Diário do Alentejo

Parque Mineiro de Aljustrel com feedback “muito positivo”

15 de dezembro 2024 - 08:00
Equipamento recebeu 11 mil visitantes no primeiro ano
Foto | Ricardo ZambujoFoto | Ricardo Zambujo

O balanço do primeiro ano de funcionamento do Parque Mineiro de Aljustrel é “muito positivo”, frisa o coordenador do equipamento municipal, que destaca como projetos a desenvolver em 2025 a criação do centro interpretativo da ferrovia mineira, a aquisição de três carrinhas elétricas de passageiros e a adaptação do ramal ferroviário para fins turísticos.

 

Texto Nélia PedrosaFoto Ricardo Zambujo

 

O Parque Mineiro de Aljustrel recebeu no seu primeiro ano de atividade – assinalado a 4, Dia de Santa Bárbara, padroeira dos mineiros – 11 mil visitantes, um número que ultrapassou “os objetivos quantitativos definidos [10 mil]”, revela o coordenador do equipamento municipal ao “Diário do Alentejo”, adiantando que o balanço é “muito positivo”. Mas ainda que sejam números que deixam a câmara municipal “muito satisfeita”, Marcos Aguiar sublinha que o que “interessa é, de facto, o feedback de quem visita o parque”. “Estamos a falar dos visitantes que passam por Aljustrel e que pernoitam na nossa hotelaria e no nosso alojamento local, comem nos nossos restaurantes, consomem no nosso comércio, mas também, e até principalmente neste primeiro ano, das pessoas do concelho, porque o parque mineiro, no fundo, presta homenagem à nossa identidade mineira, aos mineiros e às suas famílias que há cinco mil anos exploram o recurso geológico. E, nesse sentido, o feedback que temos tido, nomeadamente, das pessoas de Aljustrel – quase todas ou diria todas – tem sido muito, muito positivo”. Reforçando que o parque mineiro “é muito acarinhado”, o responsável frisa que “há famílias naturais de Aljustrel”, mas que já não residem na vila, “que trazem os filhos, os netos, os amigos para visitarem o parque”, o que permite, também, reativar ou criar “novos laços”.

Considerando o perfil dos visitantes (ver caixa) e as suas solicitações, o plano de atividades para o próximo ano prevê “a adequação da oferta a públicos muito concretos”, nomeadamente, “aos públicos escolares”, uma vez que o parque mineiro tem recebido “muitas escolas, muitas visitas organizadas”. Marcos Aguiar esclarece, no entanto, que se pretende “evoluir para uma visita não tanto de cariz turístico, mas de cariz educativo/ /pedagógico”, no sentido de o equipamento assumir o papel “de recurso educativo ao serviço da região e do País, designadamente, no domínio da geologia, a ciência central associada ao processo de mineração”. Pretende-se, ainda, criar a Casa do Mineiro, “uma casa museu que nascerá no bairro de Vale D´Oca”, que “vai ser adaptada à época, provavelmente, a meados do século XX”, dar continuidade a iniciativas como “Geólogo por um dia”, em colaboração com o Laboratório Nacional de Energia e Geologia, e “Mineiro por um dia”, com a Academia Portuguesa de Formação Industrial, assim como promover “atividades de dimensão cultural”, à semelhança do que já aconteceu neste primeiro ano.

No âmbito dos projetos “com investimento mais significativo”, Marcos Aguiar destaca a criação do centro interpretativo da ferrovia mineira, que foi “objeto de uma candidatura ao Turismo de Portugal, já aprovada”, pelo que se prevê que o projeto, orçado em cerca de 74 mil euros (+IVA) comece a ser executado “ainda durante este mês”, uma vez que “terá de estar concluído até ao final de março”, e a aquisição de três carrinhas elétricas de passageiros, num investimento de cerca de 142 mil euros (+IVA), que permitirão “alargar os percursos a outros pontos de interesse, já que, neste momento, são feitos, essencialmente, a pé”.

 

Ecopista ligando Aljustrel ao Carregueiro

 

Outro dos projetos “com investimento avultado”, ainda que os valores não estejam definidos, é a criação de uma ecopista ligando Aljustrel ao Carregueiro, com uma extensão de oito quilómetros, num traçado coincidente com a atual linha ferroviária, já desativada. “Estamos a falar de uma série de quilómetros de intervenção que não tem garantia de financiamento neste momento. O que temos são conversações muito avançadas com as Infraestruturas de Portugal, que têm muito interesse no projeto e querem inclui-lo na Rede Nacional de Ecopistas. Mas depois há a questão do investimento. A ecopista só será possível se a conseguirmos cabimentar”, esclarece, adiantando que o projeto “poderá incluir, ainda, a reativação da linha, através de algum tipo de veículo”, dado o seu “enorme valor histórico e patrimonial”.

 

App Parque Mineiro de Aljustrel

 

Na cerimónia do dia 4 foi, ainda, dada a conhecer a app Parque Mineiro de Aljustrel, já em funcionamento, “uma das primeiras aplicações de smart tourism (turismo inteligente) em Portugal”. De acordo com a autarquia, esta aplicação para dispositivos móveis “é mais uma ferramenta ao serviço de todos, potenciando-se ainda mais este destino e tornando-o cada vez mais acessível”, uma vez que “permite também a pessoas com deficiência retirar uma melhor experiência da visita, auxiliando, por exemplo, na identificação de locais e na comunicação para pessoas com lacunas auditivas”.

Para além de dar conteúdos sobre o parque, em diferentes línguas, através de audioguias, “tem a vertente de realidade aumentada e contém ainda informações de outros pontos turísticos, mapeando os principais sítios de interesse no concelho, bem como restaurantes, alojamentos, entre outros, facilitando a visita a quem procura este território”.

Marcos Aguiar sublinha que a app permite que “os visitantes possam fazer grande parte dos percursos sem o apoio dos guias, de forma autónoma”, e considera que os audioguias, em português, inglês e espanhol, “são importantíssimos quando se almeja a ter um turismo que vá para além das fronteiras do País”. O responsável afirma, no entanto, que não se pertente “basear a visitação no telemóvel”, reforçando que “passa a ser mais um recurso”.

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