Diário do Alentejo

A CEE e as “alterações ecológicas”

12 de julho 2024 - 08:00
50 anos de Abril

Texto Aníbal Fernandes

 

A expressão “alterações climáticas” ainda não era usada, mas já se andava lá perto. A Comunidade Económica Europeia (CEE) – a que Portugal viria a aderir em 1985 – preocupava-se, por estes dias, com a “dependência das importações em que se encontra a Comunidade Económica Europeia, no sector das matérias-primas energéticas” e que tinha duplicado nos últimos 12 anos, “atingindo mais de 60 por cento”.

A isto somavam-se “os problemas decorrentes dos efeitos da produção de energia sob as condições ambientais” que estavam a ser “objecto de estμdo intensivo por parte dos peritos competentes da CEE”.

Lia-se no “Diário do Alentejo”: “Num relatório publicado pela Comissão Económica Europeia e dedicado ao tema das alterações ecológicas provocadas pela crescente produção energética, em especial o que tange à poluição atmosférica através de dióxido de enxofre, partículas sólidas e anidrido carbónico bem como ao progressivo aquecimento das superfícies aquáticas (…) a parte mais essencial da poluição atmosférica ocorre em virtude da combustão de substâncias fósseis, como, por exemplo, carvão, petróleo e gás natural. Sabe-se, entretanto, que os óxidos e partículas sólidas resultantes dessa combustão são prejudiciais à saúde, se bem que não tenha sido ainda totalmente detectado o seu grau de nocividade”.

Hoje já muito mais se sabe sobre o assunto, e as alterações climáticas são notícia todos os dias, mas a União Europeia (EU), e o resto do mundo, teima em não tomar medidas que impeçam a queda no abismo.

*

Por cá, consumava-se a demissão do primeiro-ministro do primeiro (de seis) Governo Provisório que resultou da Revolução dos Cravos.

O “Diário do Alentejo” contava que Adelino da Palma Carlos, na terça-feira, 9 de julho, tinha apresentado “o seu pedido de demissão ao Presidente da República, general António de Spínola, do que resultou a primeira crise ministerial após o golpe de Estado do 25 de Abril”.

Na origem do pedido estaria uma série de “medidas de carácter imediato” que considerava indispensáveis para exercer as suas funções “com eficiência e com dignidade”.

Como o Conselho de Estado, no entanto, “resolveu apenas atender parcialmente as sugestões formuladas por Palma Carlos, negando o alargamento pretendido de poderes ao primeiro-ministro, o Chefe do Governo, considerando insuficiente a solução, decidiu-se a abandonar as funções que, em momento histórico, aceitara”.

Os ministros Francisco de Sá Carneiro (adjunto de Palma Carlos), tenente-coronel Mário Firmino Miguel (Defesa Nacional), Joaquim Magalhães Mota (Administração Interna) e Vasco Vieira de Almeida (Coordenação Económica), solidários com o chefe, também se demitiram.

 

Comentários