Com uma magnitude de 5,3 na escala de Richter, o sismo, com epicentro a oeste de Sines, fez-se sentir em várias regiões do País, a exemplo do distrito de Beja. O abalo, que de acordo com o IPMA foi, em termos de magnitude, o décimo maior ocorrido em Portugal desde o século XVI, não causou danos pessoais ou materiais.
Texto | José Serrano*
O sismo que ocorreu em Portugal, na madrugada da passada segunda-feira, dia 26, registado às 05:11 horas, teve o seu epicentro a cerca de 60 quilómetros a oeste de Sines, tendo registado as estações da rede sísmica do continente uma magnitude de 5,3 na escala de Richter.
O abalo, que de acordo com a informação disponível, não causou danos pessoais ou materiais, fez-se sentir em várias regiões do País, a exemplo do distrito de Beja, registando, contudo, intensidade máxima na região de Sines, seguindo-se Setúbal e Lisboa. De acordo com o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), trata-se do décimo maior sismo ocorrido em Portugal desde o século XVI, em termos de magnitude.
Curiosamente, também no dia 26 de agosto de 1966, há 58 anos, a terra tremeu no continente, fazendo-se sentir o abalo, especialmente, na faixa costeira entre Porto e Sagres. O “Diário do Alentejo”, nesse dia, noticiava assim o ocorrido: “Hoje, pelas 06:55 horas, registou-se em Portugal um abalo sísmico de escassa duração e pouca intensidade, à escala de 3/4, mas que em Santiago de Cacém atingiu a escala 5. Em Beja, apesar da hora matutina, o fenómeno foi sentido por muitas pessoas, chegando a registarem-se algumas cenas de pânico mas sem quaisquer consequências a lamentar”.
O sismo desta segunda-feira fez recordar, ainda, a muitos, o tremor de terra ocorrido a 28 de fevereiro de 1969, com uma magnitude de 7,3 na escala de Richter, que atingiu o Sul do País e a região de Lisboa, “sendo o último grande sismo a ocorrer em Portugal Continental, e o mais importante do século XX, tendo em atenção a conjugação entre a magnitude e efeitos macrossísmicos”, segundo documento do IPMA. Com o epicentro localizado a 230 quilómetros a sudoeste de Lisboa, o abalo, que “provocou alarme e pânico entre a população, cortes na telecomunicações e no fornecimento de energia elétrica”, fez-se sentir violentamente na capital e na região do Algarve, onde “cerca de 400 casas foram derrubadas ou arruinadas”, tendo-se registado em Portugal Continental 13 vítimas mortais.
O “DA”, noticiava assim o tremor de terra, de há 55 anos, em Beja: “De um momento para outro, a cidade apesentava um aspeto de alarme, com as ruas e os largos cheios de uma gente intranquila, ainda não refeita do susto sofrido, e sem conhecer as consequências deste acentuado e duradoiro abalo sísmico. Aos serviços do hospital foram conduzidas várias pessoas, em estado de grande emoção, e os médicos locais tiveram também que atender muitas chamadas para doentes afectados por crises nervosas. Entretanto, os bombeiros voluntários logo começaram a percorrer a cidade (com carros equipado de rádio-telefone), para averiguar os efeitos produzidos pelo abalo, não tardando a concluir que não tinham caracter desastroso. Não havia vítimas pessoais e apenas em alguns prédios se notavam fendas e vidros quebrados”. Na edição do dia seguinte, 1 de março de 1969, o “DA”, informava que continuava a “receber notícias das cenas de pânico e dos momentos de grande sobressalto vividos pelas populações sul-alentejanas”, como consequência do sismo, dando conta da “queda de paredes, partes de telhado, beirais e chaminés”, em várias localidades do concelho. * com “LUSA”