Portugal, Etiópia, Dinamarca, Hungria, Suíça, Itália, Israel, Palestina, Moçambique ou Equador são parte dos países de origem dos cerca de 80 presépios, dos “quase 100” em acervo, visitáveis no átrio da Escola Superior Agrária, do Instituto Politécnico de Beja (IPBeja), no âmbito de uma mostra da responsabilidade do Museu Botânico.
Texto | Ana Filipa Sousa de SousaFoto | Ricardo Zambujo
A coleção de presépios do Museu Botânico do IPBeja iniciou-se há uma década pelas mãos do atual diretor, Luís Mendoça de Carvalho, face à necessidade “de mostrar como os seres humanos podem, em diferentes contextos culturais, com diferentes matérias-primas [de origem vegetal], fazer obras de arte interessantes”. A mostra foi crescendo e, nos dias de hoje, são “quase 100” os presépios que se encontram disponíveis nas vitrinas do museu, no átrio da Escola Superior Agrária e no acervo da instituição.
“Há muitas pessoas que colecionam presépios, é uma atividade relativamente comum, e nós pensámos em criar uma coleção de presépios baseada em produtos de origem vegetal e fomos comprando, não só aqui em Portugal, mas também tentando fazer uma coleção mais universal”, explica o diretor ao “Diário do Alentejo” (“DA”).
De momento, a maior parte deste espólio – 80 objetos – está exposto no átrio da Escola Superior Agrária, permitindo que os alunos, docentes e visitantes tenham contacto com 37 materiais diferentes oriundos de 24 países, incluindo mirra da Etiópia e ouro e incenso de Omã.
Segundo Luís Mendonça de Carvalho, a exposição, além de dar a conhecer a riqueza que o Museu Botânico acolhe, surge também como forma de passar conhecimento a quem a visita, uma vez que, por exemplo, “a maior parte das pessoas não conhece que há uma substância tirada de sementes de plantas que pode ser usada para fazer pequenos objetos que substituem o marfim dos elefantes”, ou seja, o chamado marfim-vegetal proveniente do Equador.A mostra, patente até 6 de janeiro de 2025, e que mais tarde dará lugar a outra sobre o artesanato português, é ainda, segundo Luís Mendonça de Carvalho, um “complemento” das aulas lecionadas na instituição, à semelhança do que acontece com todas as coleções do acervo.
“Os objetos do museu não são utilizados para o museu, mas, sim, para as aulas, [ou seja], são complementos da aula. Nós quando lecionamos os cursos temos sempre a preocupação de ter objetos de tudo o que falamos, porque é muito diferente estar a falar dos tipos de café e estar a ver os diferentes tipos de café. Há uma diferença entre ver o quadro e ver uma reprodução do mesmo em catálogo, e nós tentamos sempre [que os alunos] vejam os quadros”, refere.
A riqueza do museu Fundado em outubro de 2002, o Museu Botânico do IPBeja conta atualmente com “cerca de 2500 objetos” divididos em coleções de especiarias, artesanato português, corantes e fibras, presépios de origem vegetal e gomas e resinas.
“Tentamos não só ir criando coleções cada vez mais completas, mas também criando coleções completas com objetos que são significativos, ou seja, que depois possam ser usados para contar uma história, porque os objetos são muito mais ricos se houver uma história. Mesmo em termos educativos é muito mais rico quando se enquadra aquele objeto numa narrativa até para a pessoa o fixar melhor”, refere Luís Mendonça de Carvalho.
O acervo, visitável no museu e guardado num repositório, tem ainda na sua posse “mais ou menos 2000 fotografias”.“Quando digo fotografias refiro-me a fotografias históricas com 60 ou 80 anos, [por exemplo] ligadas à colheita de morangos na Califórnia em 1925, porque muitas das plantas que nós usamos vieram de fora e é interessante vermos essa relação geográfica”, conclui o responsável.