Diário do Alentejo

“Chamamos aeroporto de Beja, mas, na verdade, é uma base aérea” militar

21 de fevereiro 2025 - 10:00
Governo não exclui aproveitamento civil, mas dá prioridade à vertente militarFoto| Ricardo Zambujo

O Governo considera que o aeroporto de Beja “é essencial para a Força Aérea e, neste momento, central para a formação” de pilotos e outros especialistas. Sem, no entanto, pôr em causa futuros investimentos “na parte civil”, o secretário de Estado das Infraestruturas lembrou que o País vai ter de “reforçar o investimento em Defesa” e este equipamento militar fará “parte disso”.

 

Texto | Aníbal FernandesFoto | Ricardo Zambujo

 

No passado dia 12, durante uma audição no Parlamento na Comissão de Economia, Obras Públicas e Habitação, com as presenças do ministro das Infraestruturas, Miguel Pinto Luz, e do secretário de Estado das Infraestruturas, Hugo Espírito Santo, este último, respondendo a questões colocadas pelos deputados eleitos por Beja, Gonçalo Valente (PSD) e Nelson Brito (PS), referiu que “chamamos aeroporto de Beja, mas, na verdade, é uma base aérea” e, como tal, as questões levantadas “envolvem mais o Ministério da Defesa do que o Ministério das Infraestruturas”.

Na questão que colocou, Gonçalo Valente referiu o triângulo Sines/Alqueva/aeroporto, que é “estruturante e poderá dar um grande impulso à região”, e Nelson Brito (ver edição anterior do “Diário do Alentejo”) lembrou que estão disponíveis 35 hectares adjacentes ao aeroporto que poderiam ser utilizados para a expansão do mesmo e para a criação de um parque empresarial.

Na resposta, Hugo Espírito Santo disse que aquela “é uma base essencial para a Força Aérea Portuguesa (FAP) e, neste momento, é a base central para a formação de pilotos”, acrescentando que o Governo sabe que “temos de ser capazes de reforçar o nosso investimento em Defesa e, portanto, parte disso implica que a FAP tenha as suas bases”, revelando, no entanto, que o seu ministério está “a trabalhar com a FAP para continuar a investir na parte civil e a avaliar com o Ministério da Economia a possibilidade de criar atividade económica em torno do polo que é a Base Aérea de Beja”.

 

IP8 e A26 Na sua intervenção, Gonçalo Valente considerou que o Baixo Alentejo tem sido, “ao longo dos anos, esquecido e abandonado, onde as obras consideradas estruturantes demoraram décadas a serem concretizadas”.

O deputado do PSD considerou positivo o avanço nas obras de requalificação e melhoramento do IP8, mas considerou-as “redutoras”, referindo que “esta intervenção não pode, de forma alguma, hipotecar, pôr em causa ou impedir aquela que é a obra estruturante e poderá dar um grande impulso à nossa região e ao eixo estratégico Sines/Alqueva/aeroporto”, concluindo que “falta concretizar um lance de 34 quilómetros da A26”, para ligar a capital do distrito à rede de autoestradas nacional.

A este propósito, Hugo Espírito Santo revelou que o Ministério das Infraestruturas está a definir “uma estratégia para a rodovia” e irá propor em Conselho de Ministros “um conjunto de investimentos prioritários”, no qual se inclui a A26.

Questionado sobre como o Governo pretende financiar estas obras, o secretário de Estado das Infraestruturas não deixou de parte a possibilidade de concessionar novos troços e criticou a União Europeia, que acusou de “pensamento maniqueísta”, considerando que “não faz sentido não investir na rodovia”.

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