Um novo centro de alojamento de emergência social (CAES 2.0), destinado a pessoas em situação de desproteção, vai ser instalado em Beja, mediante protocolo assinado entre a Segurança Social e a associação Estar.
Texto | Nélia PedrosaFoto | Ricardo Zambujo
O “Diário do Alentejo” (“DA”) apurou que o Instituto da Segurança Social vai protocolar com a associação Estar um centro de alojamento de emergência social (CAES 2.0), que ficará instalado no edifício que alberga o espaço comercial Casa Ribeiro, na rua da Infantaria, na cidade de Beja. O “DA” tentou obter esclarecimentos junto do diretor do Centro Distrital de Beja da Segurança Social, Ivã Marinheiro, mas tal não foi possível até ao fecho da presente edição. Fonte da Segurança Social, conhecedora do processo, avançou, no entanto, ao “DA”, que o protocolo deverá ser assinado em breve.
Entretanto, em declarações à “Voz da Planície” em meados de janeiro, Madalena Palma, diretora-geral da Estar, adiantava que estavam, em conjunto com uma empresa privada e com o Centro Distrital de Beja de Segurança Social, “a trabalhar num projeto muito inovador, que vai beneficiar toda a resposta de emergência social em todo o distrito e vai colocar Beja no mapa na emergência social nacional, sem dúvida”. Uma resposta “atípica”, necessária, considerando “a atual conjuntura”, que “vai ficar disponível entre setembro e outubro deste ano”. “Estamos a falar de uma resposta de um edifício, com alojamento de emergência, a nível nacional, mas que vai dar uma resposta local, e com equipas de intervenção no terreno, ou seja, aquele trabalho que nós estamos a fazer diariamente, as 24 horas, mas com uma equipa mais vasta, mais multidisciplinar no terreno, para resolver”, referia na ocasião. Recorde-se que em novembro de 2023 o “Diário do Alentejo” noticiou que a Estar tinha em processo de aprovação um projeto, no valor de 1,5 milhões de euros, para a construção de um centro de apoio temporário para pessoas em situação de sem-abrigo, informação essa que, no entanto, não chegou a ser confirmada pela diretora-geral da associação.
De acordo com a Segurança Social, o CAES 2.0 “assume-se como uma resposta de emergência composta por um centro de acolhimento de emergência e uma equipa de outreach, incluído num consórcio de entidades locais, com o intuito da criação de sinergias territoriais que, agregando esforços, fiquem capacitadas para uma resposta mais integrada e de maior qualidade”. A equipa de outreach constitui-se “como uma equipa técnica pluridisciplinar que fazendo parte da equipa técnica do CAES 2.0 intervém para além do espaço físico do centro, indo ao encontro da pessoa no local onde esta se encontrar (por exemplo, rua, casa própria, esquadra, etc.), avaliando e respondendo às necessidades mais prementes da pessoa ou família”. Ou seja, o CAES 2.0 destina-se “a pessoas ou famílias em qualquer situação aguda e imprevista, que é estimada como ameaçadora e coloca as mesmas em situação de perigo e desproteção, decorrentes da ausência de condições mínimas de subsistência e exigindo uma resposta imediata” – à semelhança da resposta CAES – e, ainda, “a pessoas que se encontram no seu domicílio, na rua ou que estão em trânsito e que, não necessitando de ser alojadas no CAES, beneficiam de um ‘encontro terapêutico’ com a equipa, de transporte e/ou de uma permanência temporária nas instalações”.
Atualmente a cidade de Beja já detém um CAES, cujo protocolo de compromisso para a prestação de emergência social entre o Instituto da Segurança Social e a Cáritas Diocesana de Beja foi assinado em maio de 2023. O centro, instalado na antiga Casa do Estudante, tem protocoladas 30 vagas. Até então o distrito de Beja era o único do País sem este tipo de estrutura.