A cerca de um ano das eleições autárquicas de 2025, as máquinas partidárias começam a movimentar-se no sentido de definir estratégias e traçar objetivos. No distrito de Beja o mapa apresenta apenas duas cores, com o Partido Socialista a pintar de cor de rosa 10 dos 14 municípios. São apenas dois os concelhos onde os atuais presidentes de câmara não se podem recandidatar devido à lei de limitação de mandatos. Mas as novidades com os cabeça-de-lista dos partidos no poder não se ficam por aqui.
Texto | Aníbal Fernandes
Segundo o que o “Diário do Alentejo” apurou, e noticiou em primeira mão no início desta semana – informação entretanto confirmada pela CDU na passada quarta-feira, 11 –, João Dias é o nome escolhido pelos comunistas para encabeçar a lista que vai concorrer às Autárquicas do próximo ano em Serpa, concelho de onde é natural. O ex-deputado do Partido Comunista Português (PCP), licenciado em Enfermagem, de 51 anos, substitui, assim, o atual presidente da câmara daquela cidade da margem esquerda, João Palma Efigénio, que não se recandidata por decisão própria.
Em Almodôvar, já é público que a vereadora Ana Carmo irá ocupar o lugar cimeiro da lista do PS à câmara municipal, lugar esse que nas últimas três eleições autárquicas foi de António Bota que, agora, não se pode recandidatar devido à lei de limitação de mandatos.
Na semana passada foi anunciado que, no mesmo concelho, o PSD vai apresentar como cabeça de lista ao executivo municipal José Tadeu Freitas, licenciado em Gestão e dirigente da Cruz Vermelha Portuguesa, em Beja, entre 2001 e 2019. O nome foi escolhido pela assembleia-geral da Comissão Política da Secção de Almodôvar e irá ser aprovado pela Comissão Política Distrital de Beja do partido.
Estão assim dados os primeiros tiros de partida na corrida para as Autárquicas de 2025, que se realizarão em setembro ou outubro do próximo ano. Para além do já citado António Bota, que acumula a presidência da Câmara Municipal de Almodôvar e a do conselho intermunicipal da Comunidade Intermunicipal do Baixo Alentejo (Cimbal), apenas mais um presidente em exercício está impedido de concorrer novamente ao lugar: João Português, no concelho de Cuba.
A este propósito, Nelson Brito, presidente da Federação Regional do Baixo Alentejo do Partido Socialista (PS), disse ao “Diário do Alentejo” que se cumprirá a “regra de âmbito nacional” em vigor no partido e que aponta para que “os presidentes eleitos se recandidatem se estiverem disponíveis” para isso.
Para já, o responsável distrital do PS, e também deputado, diz que “o processo de auscultação das concelhias e militantes está a decorrer” de forma a reunir “as melhores listas” possíveis para atingir os objetivos traçados pelo PS e que passa, como disse o secretário-geral socialista, Pedro Nuno Santos, por “continuar a ser a primeira força política autárquica do País”.Também para o PCP, o período que atravessamos é de “auscultação dos organismos partidários”, mas com a intenção de se “tomarem decisões mais cedo do que no passado”, disse, ao “Diário do Alentejo”, Manuel Valente, membro da Direção da Organização Regional de Beja do PCP.
No entanto, o objetivo está desde já traçado e “passa por reforçar todas as posições ao nível de câmaras, assembleias municipais e juntas de freguesia”, com os olhos postos na “manutenção dos quatro concelhos do distrito de Beja onde a gestão é da responsabilidade do PCP”: Barrancos, Cuba, Serpa e Vidigueira. Contudo, os comunistas não negligenciam outras autarquias, nomeadamente, aquelas onde perderam por uma pequena diferença de votos (Beja, Moura e Aljustrel), que também são “prioridades”, diz o dirigente do PCP. Entretanto, também na passada quarta-feira, a CDU confirmou a candidatura de Vítor Picado à Câmara de Beja.
Por seu lado, o PSD, cujo coordenador autárquico é o deputado Gonçalo Valente, também já iniciou o processo para a escolha de nomes a incluir nas listas. “Há locais onde é mais fácil, mas todos os outros já estão encaminhados”, diz. É o caso de Beja, onde Nuno Palma Ferro repetirá a candidatura, numa lista que deve continuar a ser de coligação, “mesmo que com um ajuste ou outro”.O líder distrital do PSD diz que o partido tem “boas expectativas para Moura e Serpa” e alimenta a esperança de poder eleger um vereador em Barrancos. Quanto à sua recandidatura a Ourique, Gonçalo Valente diz que é uma “questão em aberto”, não descartando, no entanto, essa possibilidade.
No mesmo concelho, Marcelo Guerreiro, presidente da câmara desde 2015, ano em que substituiu Pedro do Carmo, continuará a encabeçar a lista do PS, recandidatando-se para um terceiro mandato (o período 2015-2017 não conta para a limitação de mandatos, iniciando-se a contagem nas Autárquicas de 2017).
Cenários idênticos acontecem com os socialistas em Beja, com Paulo Arsénio, Castro Verde, com António José Brito, Ferreira do Alentejo, com Luís Pita Ameixa, e Moura, com Álvaro Azedo, que concorrem para o terceiro mandato consecutivo. Recandidatando-se para um segundo mandato, pelo PS, encontram-se Hélder Guerreiro (Odemira), Carlos Teles (Aljustrel) ou Mário Tomé (Mértola).No que diz respeito às autarquias geridas pelo PCP, Rui Raposo deverá ser recandidato ao lugar em Vidigueira, o mesmo se passando com o autarca de Barrancos, Leonel Rodrigues.
Nas eleições autárquicas de 2021 o PS fez eleger, nos 14 executivos municipais do distrito de Beja, 41 vereadores, o que compara com os 29 da CDU, cinco do PSD (sozinho ou em coligação) e dois do Chega.