Diário do Alentejo

Terraseixe exige criação de Área Integrada de Gestão da Paisagem

08 de setembro 2024 - 08:00
Preocupação persiste nos cooperantes, um ano depois dos fogos que consumiram mais de 7500 hectares em Odemira, Aljezur e Monchique Foto| Ricardo Zambujo

Os cooperantes da Terraseixe, constituída por consequência dos mais de 7500 hectares ardidos nos fogos de agosto do ano passado nos concelhos de Odemira, Aljezur e Monchique, estão preocupados com a dificuldade de criação, efetiva, da Área Integrada de Gestão da Paisagem, alegadamente, por “falta de fundos”. O impasse, considera Cláudia Candeias, administradora da cooperativa, pode significar o abandono dos terrenos e um cenário futuro propício a “novos incêndios”.

 

A cooperativa Terraseixe formada por proprietários e entidades de Odemira, Aljezur e Monchique, concelhos afetados pelo incêndio ocorrido há um ano, reclama a efetiva criação da Área Integrada de Gestão da Paisagem (AIGP) nessa zona, ainda num impasse.

A medida, já determinada numa resolução do Conselho de Ministros, poderá não avançar por “falta de fundos”, revelou, recentemente, à “Lusa”, Cláudia Candeias, administradora da cooperativa, constituída em abril deste ano para gerir as AIGP nos concelhos de Odemira, no distrito de Beja, e Aljezur e Monchique, no de Faro.

“Depois de um processo longo e burocrático para a formação desta cooperativa, íamos pedir ao ICNF [Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas] para nos dar a certificação como entidade gestora [da AIGP] e, nessa altura, fomos informados de que não havia fundos e que não se poderia avançar” com a criação destas áreas no território, argumentou.

De acordo com a responsável, a cooperativa, criada após uma proposta do presidente da Câmara de Odemira, Hélder Guerreiro, em reuniões com vários ministros e secretários de Estado do anterior Governo, pretende garantir “um planeamento coletivo do território e de prevenção, combate e resiliência aos incêndios”.

No entanto, um ano após o incêndio que consumiu mais de 7500 hectares de floresta, terrenos agrícolas, casas, turismos rurais e montados na freguesia de São Teotónio (Odemira) e nos concelhos de Monchique e Aljezur, a criação da AIGP continua num impasse.

Para reclamar a concretização desta medida, já aprovada pelo anterior executivo, Cláudia Candeias adiantou à “Lusa” que a Terraseixe, que conta com mais de 2000 cooperantes, enviou uma carta aberta ao atual Governo.

No documento, a cooperativa lembra que a criação desta entidade uniu “uma comunidade inteira”, formada “por proprietários e entidades locais com grande experiência na área florestal e agrícola e nas áreas de gestão de projetos”. Segundo as palavras de anteriores ministros que estavam no poder nessa altura, havia milhões destinados a esta causa.

Desapareceram ou estão à espera de resoluções de ministros para saírem da gaveta?”, questionam. Os cooperantes explicam na carta que, “com o apoio do ICNF e dos municípios de Odemira, Aljezur e Monchique”, avançaram com a legalização da cooperativa que, devido aos exigentes parâmetros de entidade gestora, teve que passar por um processo complexo e muitas provações.

“Afinal, o que é que nos falta para confiarem em nós como entidade para gerir fundos europeus destinados à coesão territorial e à regeneração das nossas florestas e áreas ardidas?”, interroga, uma vez mais a cooperativa, considerando a importância de haver diálogo e de se “consultar quem conhece e quem vive no território”. “LUSA”

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