Diário do Alentejo

“Um livro sobre escolhas de vida e liberdade”

12 de abril 2025 - 08:00
Ana Cláudia Santos, autora de Lavores de Ana

Ana Cláudia Santos, 41 anos, natural de Lisboa

 

É escritora e tradutora. Passou a infância na Cruz de Pau (Seixal) e a adolescência em Beja. Viveu em Nápoles e em Pisa. É doutorada em Teoria da Literatura pela Universidade de Lisboa. Traduziu, entre outros, Italo Svevo, Carlo Levi, Alba de Céspedes e Natalia Ginzburg. Publicou contos nas revistas “Ficções”, “Callema”, “Forma de Vida” e “Granta em Língua Portuguesa” e, em 2022, o seu primeiro livro, A Morsa – Contos de Inocência e de Violência. 

 

Foi recentemente apresentado o livro Lavores de Ana, da autoria de Ana Cláudia Santos, autora que com esta obra se estreia na ficção longa.

 

Como nos apresenta este seu livro?É a história de uma mulher portuguesa chamada Ana entre duas cidades, Nápoles e Lisboa, e entre duas idades, o final da juventude e o início da idade adulta. É um livro sobre escolhas de vida e liberdade, sobre enamoramentos e o amor a uma língua. E é também um livro que descreve uma educação sentimental.

 

Decorrendo a história entre Lisboa e Nápoles, destaca esta obra a importância da viagem, do descobrimento para lá da zona de conforto?

Penso que o livro problematiza a ideia de que a zona de conforto se encontra em casa, mostrando que, pelo contrário, podemos fazer descobertas dentro ou fora de casa, isto é, com ou sem viagem. A protagonista viaja para Nápoles em dois momentos diferentes da sua vida e regressa sempre ao sítio a que aprendeu a chamar casa. Na verdade, que esse sítio se chame Lisboa talvez não seja essencial.

 

Entre uma cidade e outra transporta a protagonista algo de “Alentejo” no desenrolar deste livro?

Há um capítulo do livro, o capítulo do meio, em que a narrativa decorre no Alentejo – e é absolutamente decisivo que decorra aí. Embora nunca seja nomeado, qualquer leitor identificará o Alentejo pela descrição. Além disso, em vários momentos do livro, é estabelecida uma relação entre o sul de Itália e o sul de Portugal.

 

Tendo a autora e protagonista da obra o mesmo nome indicia esta evidência uma auto-observação passível de ser romanceada?

O título do livro remete para o nome de uma revista espanhola de bordados, “Las labores de Ana”, e pareceu-me uma coincidência divertida. Por outras palavras, existe um elemento lúdico inegável no facto de a protagonista do livro e a sua autora terem o mesmo nome. Quanto à relação entre verdade biográfica e verdade romanceada, diria que o livro é uma ficção livremente inspirada em alguns factos da minha vida, como, de resto, em maior ou menor grau, todas as ficções.

 

Qual o sentimento que vivenciou após ter colocado o ponto final neste seu trabalho?

Era um livro que eu queria muito escrever. Fiquei feliz quando o terminei, e comecei logo a pensar noutras coisas.

José Serrano

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