Diário do Alentejo

Bombeiros Voluntários de Beja vão a votos no dia 28

23 de março 2024 - 12:00
Situação anómala prolongava-se desde outubro de 2022
Foto | Ricardo ZambujoFoto | Ricardo Zambujo

A Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Beja vai a votos no próximo dia 28. É o culminar de um processo que teve início em outubro de 2022 e que ficou marcado por alguns desentendimentos. Apenas uma lista, patrocinada pela direcção em funções, se apresenta ao escrutínio.

 

Texto | Aníbal Fernandes

 

Após um longo período com uma direção em gestão corrente, a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Beja vai, no próximo dia 28, eleger os corpos sociais para o triénio 2024/2026.

No passado dia 19, a mesa da assembleia-geral confirmou a admissão da lista candidata. Manuel Pedro Gonçalves, presidente da assembleia-geral e recandidato ao lugar, em declarações ao “Diário do Alentejo”, e convidado a comentar este período de instabilidade na associação, considera que “nas instituições, com o clima que se vive na sociedade em geral, vai-se criando algum azedume entre as pessoas”.

Por isso, entende que em instituições como os bombeiros, que “são fundamentais para a nossa sociedade”, requer-se que “todos deem” algo para que possam continuar a cumprir a sua missão.

Assim, e “depois de consultar a família”, decidiu recandidatar-se. No entanto, diz que “o ideal era que aparecessem mais propostas, mas há cada vez menos participantes na vida associativa e os que ainda dão algum do seu tempo ao movimento associativo são das gerações mais velhas. É pena”, lamenta.

 

 

Uma cronologia

 

Em outubro de 2022, a direção em funções – que acabaria o seu mandato no final de 2023 – apresentou a demissão, ao ver questionada a sua gestão por alguns associados e bombeiros, nomeadamente, no que referia à política salarial então proposta.

Em dezembro de 2022, e a meio do ano de 2023, duas assembleias-gerais (AG) eletivas ficaram desertas, não surgindo qualquer lista concorrente. Uma nova AG foi convocada para 18 de dezembro passado, mas a lista candidata foi rejeitada por alegado “incumprimento dos estatutos”.

Em janeiro de 2023, numa nova reunião convocada por elementos da lista não aceite, e perante os protestos dos mesmos, a mesa da AG decidiu pedir um parecer à Liga dos Bombeiros, para avaliar as razões do chumbo da lista decidida pela mesa da AG, e que confirmou a justeza da decisão.

Perante este cenário, a direção em funções resolveu, a 27 de fevereiro, tornar público a intenção de se recandidatar ao triénio 2024/26 para evitar “o vazio de poder”, dizendo que a decisão, “face aos estatutos”, era uma “obrigação ética e moral” para evitar “o risco de eternizar uma situação que há muito deveria estar resolvida”.

A 13 de março, num “direito de resposta” distribuído à imprensa assinada por Jerónimo Picado – candidato a presidente da direção na lista rejeitada e “subscrita por todos elementos” que a integravam – reagiu ao comunicado considerando-o de “baixo nível e injurioso para quem é sócio e colaborador da instituição”.

No entanto, no ponto d) do citado documento, os ex-candidatos aceitam a “integridade do parecer e de quem o subscreveu, e muito menos as questões de não ter sido aceite”, admitindo, assim, a justeza da decisão da mesa da AG.

Questionavam, no entanto, a situação em que se encontravam muitos dos integrantes da lista, ao serem considerados sócios auxiliares – sem direito a elegerem e serem eleitos segundo os estatutos – nomeadamente, pelo facto de “o pagamento das quotas” pelos sócios auxiliares continuar a ser feito como se fossem sócios efetivos”, condição em que foram aceites.

O comunicado informava que “deste modo, e em prol da confusão instalada, resultado das intrigas, mal dizeres do comunicado subscrito pelo presidente da direção”, os elementos da lista rejeitada não presentariam qualquer lista ao próximo ato eleitoral.

Rodeia Machado, presidente da atual direção, em declarações ao “Diário do Alentejo”, rejeita as acusações e recorda que existem “quatro categorias de sócios: efetivos, honorários, beneméritos e auxiliares”, estes últimos destinados aos bombeiros em exercício, e lembra que, pelos estatutos, “os bombeiros, mesmo sendo sócios, não podem intervir nas assembleias-gerais”.

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