Na passada terça-feira, o secretário-geral do Partido Socialista (PS) esteve no distrito de Beja em tempo de pré-campanha eleitoral, mas com espírito de plena campanha, que arranca oficialmente no domingo, dia 25. Em Beja, primeiro, Castro Verde e Almodôvar, depois, referiu que há muito para fazer no Baixo Alentejo.
Texto | Marco Monteiro Cândido
“Escrevi o que eu gostava que fosse a minha jornada política, as minhas propostas e escrevi também que ele era o meu ídolo máximo. Ele é uma grande pessoa, apresenta propostas bastante boas e eu acredito que ele possa ser um grande político”. As palavras são de Henrique Guerreiro, de nove anos, que aguardou por Pedro Nuno Santos em Castro Verde, na passada terça-feira, para lhe entregar uma carta e conhecer o seu ídolo. O candidato do PS cumprimentou a criança, ficando surpreendido pelo seu entusiasmo, prometendo-lhe ler a carta durante a viagem que faria até Faro, nesse mesmo dia, onde encerraria o dia de campanha com um comício.
Este episódio aconteceu já a meio do dia da volta socialista por terras baixo-alentejanas. Antes de chegar a Castro Verde, nessa mesma manhã, o secretário-geral do PS deu o pontapé de saída para a campanha de rua propriamente dita, com vista às eleições Legislativas de 10 de março, no distrito de Beja. O périplo, que estava previsto começar numa fábrica de painéis solares em Moura, teve início com uma arruada em Beja, nas Portas de Mértola, já ao fim da manhã. Quase no final do percurso, junto ao mítico café Luiz da Rocha, o candidato a primeiro-ministro sublinhou que no Baixo Alentejo “há investimentos infraestruturantes que têm que ser concluídos, que começaram a dar os primeiros passos, outros em projeto ou em concurso. Mas nós queremos é que o povo no Baixo Alentejo finalmente veja obra, seja na ferrovia, na rodovia, seja até na dinamização do aeroporto ou na segunda fase do hospital”. Pedro Nuno Santos acrescentou também que “há muito para fazer nesta região e o PS tem sempre na sua cabeça Portugal inteiro e o Alentejo é uma região inteira e o Baixo Alentejo também”, fazendo referência ao seu slogan de campanha. As palavras de Pedro Nuno Santos anteciparam o debate que iria ter de seguida durante um almoço que juntou autarcas, empresários e diversas entidades de índole social, cultural e desportiva do distrito, para “refletir sobre o País” e sobre a necessidade de haver um “Portugal com um desenvolvimento harmonioso, que não se limite a uma pequena e estreita faixa do litoral”.
Ainda no rescaldo do debate que tivera na noite anterior com o presidente do Partido Social Democrata (PSD), Luís Montenegro, Pedro Nuno Santos colocou a tónica no não responder e não abrir o jogo por parte do seu opositor. “Ontem [segunda-feira] fui muito claro sobre isso: nós só governaremos se ganharmos ou conseguirmos formar uma maioria. Infelizmente, ainda não tivemos da parte do líder do PSD uma resposta à viabilização de um governo do PS. Por razões de clareza de debate político devia haver a mesma frontalidade e clareza do meu oponente em relação à governabilidade. Nós somos claros: governamos se ganharmos ou se conseguirmos formar uma maioria. De outra forma não o faremos”.
Da parte da tarde, Pedro Nuno Santos deslocou-se, primeiro, a Castro Verde e, depois, a Almodôvar. Depois de conhecer o pequeno Henrique, que o esperava à porta do Centro de Saúde de Castro Verde, o líder do PS prosseguiu a visita às instalações desta unidade de saúde, que será alvo de uma requalificação e ampliação do serviço de urgência básica no valor de 2,1 milhões de euros, no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e cujo protocolo foi assinado, no final de janeiro, entre a Câmara Municipal de Castro Verde e a Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo (Ulsba). Um serviço que, recorde-se, funciona 24 horas por dia e serve cerca de sete mil utentes, do concelho de Castro Verde, dos concelhos limítrofes de Aljustrel, Almodôvar, Ourique, Mértola, mas também algumas zonas do Algarve e do litoral alentejano, como sublinhou o presidente da autarquia, António José Brito.
No fim da visita à unidade de saúde, Pedro Nuno Santos, em jeito de balanço do almoço e debate que teve com os diversos representantes da sociedade civil do distrito, referiu que o PS começou esta campanha em Beja, Castro Verde e Almodôvar para sinalizar que não há portugueses nem regiões de segunda e que “ninguém fica para trás”. “Ouvimos pessoas de instituições de solidariedade social, os dilemas que enfrentam todos os dias (…), ouvimos representantes do setor da agricultura, da economia desta região, e são preocupações que nós temos e às quais queremos dar resposta, como agora, em Castro Verde, com a importância dos cuidados de saúde primários e da saúde da população desta região”.
Quando questionado sobre que ideias terá para a região baixo-alentejana, no caso de ser eleito a 10 de março, o líder dos socialistas sublinhou, “desde logo, a saúde”. “As pessoas desta região sabem bem que só contam com o SNS e é por isso que temos que continuar a investir no Serviço Nacional de Saúde, em todo o País, também aqui nesta região. E Castro Verde é um desses exemplos, onde temos um centro de saúde, serviço de urgência básico, que precisa de investimento e esse investimento, connosco, vai ser feito. Por uma razão: nós não desviamos recursos do SNS para o setor privado. Os recursos públicos são para serem investidos nos nossos hospitais e nos nossos centros de saúde e é isso que vamos também fazer no Alentejo, no Baixo Alentejo e aqui em Castro Verde”.
A visita prosseguiu em Almodôvar, com uma deslocação às instalações da Cercicoa e da Santa Casa da Misericórdia, antes de Pedro Nuno Santos rumar ao Algarve, onde, durante a viagem, certamente terá tido oportunidade de ler a carta que o pequeno Henrique lhe endereçou.