chegou o momento de a região dar a conhecer ao mundo os deleites do vagar?

É uma oportunidade incrível para celebrarmos a nossa cultura e a profunda ligação ao universo, à natureza, ao cuidado e à comunidade. O Alentejo oferece uma rica matéria-prima para refletirmos sobre os desafios contemporâneos que enfrentamos. É uma experiência que ultrapassa estereótipos e superficialidades. Inspira novas formas de compreender e viver a cultura e o nosso tempo.

 

Recentemente, o “Público” publicou uma peça, no âmbito do “Évora_27”, referindo que os últimos dois anos têm sido marcados por atrasos, “mudanças organizativas e dúvidas sobre o financiamento”. A um ano e meio do início das festividades, vamos a tempo de alcançar um inequívoco sucesso?

“Évora_27” fará tudo o que for possível para alcançar os seus objetivos e impactar positivamente. Apesar dos desafios que enfrentamos, acredito que temos uma equipa dedicada e apaixonada, comprometida em superar as adversidades, uma resiliência que também é muito alentejana.Com o apoio de todos os parceiros, das comunidades artísticas e da população, e de outras entidades que se venham ainda a juntar a esta missão, acredito que conseguiremos criar uma experiência memorável que perdure a longo prazo. Tenho plena confiança de que “Évora_27” será um marco significativo na história cultural da região.

 

José Serrano

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