Diário do Alentejo

“A realidade do distrito é marcada por um abandono, por um esquecimento”

01 de março 2024 -
Luís Montenegro considera que “o único voto que resolve os problemas da região é na AD”Foto| Ricardo Zambujo

Ao segundo dia da campanha eleitoral para as Legislativas de 10 de março, o líder da Aliança Democrática (AD) almoçou com os seus apoiantes de Beja, no “jardim do Bacalhau”, bebeu café no Luiz da Rocha e percorreu duas das ruas do centro histórico da cidade. Apelou ao voto útil na AD, manifestando acreditar que a coligação trará um novo governo ao País, “com interesse em dar as mesmas oportunidades a quem está nos sítios onde há menos população e nos sítios onde há mais concentração populacional”.

 

Texto José SerranoFoto Ricardo Zambujo

 

E salta AD, e salta AD, olé, olé. O movimento coreografado, para cima e para baixo, das cerca de três dezenas de “jotas”, jovens rapazes e raparigas, da Aliança Democrática (AD), permite-lhes, para além de manifestarem as suas convicções políticas, combater o frio que se faz sentir ao início da tarde de segunda-feira, no “jardim do Bacalhau”, em Beja.

O vento, que se alia à baixa temperatura, permite o perfeito esvoaçar, visível ao longe, das bandeiras da coligação tripartida. Terminada a breve coreografia, tem lugar o karaoke dos apoiantes, acompanhando o hino eleitoral “A mudança está nas tuas mãos”, que sai, gravado, de um altifalante trolley que um dos membros da comitiva faz deslocar para junto da porta do restaurante onde Luís Montenegro, presidente do Partido Social Democrata (PSD) e candidato a primeiro-ministro pela AD, almoça com apoiantes.

A assessora de imprensa da comitiva partidária convida os jornalistas representantes da comunicação social regional presentes a entrarem. Luís Montenegro, que escolheu o segundo dia de campanha eleitoral das Legislativas de 10 de março para visitar a cidade capital do Baixo Alentejo, recebe-os, ladeado à mesa por Gonçalo Valente, cabeça de lista por Beja, e por Maria da Graça Carvalho, eurodeputada, natural da cidade, eleita, em 2019, pelo PSD. Ao líder partidário é-lhe questionado sobre como atuará, na legislatura, se for eleito primeiro-ministro, nas necessidades rodo e ferroviárias e de potenciação do aeroporto de Beja, duas das “bandeiras” que Gonçalo Valente assegura elevar na Assembleia da República, se for eleito deputado, considerando-as “duas exigências, dois direitos” a que a região tem direito.

“Nós estamos muito sintonizados. Já tive oportunidade de ir a todos os concelhos do distrito e fiquei com uma panorâmica da sua realidade, marcada por um abandono, por um esquecimento de Beja, no contexto nacional, que se reflete em algumas questões que estão a ser travões ao desenvolvimento do distrito”.

Sobre os entraves aludidos, Luís Montenegro dá como exemplo, “em primeiro lugar”, os acessos. “Beja é uma capital de distrito que não é servida por uma autoestrada e essa falta de competitividade faz-se notar, porque é muito mais difícil, assim, atrair investimento, empresas e empreendedores, geradores de oportunidades de emprego e de negócio – dois pontos cruciais para travar a ida de muitos dos filhos desta terra para outras regiões, e até para o estrangeiro, em busca de uma oportunidade”.

Sem fazer qualquer tipo de referência ao aeroporto de Beja, o candidato a primeiro-ministro prossegue: “Temos feito uma campanha muito focada naquilo que mais preocupa a vida das pessoas – a saúde, a educação, a habitação – mas, também, muito focada na agricultura, que consideramos ser um setor estratégico para o País”

Para que Portugal, diz, possa ter “uma maior capacidade de autonomia alimentar” e incrementar “as atividades económicas – o comércio, toda a prestação de serviços associada à agricultura, à indústria transformadora – que estão relacionadas com a produção agrícola e pecuária”.

Relativamente ao novo modelo de desenvolvimento agrícola da região, alicerçado em fluxos de mão de obra imigrante, proveniente, sobretudo, de outros continentes, que vive, em muitos casos, em condições de carência, o presidente do PSD classifica a situação como insustentável. “Esse é um ponto absolutamente crucial. Nós temos uma política de imigração que não é de facilidade total, de portas escancaradas. Mas também não é uma política de portas encerradas, fechadas à chave. Temos é que regular a imigração, para dar às pessoas a oportunidade de terem condições dignas, não caindo nas redes de tráfico de mão de obra. Portanto, estou muito interessado em desenvolver um plano que combata esses aproveitamentos criminosos”.

 

Luís, amigo, os jovens estão contigo O líder percorre, agora, acompanhado pela entusiasta comitiva, a rua Capitão João Francisco de Sousa, cumprimentando os poucos transeuntes que, àquela hora, por ali circulam, e lojistas da zona, apelando ao voto na AD. No Luiz da Rocha, café em que todas as comitivas partidárias têm assento garantido, aproveita para tomar o institucional e mediático “cafezinho político”, tendo aí, também, oportunidade para tirar duas ou três selfies com alguns dos clientes, uma aproximação de simpatia popular a contrastar com a recusa de outros tantos passou-bem.

 

Luís vai em frente, tens aqui a tua gente A arruada, na cidade, está a chegar ao fim, não sem antes percorrer a rua paralela ao centenário estabelecimento e de, Luís Montenegro, subido a um banco de rua, manifestar: “O voto de protesto tem algum sentido para quem está frustrado, indignado com a falta de resposta que o Governo deu a muitos dos problemas do distrito e concelho de Beja. Mas esse voto não resolve os problemas.

O único voto que resolve os problemas da região é o voto na AD.

Eu tenho uma esperança muito grande, para não dizer mesmo uma certeza, que nós vamos eleger Gonçalo Valente como deputado e que vamos dar um governo novo a Portugal, com interesse em dar as mesmas oportunidades a quem está nos sítios onde há menos população e nos sítios onde há mais concentração populacional.

Não se cansem de dizer isto a toda a gente, porque é um a um que nós vamos obter uma grande vitória”, exalta, sob uma salva de palmas dos seus apoiantes.

Enquanto a comitiva entra nos carros de campanha, o hino eleitoral volta a ouvir-se, desta vez liderado, vocalmente, pelo “homem do megafone”, a necessitar de ajustes de afinação. Antes de prosseguir para Faro, onde, num jantar-comício se encontrou com Pedro Passos Coelho, o candidato a primeiro-ministro Luís Montenegro visitou a herdade da Figueirinha, situada nos arredores de Beja, junto ao aeroporto, onde, recebido pelo empresário Filipe Cameirinha, brindou ao futuro da agricultura do Baixo Alentejo e à eleição de um deputado por Beja.

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