Diário do Alentejo

“O que falta é uma visão holística das demências, que permita atuar, em termos preventivos, desde o jardim-escola até ao final de vida”

12 de outubro 2024 - 08:00
Três Perguntas a Ana Soeiro, presidente da Associação Alémemória

A propósito da inauguração das novas instalações da Alémemória o “Diário do Alentejo” conversou com a presidente da associação, Ana Soeiro, sobre a relevância deste novo espaço no âmbito do trabalho desenvolvido pela associação, a importância de existir no território esta rede de apoio, bem como quais as principais necessidades que o Baixo Alentejo apresenta no que diz respeito ao tratamento adequado da doença de Alzheimer e de outras demências.

Texto | José Serrano

 

A Alémemória, que se destina a apoiar pessoas com doença de Alzheimer ou outra forma de demência e os seus cuidadores, inaugurou, recentemente, novas instalações em Beja. Qual a relevância deste novo espaço no âmbito do trabalho desenvolvido pela associação?

Este novo espaço, totalmente remodelado, situado na rua de Lisboa, foi cedido, benemeritamente, por João Luís Palma. A associação conta agora com um espaço próprio, com o propósito de servir a comunidade (pessoas com demência e cuidadores), através do desenvolvimento de diversas atividades: informação/aconselhamento/encaminhamento; ações de sensibilização para vários públicos; estimulação cognitiva, em grupo e/ou individual; musicoterapia; grupo/apoio aos cuidadores.

 

Como classifica a importância de existir no território esta rede de apoio?

Esta rede de apoio é constituída por vários elementos que fazem parte dos corpos sociais da associação e outros que a nós se juntaram entretanto. É de salientar que somos todos voluntários. É uma rede de apoio “informal”, que poderá ser complementar ao que existe na nossa região, nos serviços ligados à área da saúde, mas, aqui, numa vertente social/psicossocial/emocional e de capacitação. A missão da associação é contribuir para a melhoria da qualidade de vida das pessoas com demência e dos seus cuidadores, prestando, também, informações e esclarecimentos sobre questões gerais

 

Quais as principais necessidades que o Baixo Alentejo apresenta no que diz respeito ao tratamento adequado da doença de Alzheimer e de outras demências?

O tratamento das demências  está  assegurado, na nossa região, pela Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo (Ulsba) e por serviços privados de consultas especializadas. A Ulsba assegura, nos centros de saúde, uma resposta em rede,  constituída por equipas de cuidados de saúde primários e secundários, com as suas diferentes especialidades (saúde mental, neurologia). O que falta é uma visão holística das demências, que permita atuar, em termos preventivos, desde o jardim-escola até ao final de vida, tal como se faz em outros países. E isso só será possível através de uma mudança de comportamentos, quer sejam alimentares e/ou de estilos de vida – mantendo atividade intelectual constante, sobretudo, após a reforma, estimulando o convívio e as atividades partilhadas. Tudo isto não é apenas função da Saúde, mas, sim, da sociedade, enquanto um todo. É uma responsabilidade de todos nós, para nós próprios e para os outros.

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