Texto | Aníbal Fernandes
Quem tem seguido estes textos sabe que o “Diário do Alentejo” (“DA”), nos idos de 1974, se publicava seis dias por semana, de segunda-feira a sábado. Também saberá que, desde o 25 de Abril, apenas faltou aos leitores um único dia, mas perfeitamente justificado: quinta-feira, 1.º de Maio, o Dia do Trabalhador.
No entanto, na edição de sábado, dia 29, explicava-se a razão por o jornal não ter saído para as bancas desde o dia 21, devido a uma greve dos operários da gráfica da empresa dona do jornal, e adiantava-se que a questão estava completamente sanada, com compreensão e dignidade de ambas as partes, a divergência, de natureza salarial, que existia entre os trabalhadores e a proprietária do jornal e “em cujas oficinas ele é composto”.
Nada de que não se estivesse à espera. Duas semanas antes, na primeira página, a redação do “DA” explicava que “por inesperadas dificuldades resultantes de uma questão de salários entre os empregadores de todos os quadros tipográficos de Carlos Marques – Indústrias Gráficas S.A.R.L. (proprietária deste jornal e em cujas oficinas ele é composto e impresso) e respectivo conselho de administração, não nos foi possível publicar a edição de ontem e a de hoje é distribuída com grande atraso”, e concluía lamentando o facto e pedindo desculpas “aos nossos prezados assinantes, anunciantes e leitores, na certeza que compreenderão esta forçada situação”.
Domingo, dia 16, foi dia de folga, mas, na segunda-feira, o “Diário do Alentejo” continuou sem ir para as bancas, o mesmo acontecendo na quarta-feira. No dia seguinte, quinta-feira, dia 20, de volta ao convívio dos leitores – como na altura se dizia – lá vinha nova explicação: “Pelos motivos que já expusemos, continua o nosso jornal a ser publicado com irregularidade, situação que esperamos seja resolvida dentro de poucos dias”. A verdade é que não foi. Até ao dia 29, sexta-feira, o “Diário do Alentejo” ficou uma semana sem se publicar.