João Rocha em Serpa como independente, o regresso de Nelson Brito a Aljustrel e a candidatura de João Português em Ferreira do Alentejo são, para já, as maiores surpresas das Autárquicas deste ano. De assinalar que João Efigénio Palma (CDU), em Serpa, e Carlos Teles (PS), em Aljustrel, não se recandidatam ao cargo.
Texto | Aníbal Fernandes
AljustrelO deputado volta a casa
Era um segredo mal guardado. O “Diário do Alentejo”, há cerca de um mês, avançou com o anúncio da candidatura de Nelson Brito pelo PS, mas apenas nesta semana o nome foi confirmado pela estrutura distrital socialista. Aquele que foi presidente do município entre 2009 e 2021 deixará São Bento, onde é deputado, se ganhar, para regressar a casa. Talvez o facto de em 2021 os socialistas terem visto a vantagem sobre a CDU ficar reduzida a menos de metade do que tinham conseguido nas eleições de 2017 os tenha levado a recorrer a um peso pesado da política local. Quanto à CDU, o nome de que se fala é o de Fernando Ruas, que há quatro anos também foi candidato. PSD e Chega – que foram a votos em 2021 – ainda não apresentaram qualquer nome.
AlmodôvarA presidência vai mudar
Aqui uma coisa é certa: o(a) presidente será novo(a) de certeza absoluta. António Bota não se pode candidatar por ter atingido o limite de mandatos e o PS avançou com a atual vice-presidente do executivo da câmara municipal, Ana Carmo, para liderar a lista. O resultado obtido pelo autarca que está de saída (70 por cento) é suficientemente tranquilizador para os socialistas estarem confiantes, mas o PSD, que neste século dirigiu a autarquia ente 2001 e 2013, aposta num nome conhecido a nível distrital. Tadeu Freitas, de 53 anos, licenciado em Gestão, é o presidente do Banco Alimentar em Beja e, anteriormente, foi diretor da delegação distrital da Cruz Vermelha Portuguesa. O BE e a CDU concorreram em 2021, mas a votação dos dois somados não chegou aos cinco por cento.
AlvitoUm “swing state” alentejano
Nas seis eleições autárquicas disputadas neste concelho no século XXI, o PS conseguiu a vitória por duas vezes (2001 e 2021), o PCP por três (2009, 2013 e 2017) e uma lista de independentes logrou vencer em 2005. Em 2021, o socialista José Efigénio recuperou a câmara à CDU, derrotando o então presidente em exercício, António José Valério. Para já apenas o candidato dos comunistas está confirmado. Trata-se de David Serra, de 43 anos, psicólogo e, atualmente, vereador da oposição. Tudo leva a crer que o atual presidente se recandidatará, uma vez que a direção distrital do Partido Socialista já disse que apoiaria todos os presidentes em funções que quisessem continuar. O PSD, que nas últimas eleições se apresentou em coligação com o CDS, desde 2017 que não tem representação no executivo e ainda não divulgou o nome do candidato.
BarrancosCerca de mil eleitores
Pouco ou nada se sabe sobre as próximas Autárquicas no mais pequeno concelho do distrito. A CDU ainda não confirmou a recandidatura de Leonel Rodrigues e o PS também não apresentou o seu candidato. O mesmo para o PSD. Em 2021 a CDU obteve 465 votos (46,5 por cento), o PS, 348 (34,8 por cento), e o PSD, 155 (15,5 por cento). Num concelho em que cada dezena de votos representa um por cento, nada é garantido e tudo pode acontecer.
BejaVira o disco e tocam os mesmos
Apesar de Paulo Arsénio ainda não ter confirmado a sua recandidatura – o jornal “Expresso” já a deu como garantida –, é provável que os três candidatos dos partidos com representação na vereação se voltem a enfrentar na campanha eleitoral. A CDU confirmou Vítor Picado e o mesmo aconteceu com o PSD e Nuno da Palma Ferro, eleito vereador, em 2021, na lista Beja Consegue, uma coligação liderada pelos social-democratas. Nas últimas Autárquicas o PS venceu as eleições para a câmara municipal, mas perdeu a maioria no executivo. O Chega e o Bloco de Esquerda – que concorreram em 2021 – ainda não apresentaram candidatos. No caso do BE, como noticiámos em edição anterior, mantém em aberto a possibilidade de um entendimento com o Livre.
Castro VerdePS à conquista do terceiro mandato
A recandidatura de An-tónio José Brito (PS), atual presidente da câmara, ao lugar que ocupa há dois mandatos aconteceu nesta semana, concorrendo, assim, a um terceiro e último mandato. Quanto à CDU, o nome que deve ser anunciado proximamente é o de Ana Baltazar, que foi presidente da assembleia municipal de 2017 a 2020. Há quatro anos Bloco de Esquerda e Chega também foram a votos, mas até agora ainda não revelaram candidatos. Nas últimas eleições o PS obteve 2309 votos (58,4 por cento) e a CDU, 1411 (35,7 por cento).
CubaDoze anos depois, presidente de saída
Este é o outro concelho onde o presidente não se pode recandidatar devido à lei de limitação de mandatos. Para o substituir, a CDU candidata João Duarte Palma, engenheiro civil e atual presidente da Assembleia Municipal de Cuba. No PS há quem aposte no regresso de Francisco Orelha, mas o “Diário do Alentejo” sabe que essa hipótese está fora de questão. O PSD ainda não apresentou o seu candidato. Em 2021, a CDU recolheu 1517 votos (56,1 por cento), o PS, 1008 (37,2 por cento), e o PSD, 58 (2,1 por cento).
Ferreira do AlentejoLuta de titãs entre PS e CDU
Luís Pita Ameixa já anunciou a sua recandidatura. É a sexta vez que o faz – com um intervalo entre 2005 e 2017. É, sem dúvida, o autarca em funções com mais experiência de poder local no distrito de Beja. Para lhe disputar o lugar a CDU avançou com João Português, até agora presidente da Câmara Municipal de Cuba. Uma aposta que mostra o empenho da coligação liderada pelo PCP neste concelho. O Chega volta a concorrer, desta vez com Octávio Costa, de 50 anos, manobrador de máquinas nas minas de Aljustrel. Também aqui é provável que o BE/Livre se apresentem a eleições. Em 2021, o PS obteve 1678 votos (46 por cento), a CDU, 1054 (28,9 por cento), o BE, 309 (8,4 por cento), o Chega, 306 (8,4 por cento), e o PSD/CDS, 129 (3,5 por cento).
MértolaSem candidatos confirmados
Até agora nenhuma força política apresentou candidatos, mas é expectável que Mário Tomé volte a ir a votos pelo PS. Em 2021 os socialistas lograram uma larga maioria (57,6 por cento), o que lhes permitiu recolher quatro dos cinco lugares na vereação. A CDU conquistou 26,5 por cento e um vereador. Concorreram duas listas de independentes, que não deram sinais de vida durante estes quatro anos, e o Chega, com um resultado residual (1,2 por cento).
MouraOnde Ventura foi candidato
Em 2021 o líder do Chega foi cabeça de lista candidata à Assembleia Municipal de Moura e o seu partido conquistou um lugar na vereação (1001 votos/14,3 por cento), mas a eleita logo em novembro daquele ano abandonou o partido e passou a independente. Os outros seis vereadores ficaram distribuídos em partes iguais pelo PS (2813/40 por cento) e CDU (2719/38,9 por cento). Mais um concelho em que o presidente em funções – Álvaro Azedo (PS) – se deve recandidatar, mas ainda não foi confirmado. A CDU apresenta o atual vereador André Linhas Roxas e o Chega, Rui Rodrigues. Já o PSD aposta no nome de Rui Sousa, de 51 anos, que integra a Assembleia de Freguesia da União de Freguesias de Moura e Santa Amador, e cujo nome foi lançado nesta semana. Um concelho sem vencedor definido à partida.
OdemiraSem nomes anunciados
Outro dos casos em que o presidente em funções – Hélder Guerreiro (PS) – se deverá recandidatar, mas falta a confirmação. É, pois, um deserto de nomes, nomeadamente, por parte da CDU, PSD, Chega, IL e Bloco de Esquerda. Em 2021, o PS venceu, com 5577 votos (46,6 por cento), seguido pela CDU, com 3276 (27,4 por cento), com os socialistas a elegerem cinco dos sete vereadores. O BE obteve 788 votos, o PSD/CDS, 755, a Iniciativa Liberal, 533, e o Chega, 426.
OuriqueDisputa PS/PSD repete-se
Segundo o “Diário do Alentejo” apurou, é certa a recandidatura de Marcelo Guerreiro (PS), que deverá voltar a ter como opositor por parte do PSD o atual deputado Gonçalo Valente. No entanto, o único nome confirmado é o de Idalete Brito em representação do Chega. Em 2021 os socialistas venceram com 1740 votos (53,1 por cento). O PSD obteve 1178 (35,9 por cento), a CDU, 149 (4,5 por cento), e o Chega, 105 (3,2 por cento).
SerpaUma caixa de surpresas
A candidatura de João Rocha como independente – ex-presidente em Serpa e Beja eleito pela CDU –, está a baralhar as contas aos partidos tradicionais. A CDU há muito que apresentou o nome de João Dias, ex-deputado à Assembleia da República, como candidato ao lugar de João Efigénio Palma, que não se recandidata. Também o PSD, conforme tínhamos anunciado, aposta em Ana Moisão, vereadora em funções na oposição, eleita pelo Chega, mas que passou a independente. Em alternativa, o Chega vai a votos com Mário Cavaco. No PS três nomes estão em cima da mesa: Francisco Picareta, Ivo Garcias e Ricardo Mestre, mas a escolha deve recair sobre o primeiro.
VidigueiraRaposo deve recandidatar-se
Tudo leva a crer que Rui Raposo irá repetir a candidatura pela CDU, o que, em caso de vitória, será a segunda. O PS avança com Ricardo Bonito para tentar recuperar uma autarquia que escapa aos socialistas desde 2005, ano em que Manuel Narra a conquistou para a CDU. Em 2021, o mesmo Manuel Narra patrocinou uma candidatura independente, mas, apesar do segundo lugar obtido e da eleição de um vereador, não impediu a coligação dos comunistas de atingir a maioria dos vereadores. Nas últimas eleições a CDU obteve 1545 votos (48,5 por cento), o movimento de cidadãos, 772 (24,2 por cento), e o PS, 740 (23,2 por cento).