“Não quero criar qualquer rivalidade com a parte religiosa, mas, do ponto de vista mais profano, o cortejo histórico e etnográfico é o momento mais importante das festas de Serpa, [não só] pelas pessoas que chama de todo o lado, mas também pelo repositório etnográfico daquilo que são os costumes, as tradições, o modo de vida das nossas populações e de alguns momentos históricos importantes do concelho”, começa por explicar, ao “Diário do Alentejo”, o presidente da Câmara Municipal de Serpa, João Efigénio.
O evento, incluído desde 1979 nas tradicionais Festas em Honra de Nossa Senhora da Guadalupe, assume-se como “uma das principais atrações do programa”, recordando “quadros locais” e “a história, a etnografia e o património construído”.
Nos últimos anos, ao nível histórico, os quadros que têm saído à rua evocam as épocas romanas e islâmicas, a primeira conquista cristã de Serpa, os besteiros do conto, as cortes de Coimbra, o foral manuelino à vila, a Guerra da Sucessão de Espanha, as invasões francesas, a praça da jorna e figuras serpenses emblemáticas, como o abade Correia da Serra, o conde de Ficalho e os jornalistas da revista “A Tradição”.
Por sua vez, em relação à etnografia do cortejo, tem sido possível reviver ofícios tradicionais desaparecidos ou em risco, como os sapateiros, os oleiros, os abegões, os amola-tesouras, os ferreiros, os ferradores, as costureiras e os alfaiates, assim como lembrar os trajes tradicionais, o cante, as festas e os jogos populares.
A edição desde ano, agendada para domingo, dia 20, às 16:00 horas, conta com 40 carros alegóricos e 700 figurantes, estando, por isso, as expectativas “sempre altas”. “As expectativas são sempre altas, até porque neste ano temos algumas modificações no cortejo que o tornarão mais atrativo e dinâmico, mas que não vou revelar para ‘criar água na boca’. Estamos a ver como é que estão as condições atmosféricas, que é o que nos pode defraudar as expectativas, mas acreditamos que vamos ter uma tarde boa e um grande cortejo com milhares de pessoas a assistir”, assegura o autarca.
O 43.º cortejo histórico e etnográfico tem início no parque de máquinas da câmara municipal, seguindo pelas ruas Dr. Palma Santos, Dr. Eduardo Fernandes de Oliveira, alameda Abade Correia da Serra, ruas do Calvário, Nova e dos Lagares, terminando, passado umas horas, na rua dos Arcos.
Ana Filipa Sousa de Sousa