Testo | José Serrano
Iago Bebiano, 23 anos, natural de Coimbra
Nasceu em Coimbra, cresceu em Lagoa. Iniciou a prática da canoagem aos cinco anos, representando o Kayak Clube Castores do Arade. Aos 16 anos, em 2017, integrou a seleção nacional de canoagem, representando Portugal no Festival Olímpico da Juventude Europeia, na Hungria. Desde então, manteve-se na equipa nacional, conseguindo a sua primeira medalha internacional com um 3.º lugar no Campeonato da Europa de Velocidade de Juniores, em 2019, na República Checa. Tem vindo a preparar tripulações (K4 500m) com vista aos Jogos Olímpicos de 2028. É licenciado em Engenharia Informática. É, atualmente, campeão europeu de canoagem.
Iago Bebiano, com raízes familiares em Moura, conquistou, em parceria com Kevin Santos, a medalha de ouro no Campeonato Europeu de K2 200 metros de canoagem, realizado na Hungria, em junho.
O que sentiu ao ouvir, por sua “culpa”, o hino nacional?Ouvir o hino nacional traz sempre enorme emoção... Foi indescritível, um orgulho que não cabia no peito e uma felicidade tremenda.
Qual o trabalho que está por detrás dos cerca de 30 segundos de prova que o consagrou como campeão europeu?Estão horas e horas de treino intensivo e a comunicação e a química com o meu colega de equipa foram fundamentais. Estou na seleção nacional desde os 16 anos – são anos e anos dedicados à alta competição. Alimentação adequada, dormir cedo e ter uma vida social reduzida são parte integrante do processo. Todos estes sacrifícios culminam em resultados deste calibre, especialmente, num nível em que todos competem para vencer e moldam as suas vidas em torno desse objetivo.
Uma medalha de ouro na sua primeira competição nos seniores indicia que estamos perante o sucessor de Fernando Pimenta?Assumir-me como sucessor do atleta português mais medalhado de sempre seria pretensioso. Ele é especialista nos 1000 metros, enquanto eu sempre fui mais explosivo, com a minha distância predileta a serem os 200 metros. De qualquer forma, espero conseguir manter Portugal nos lugares mais altos do pódio, nos próximos anos, e que o Pimenta também continue a fazê-lo, até se “fartar”. Ele é uma verdadeira máquina, sem explicação.
Considera que a canoagem tem os apoios consentâneos com as muitas alegrias que a modalidade tem dado aos portugueses?A canoagem, tal como a maioria das “modalidades não futebol”, depende, quase exclusivamente, do orçamento do Comité Olímpico, já que a Federação Portuguesa de Canoagem tem recursos financeiros muito limitados. Isto significa que o apoio acaba por ser escasso, exceto para as distâncias olímpicas. Com isto quero dizer que, infelizmente, os apoios dados à canoagem não são, de todo, consentâneos com as muitas alegrias que a modalidade tem proporcionado.
É embaixador da Estação Náutica de Moura. Quais as potencialidades do concelho para o desenvolvimento da canoagem?A Estação Náutica de Moura veio revolucionar um plano de água que estava desaproveitado. Já foi demonstrado que a barragem é excelente para a prática de vela, nos dias mais ventosos, mas as condições climatéricas, ao longo do ano, são incríveis, também, para a canoagem. Acredito que, com esta infraestrutura, possam vir a emergir grandes atletas.
De que forma poderá contribuir para “criar” campeões canoístas mourenses?Espero que, com os bons resultados que procuro sempre alcançar, consiga motivar os mais novos a ingressarem na canoagem. Se possível, gostaria de combinar um treino com a malta mais nova, que se está a iniciar, para lhe dar umas dicas. Criar campeões mourenses será algo que demorará o seu tempo, mas os esforços feitos pela Câmara de Moura são, certamente, de louvar e espero que deem frutos.