A Infraestruturas de Portugal procedeu, recentemente, à contratação da empreitada de beneficiação do Itinerário Principal (IP) 8 entre Ferreira do Alentejo e Beja, num investimento de 33,6 milhões de euros. O presidente da Câmara de Ferreira do Alentejo diz que a obra “vai melhorar significativamente” a acessibilidade, mas reclama, contudo, a ligação da A2, nas proximidades de Santa Margarida do Sado, a Sines.
Texto | Nélia Pedrosa*Foto | Ricardo Zambujo
Luís Pita Ameixa, presidente da Câmara Municipal de Ferreira do Alentejo, considera que a obra de beneficiação do Itinerário Principal (IP) 8 entre Ferreira do Alentejo e Beja, adjudicada recentemente, “vai melhorar significativamente a acessibilidade” às referidas às localidades.
Em declarações ao “Diário do Alentejo”, o autarca sublinha, ainda, que esta obra “vem na sequência” de uma outra, “adjudicada anteriormente, entre Santa Margarida do Sado e Ferreira do Alentejo, com uma variante a Figueira dos Cavaleiros”, sendo que, no seu conjunto, as duas empreitadas representam um investimento de “cerca de 60 milhões de euros, 30 para cada uma, o que é muito significativo”.
Recorde-se que a Infra-estruturas de Portugal (IP) procedeu, recentemente, à contratação da empreitada de beneficiação daquele itinerário. De acordo com a empresa, citada pela “Lusa”, a obra de beneficiação do troço do IP8, com 22,5 quilómetros de extensão, atinge o valor de cerca 33,6 milhões de euros, financiados pela União Europeia, no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). O projeto vai ser construído entre a rotunda com a Estrada Regional 2 (ER2) em Ferreira do Alentejo e a rotunda com o IP2 em Beja.
O objetivo é “a reabilitação estrutural da via, promovendo a melhoria das condições de mobilidade, circulação e segurança no IP8”, indicou a Infraestruturas de Portugal, realçando que a empreitada “inclui ainda a construção de uma variante à localidade de Beringel, com 2,5 quilómetros de extensão”.
Ainda segundo a IP, o contrato será remetido para avaliação do Tribunal de Contas “a fim de obter o necessário visto prévio”.
Luís Pita Ameixa sublinha, no entanto, que se “trata de um melhoramento da estrada nacional atual”, não cumprindo, assim, o que está estipulado “no Plano Rodoviário Nacional”. “Do nosso ponto de vista, mais importante do que tudo seria agora a ligação da A2, no nó nas proximidades de Santa Margarida do Sado, a Sines, porque seria, do ponto de vista estratégico e do desenvolvimento regional, decisivo”. E reforça: “Sines, com o porto e a zona logística e industrial, pode ter uma influência [significativa] em termos económicos, e depois com a ligação ao aeroporto [de Beja]. Isso é que seria estrategicamente mais importante, portanto, o que falta é essa ligação. Não temos uma ligação a Sines, apesar de estarmos perto”.
Relembrando que o investimento destinado a fazer a “ligação de Sines à A2 por Santa Margarida do Sado” acabou por ser “desviado” pelo anterior governo para a ligação de Sines à A2, “mas entre Grândola e Alcácer do Sal”, Pita Ameixa frisa que, à semelhança do que a Câmara de Ferreira do Alentejo tem feito, “era preciso que mais forças vivas, digamos assim, e políticas do Baixo Alentejo” protestassem.
“Isso é grave, porque abandona uma grande quantidade de obras já feitas, nomeadamente, entre Sines e a A2. Há expropriações, terraplanagens, pontes…, quase que já só faltava pavimentar. Isto é abandonado com grave prejuízo para o erário público. E também é grave do ponto de vista estratégico, porque abandona-se uma opção de ligação litoral-interior, por uma opção de ligação litoral-litoral, contrária, aliás, àquilo que é o discurso que, muitas vezes, é feito por quem toma as decisões”, reforça.
O presidente da Junta de Freguesia de Beringel, por sua vez, também em declarações ao “DA”, afirma que a autarquia “vê com muito agrado”, apesar “dos atrasos”, a construção da variante à vila, “porque são centenas de camiões que atravessam Beringel diariamente e põem em perigo todas as pessoas que utilizam esta via”, para além “de as casas estarem mesmo junto à estrada”. “Hoje em dia, devido à tonelagem cada vez maior, temos muitos casos de camiões que entornam bagaço para cima das casas. A estrada está deteriorada porque já não está preparada para este tipo de trânsito e é muito importante para nós, acima de tudo, por motivos de segurança”, sublinha Vítor Besugo, apesar de admitir que “poderá não ser o ideal para quem tem restaurantes e comércio junto à estrada”. * Com “Lusa”