Uma nova proposta de orçamento vai ser discutida na reunião do executivo da Câmara Municipal de Beja no próximo dia 19. Nesta semana, Paulo Arsénio reuniu-se com as oposições para apresentar o documento, mas ainda não foi desta que saiu “fumo branco”.
Texto | Aníbal Fernandes
Paulo Arsénio diz não estar “nem otimista, nem pessimista” quanto à aprovação do orçamento da Câmara Municipal de Beja para 2025. “Estava muito otimista quando apresentámos o outro orçamento”, diz o presidente da autarquia, revelando que durante as reuniões que manteve, nesta semana, com Vítor Picado (CDU) e Nuno Palma Ferro (coligação Beja Consegue), “não foram apresentadas contra-propostas” pela oposição.
Nuno Palma Ferro disse ao “Diário do Alentejo” que foi confrontado com “algumas promessas”, nomeadamente, no que se refere a um centro de acolhimento para imigrantes, um dos temas que, pela ausência, o levaram a votar contra a proposta inicial.
O vereador da coligação liderada pelo PSD diz que agora é tempo de, internamente, “discutir, analisar e avaliar o impacto” que a nova proposta poderá ter e, de seguida, decidir o sentido do voto.
Recorde-se que, há cerca de um mês, Nuno Palma Ferro criticava a “falta de uma estratégia minimamente delineada para resolver o problema dos imigrantes”, considerando que o executivo ignorava esta situação. “São necessárias respostas sociais e a criação de uma estrutura” que dê resposta a este problema, defendeu na altura, admitindo que “leva tempo, custa dinheiro e, provavelmente, vamos cometer alguns erros, mas temos de fazer qualquer coisa”.
Para Vítor Picado, a proposta agora apresentada “não alterou substancialmente” aquela que foi chumbada em dezembro. O vereador da CDU diz que foram “ouvidos”, mas que não foram à reunião “para participar num leilão”. Na posse do novo documento, segue-se um período de análise com os membros da assembleia municipal e das juntas de freguesia eleitos pela CDU, após o qual o sentido de voto será decidido.
Os pontos que afastaram a CDU da proposta do executivo do PS prendiam-se, no essencial, com o valor previsto das verbas a transferir para as freguesias, a estratégia local de habitação (ELH) e a possível “concessão dos serviços de limpeza a privados”. No entanto, o vereador comunista mostrava-se “disponível para algumas convergências”, considerando que “o problema não é o dinheiro, mas a falta de estratégia”.
Na altura, em resposta às críticas apresentadas pela oposição, Paulo Arsénio negou ter a intenção de privatizar os serviços de limpeza e referiu que o aumento previsto para as verbas transferidas para as freguesias “é superior à inflação e representa 460 mil euros a mais do que em 2024”, totalizando cerca de 2,3 milhões de euros. Quanto à questão da imigração, o presidente da câmara reconheceu estar-se perante uma “emergência social”, em que o município tem uma palavra a dizer, mas defendia que a responsabilidade principal pertencia ao Estado central.
O autarca de Beja, na terça-feira, em declarações ao “Diário do Alentejo”, referiu ainda que a lei obriga a que “a câmara elabore e remeta à assembleia municipal” o orçamento anual, abrindo a possibilidade, sem no entanto a admitir neste caso, a que o documento, mesmo chumbado no executivo, possa ser discutido na assembleia.