Diário do Alentejo

Segredos da Beja Romana serão deslindados em maio

02 de fevereiro 2024 - 08:00
Livro reúne crónicas de José D’Encarnação, escritas para o “Diário do Alentejo” ao longo dos últimos três anos

O autor, considerando a enorme importância da riqueza arqueológica do território, manifesta, através desta obra, a urgência do desvendamento e da divulgação de alguns factos históricos milenares inerentes à cidade capital do Baixo Alentejo.

 

Texto | José Serrano

 

José D’Encarnação, professor catedrático do Instituto de Arqueologia da Faculdade de Letras de Coimbra, encontra-se a ultimar um livro que compilará as crónicas, sobre monumentos epigráficos romanos, que tem vindo a publicar, desde 1 de Janeiro de 2021, no “Diário do Alentejo” (“DA”). A obra, cujo título será Segredos da Beja Romana, nasce, elucida o autor, da “disponibilidade mostrada pelo ‘DA’ em ‘acoitar estes escritos’” e, por outro lado, dos ecos que “fomos tendo de que tinham aceitação”, o que “nos levou a pensar que, reunidos em livro, poderiam constituir boa reflexão acerca do passado romano de Beja”.

Dos segredos que intitulam o livro, José D’Encarnação considera imprescindível que os mesmos sejam “desvendados e amplamente divulgados”, considerando que “já basta o terem sido guardados durante quase dois milénios” e que, por isso, “urge que se saiba quem nesta cidade viveu”.

Relativamente à riqueza arqueológica da região do Baixo Alentejo, o autor classifica-a como “enorme”, sublinhando: “Não só a cidade de Beja nos tem surpreendido, não podemos esquecer que foi capital administrativa de toda a região no tempo dos romanos, mas também Mértola, Aljustrel e Castro Verde se revelaram, já, como núcleos da maior importância, tanto no que respeita à época romana como, também, pré-romana e dos primeiros tempos da cristandade”. Uma riqueza que, de acordo com o catedrático, o território tem, através do incentivo à divulgação deste tesouro, bem como ao acolhimento de académicos e investigadores, valorizado de forma diferente, em algumas localidades melhor que em outras: “Mértola é um bom exemplo. Beja vai no bom caminho. Almodôvar também. Castro Verde carece de maior atenção”. A necessidade deste zelo arqueológico, a importância do seu conhecimento, é, para José D’Encarnação, um valoroso alicerce na construção da identidade de um povo, na preservação das suas raízes: “A população tem de estar enraizada. Isto significa que, ao sentir que tem memória, ganha consciência de ser elo duma cadeia, que importa não cortar. E gosta de viver aqui. Se conseguirmos fazer com que as novas gerações regressem às casas que foram de seus avós, estamos no bom caminho. É a História em prol do necessário repovoamento”, enfatiza.

Sobre a obra, que contará com desenhos de José Luís Madeira, e acerca de cada um dos textos que escreve para o “DA”, José D’Encarnação, valorizando o privilégio da partilha de conhecimento, acentua que o seu objetivo maior é o de contribuir para que, lendo-o, o leitor se aperceba “de quão relevante é olhar a realidade com atenção e com espírito crítico” e que a “idade dos porquês” não é apenas a da meninice, mas, sim, qualquer uma, ao longo da vida.

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