Para além do Partido Socialista, da Coligação Democrática Unitária (PCP e PEV) e da Aliança Democrática (PSD, CDS-PP e PPM), o “Diário do Alentejo” quis saber quais as ideias e propostas dos restantes 11 partidos (PCTP/MRPP e Ergue-te não responderam às questões) que compõem as candidaturas às eleições Legislativas de 10 março pelo círculo eleitoral de Beja para a região.
José Esteves – Bloco de Esquerda
61 anos. Secretário de justiça. Natural de Alvito. Residente em Ferreira do Alentejo
Quais são as três grandes prioridades do seu partido para o distrito de Beja?
A primeira prioridade é o combate às alterações climáticas e à sua face mais visível, a seca severa instalada no Sul do País, já que a agricultura intensiva consome perto de 90 por cento da água disponível, em detrimento do consumo humano e da agricultura familiar. Defendemos o uso sustentável da água e a manutenção da sua gestão na esfera pública, com critérios e tarifas sociais. Em função desta prioridade é necessário repensar o modelo de desenvolvimento agrícola da região, a começar por uma moratória à instalação de olival superintensivo e de mais estufas. A região necessita de uma agricultura sustentável, amiga do ambiente, que fixe a população, especialmente, os mais jovens, que evite o despovoamento e crie riqueza para todos e para o País. A segunda é a defesa dos serviços públicos, a começar pela saúde e educação, criando condições para atrair os seus profissionais, com carreiras dignas e estímulos à sua fixação no interior do País na área da habitação, entre outras. A terceira é a defesa do trabalho com direitos, generalizando as 35 horas semanais e a semana de quatro dias, combatendo a precariedade, a pobreza e todas as formas de exploração laboral. É urgente abolir a escravatura do século XXI, responsabilizando diretamente o dono de obra ou herdade pelos ilícitos e crimes cometidos no interior da sua propriedade.
O distrito tem vindo a perder eleitores, elege apenas três deputados e a abstenção continua acima dos 40 por cento. Como é que se poderá “dar peso” à região junto dos poderes de decisão?
As maiorias absolutas já deram mostras de que não resolvem os problemas, nem do País, nem da região. Só a eleição de vozes insubmissas, como as dos deputados e deputadas do Bloco de Esquerda, permitirá fazer o que nunca foi feito, apesar de há muito prometido: acessibilidades (eletrificação da ferrovia, autoestrada, recuperação do IP8 e das estradas nacionais); soluções para o desenvolvimento do aeroporto; avançar com a segunda fase do hospital de Beja e a aquisição do equipamento de ressonância magnética; concretizar a ligação da barragem do Monte da Rocha à do Roxo.
O que será um bom resultado, no círculo de Beja, para o seu partido, nas Legislativas de 10 de março?
Um bom resultado permitirá chamar a atenção para os problemas da região, para o que não foi feito e converter essa consciência em votos: pelo menos um mandato. Devem ser três as forças políticas a representar o distrito, entre elas, o Bloco. Pluralidade é aquilo que queremos.