Diário do Alentejo

proximidade

26 de janeiro 2024 -
O jornalismo esteve em debate no passado fim de semana em Lisboa. O “Diário do Alentejo” falou com responsáveis dos órgãos de comunicação social do distrito de Beja e traça o retrato de um setor em crise
Ilustração| Susa MonteiroIlustração| Susa Monteiro

O jornalismo e a democracia são faces da mesma moeda. A fraqueza de um implica, necessariamente, a debilidade da outra. O recente caso de falta de pagamento de salários e desinvestimento no Global Media Group – “Jornal de Notícias”, “Diário de Notícias”, “Açoriano Oriental”, “TSF”, “O Jogo” e “Dinheiro Vivo” – veio pôr na ordem do dia questões como a propriedade e transparência dos meios de comunicação social, a fuga das receitas de publicidade para plataformas informais que divulgam “informação” não mediada por profissionais, a precariedade na profissão e novos modelos de negócio para o setor.

Texto Aníbal Fernandes Ilustração Susa Monteiro

O jornalismo e, em particular, o jornalismo de proximidade – imprensa local e regional – foi um dos temas do 5.º Congresso dos Jornalistas, que se realizou em Lisboa, entre os dias 18 e 21 deste mês, em que vários profissionais de norte a sul falaram sobre as suas realidades.

O financiamento dos diferentes projetos locais e regionais e as dificuldades inerentes à sua localização no interior, em contraponto ao “inegável” serviço público que prestam às comunidades a que se dirigem, bem como as “pressões” do poder local – ou inexistência delas –, foram alguns dos pontos focados pelos vários oradores.

Pedro Coelho, presidente da comissão organizadora do congresso (COC), numa entrevista à “Rádio Renascença”, na véspera da reunião magna dos jornalistas, considerou que “o edifício jornalístico desabou e temos de o reerguer, peça a peça”.

Concretizando a ideia, o conhecido jornalista da “SIC” afirma que “o edifício desabou do ponto de vista da sustentabilidade económica”, e assistimos, nas últimas duas décadas, “a uma mudança do modelo de negócio”, defendendo que os jornalistas não podem “acreditar que o capitalismo por ele próprio vai conseguir salvar o jornalismo”. “O jornalismo é um bem público e nós, jornalistas, temos de ser os primeiros a encontrar o caminho para sairmos do buraco onde nos colocamos, mas, sobretudo, onde muitos à nossa volta acabaram por nos colocar”.

O também professor universitário de comunicação social acredita “que o capitalismo não tem condições para sustentar o jornalismo”. Mas, garante não ter nada contra o capitalismo, “absolutamente, nada”. “Gerar lucro é saudável. Agora, não podemos pedir ao jornalismo que tenha a força de gerar lucro financeiro porque na base do jornalismo não está o lucro de uns quantos proprietários de meios de comunicação social, mas uma necessidade urgente de gerar lucro social. É disso que estamos verdadeiramente a falar. Esta vontade e necessidade de servirmos e de trabalharmos para o público transforma o jornalismo numa profissão que é, claramente, um bem público que teremos de preservar”.

 

Périplo Entre os meses de abril e julho de 2023, a comissão organizadora do congresso fez um périplo por todas as regiões do País e, nas palavras de Pedro Coelho, a realidade é “indescritível”, mas, mesmo assim, referiu dois casos para ilustrar a situação: o primeiro, de “uma jovem jornalista de uma rádio local que de manhã era jornalista, fazia notícias, e à tarde, para não perder aquele posto de trabalho, passava a roupa a ferro em casa do dono da rádio”; o segundo, de “outra jovem que tinha meio salário numa rádio local, mas em cada dia trabalhava dois dias, apesar de estar contratada a meio tempo”.É fácil concluir que “os graus de desmotivação e de precariedade” são muito elevados nos meios de comunicação locais e regionais. Para o presidente da COC, “há um conjunto de meios de comunicação social jornalísticos que, necessariamente, têm de ser apoiados, mas há uma infinidade de outros que não podem ser apoiados”, apontando o dedo a “um conjunto de plataformas que agora existem nos territórios de proximidade, que apenas servem para sacar publicidade e que vão disputar o fragilíssimo mercado a preços muito mais baratos, porque não têm jornalistas. Têm pessoas que escrevem umas coisas agradáveis, uma boa parte delas roubadas a outros órgãos de comunicação social, outras que são puras mentiras”.

 

“Deserto de notícias” No distrito de Beja são vários os órgãos em funcionamento: jornais, rádios e projetos digitais. “O Atual”, fundado em 2020 por Justino Engana e Inês Patola, é o mais recente na região e apostou num formato “distintivo”, com vídeo, áudio, imagem e texto on line diariamente. Tem a sua sede, desde há um ano, na incubadora de empresas do Nerbe – Associação Empresarial do Baixo Alentejo e Litoral, em Beja.Justino Engana diz que o País acordou para a crise da imprensa com o caso do Global Media Group e surpreende-se ao “ver gente com responsabilidades dizer que estes meios podem acabar e que o Porto [‘Jornal de Notícias’] fica sem jornais, quando grande parte do País não tem um jornal diário” e se assiste “a um profundo desinvestimento” no setor.

“Vivemos, há anos, num deserto de notícias porque não tem havido atenção em relação aos jornais de proximidade. Sem saúde financeira das empresas jornalísticas não há jornalismo”, considera um dos fundadores de “O Atual”, criticando as “tentativas de apoio à imprensa regional”, que não passam “de migalhas, sem um efetivo apoio às pequenas e médias empresas”. “Ou se cria um mecanismo para as empresas que seja transparente e claro, ou, dentro de dois, três ou quatro anos, os projetos vão definhar”, perspetiva Justino Engana.A distribuição do serviço da agência “Lusa” de forma gratuita pelos órgãos de comunicação foi uma das ideias avançadas no congresso. No entanto, para o jornalista de “O Atual”, apesar de aí não ver “mal nenhum”, considera que não será isso “que vai resolver o problema”.Quanto a uma melhor e equitativa distribuição da publicidade institucional, lembra que já por diversas vezes foi tentado, mas a aposta foi sempre “gorada, pois foi o próprio Estado que acabou por não cumprir”, apontando o exemplo de outros países onde “o apoio aos órgãos de proximidade é efetivo”.Para Justino Engana, a questão é: “O que queremos para o futuro? Uma sociedade informada através do Facebook e do Tik-Tok, sem escrutínio jornalístico?”, questiona-se.

 

“Tudo isto pode acabar” O jornal “A Planície”, um título fundado em 1952 – e que, após um interregno nos anos 70, reapareceu em 1981 –, com sede em Moura, é um projeto quatro em um: jornal impresso, rádio e dois sites, dirigidos por José Manuel Albardeiro, que constata que a sua “realidade passa um pouco por aquilo que está a acontecer a nível nacional, mas, com uma agravante, estarmos numa região em que o tecido empresarial é mais frágil”. Defende, por isso, uma reflexão sobre os “apoios aos jornalistas e aos órgãos de comunicação social regional e local”, considerando que “propostas como o serviço gratuito da ‘Lusa’ ou o apoio à literacia não são suficientes”.

“No nosso caso, como empresa, os incentivos anuais à comunicação social, através da CCDR [Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional] Alentejo, clientes como autarquias, em particular, Moura e Serpa, e empresas da região têm sido importantes. Conseguimos modernizar-nos e criar um novo espaço físico com todas as condições de trabalho para acompanhar as novas tendências tecnológicas para informação, mas estes investimentos só fazem sentido com pessoas. O grande problema passa pela sustentabilidade financeira do dia a dia, com os ordenados dos profissionais e todas as despesas mensais inerentes à atividade. A publicidade teve um decréscimo, mas as despesas mensais aumentaram, a ginástica financeira está a tornar-se mais difícil”, explica José Manuel Albardeiro.A redação tem três jornalistas que alimentam as quatro plataformas de informação e, para além disso, emprega mais duas pessoas com funções noutras áreas e conta com uma dezena de colaboradores.

O diretor do jornal “A Planície” diz que o tempo que vivemos é “mais exigente para o jornalismo e para a comunicação social, seja nacional regional ou local. Credibilidade e rapidez são uma exigência diária, e não podemos deixar de acompanhar esta realidade, mas sempre com o nosso principal objetivo presente: a proximidade com as pessoas e instituições da região e combater a desinformação. Tudo isto é importante manter, mas se não houver vontade por parte dos políticos e governantes tudo isto também pode acabar”, conclui.

 

Privado e público par a par Carlos Lopes Pereira, diretor de informação da “Rádio Voz da Planície”, de Beja, considera que “para garantir aos cidadãos a concretização do seu direito à informação, o Estado deve apoiar os meios de comunicação social regionais com publicidade institucional justamente distribuída; formação e valorização profissional dos jornalistas; aquisição de equipamento; modernização tecnológica; e outros incentivos”.O jornalista defende que “deve existir na comunicação social, a par de meios privados, um forte setor do Estado que inclua imprensa, rádio, televisão, sítios web e agência noticiosa, setor esse gerido de forma autónoma e democrática”.

A “Rádio Voz da Planície” “é uma cooperativa que começou a emitir em 1989. Tem dois jornalistas e uma estagiária de Comunicação e Multimédia, além de três trabalhadores permanentes nas áreas da emissão, da técnica e da administração, e de colaboradores diversos”, vivendo “exclusivamente da publicidade angariada e de programas produzidos em parcerias com instituições públicas e privadas”, explica Carlos Lopes Pereira.

 

Ausência de empresas O “Correio Alentejo”, fundado em 2006, e mais recentemente o “Sudoeste”, são quinzenários que alternam a sua publicação. Carlos Pinto, diretor e o único jornalista residente, considera que “a grande dificuldade, no nosso território, é a ausência de empresas”.Para além das despesas fixas, “o grande custo tem a ver com a gráfica” em que são impressos os dois títulos. A possibilidade de o serviço da “Lusa” ser distribuído gratuitamente é visto como “menos uma despesa”, mas, apesar de tudo, “residual”.

Para Carlos Pinto, o facto de as câmaras municipais terem, cada vez mais, uma informação autónoma, por via dos gabinetes de informação, não é um problema, nem vê isso como concorrência, uma vez que “os leitores sabem distinguir um boletim municipal de um jornal regional”. A informação institucional tem de ser vista como “um ponto de partida para os jornalistas fazerem outro tipo de trabalho, nomeadamente, o contraditório” do que é anunciado.Defende apoios que não sejam “à la carte” e o porte-pago generalizado, para além de mais empenho da CCDR Alentejo no encontro de soluções para o setor. “O apoio à produção é uma coisa a considerar, tal como acontece com outros sectores, como a agricultura, por exemplo”, que, em determinadas condições, “ficam isentos de pagamento à Segurança Social e outros benefícios”.

 

Trinta e sete anos de emissão A “Rádio Castrense” (“RC”) celebrou ontem, dia 25, 37 anos de emissões regulares. Nélson Medeiros diz que, neste momento, conta com um jornalista, um animador e “muitos colaboradores não remunerados”.

Este responsável da rádio, que é propriedade da cooperativa Cortiçol, admite que “um jornalista é manifestamente pouco” e que isso é o resultado dos “baixos salários que não cativam” jovens profissionais. Valem-se dos estagiários “que vão tapando os buracos”, mas acredita que se o Instituto Politécnico de Beja tivesse um curso de Jornalismo poderia haver mais candidatos interessados a lugares permanentes. Defende “incentivos à contratação de jornalistas recém-licenciados para o interior – à semelhança do que se passa com os médicos – por um período mínimo de 24 meses”, com a ajuda do Instituto do Emprego e Formação Profissional e da Segurança Social.

Quanto às receitas, elas provêm “da gestão do Museu da Lucerna, da prestação de serviços a várias entidades” e da publicidade. “O serviço da ‘Lusa’ já seria uma ajuda, mas, por exemplo, nos direitos de antena só temos direito nas Autárquicas”, lamenta, acrescentando: “Tem de se olhar para as rádios como um serviço público”.

Independentemente das dificuldades, a “RC” tem feito um esforço de modernização tecnológica. Foi a única rádio local portuguesa a participar nos “Radio Days”, em Praga, um fórum em que discute o futuro da rádio, ao lado das portuguesas “RTP”, “Impresa” e “Rádio Renascença”, e prepara-se para marcar presença na próxima edição, neste ano, em março, em Munique, já que, diz Nélson Medeiros, se “aprende muita coisa”.

Talvez venha daí o esforço para concorrer aos programas de incentivo da CCDR Alentejo à modernização tecnológica o que lhes tem permitido “um bom conteúdo, com uma boa qualidade de som”. Recentemente investiram num backup energético que lhes dá autonomia para 24 horas, alimentada a energia verde.Quanto às alegadas pressões políticas por parte do poder, é claro: “Não sentimos qualquer pressão, mas é normal sentirmos o dever de dar mais atenção aos municípios que nos dão publicidade”.

 

Cada vez mais apreciados O “Lidador Notícias” é um projeto unipessoal de Teixeira Correia. Não por vontade própria, mas por incapacidade financeira em suportar mais efetivos. “Tenho tido propostas para estágios, mas não dá para aceitar. Com mais receitas poderia admitir mais um colaborador”, esclarece.O jornal on line de que falamos nasceu em 2015, centra o seu foco na “informação regional” e em artigos de opinião “não remunerados”. Sobrevive, exclusivamente, com base na publicidade angariada por um colaborador.

Vê com bons olhos a distribuição do serviço da “Lusa” de forma gratuita, apesar de “não a utilizar muito”, mas reclama por “mais publicidade institucional”.Está convencido de que “os órgãos locais são, cada vez mais, apreciados pelas populações” e refere que “muitas das notícias dadas em primeira mão” por estes projetos “são depois aproveitadas pelos media nacionais”.

Apesar das dificuldades financeiras recusa-se a cobrar o acesso ao sítio web que administra, “porque aquilo que fazemos é serviço público, e é importante que seja gratuito para poder chegar a toda a comunidade”.

 

Não à municipalização A “Rádio Vidigueira”, fundada a 30 de novembro de 1991, é propriedade da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Vidigueira (Ahbvv). Para Joaquim Oliveira, diretor da rádio, este é um modelo “que, por si, acarreta algumas dificuldades naturais, desde logo porque a principal atividade desta casa é o socorro e, logicamente, os órgãos sociais olham primeiro para esse vetor da associação e só, num segundo plano, para a rádio, que fica um pouco à margem”.

Isso não impede que a sua emissão seja produzida a 90 por cento com meios próprios, sendo o restante “por pessoas que nos fazem chegar os programas já editados”. Nos quadros tem um jornalista a tempo inteiro e uma animadora e um técnico de estação a tempo parcial, sendo que “o resto do tempo destes elementos é feito na secretaria da Ahbvv”. A equipa fica completa com três animadores e quatro colaboradores em programas de opinião e debate.A maior fatia do financiamento da estação vem da publicidade e de “algumas ações” que vão promovendo “ao longo do ano”. Joaquim Oliveira diz que não sente qualquer tipo de pressão por parte do poder local, mas queixa-se de “muitas dificuldades no acesso a fontes de informação”. “Não é fácil, talvez porque a ‘Rádio Vidigueira’, enquanto órgão de comunicação ‘periférico’, seja preterido, por vezes, em relação aos órgãos da capital de distrito”.Admite como uma boa solução o acesso gratuito ao serviço da agência “Lusa”, que já usufruiu em tempos, mas que foi cancelado “por questões de ordem financeira”.

Os apoios que resultam dos incentivos à comunicação social, através da CCDR Alentejo, “são manifestamente insuficientes”, mas acha que “os apoios estatais à tesouraria, ou a municipalização, são questões delicadas que devem ser bem ponderadas. As rádios locais são um órgão de proximidade, e apoios de proximidade podem levar às tais pressões. Daí não ser adepto da municipalização dos órgãos de comunicação locais”.Tal como outros meios, critica o facto de “as rádios locais só entrarem no cenário dos tempos de antena eleitorais nas eleições Autárquicas”, quando são os meios informativos “de maior proximidade com a população”.

 

Muito para refletir António Lúcio, responsável máximo da “Rádio Pax” (nas ondas hertzianas e on line) – rádio que nasceu no dia de Natal de 1984 – diz que são “preocupantes os desafios que os órgãos de comunicação regional estão a enfrentar” e que colocam “em causa a sua sobrevivência”, nomeadamente, por causa do seu “financiamento e recursos financeiros limitados; dependência da publicidade local; concorrência dos media nacionais; e pressões políticas locais e regionais”.

Acrescenta, ainda, um quinto fator que tem contribuído para a falência de vários projetos: “A incapacidade e total falta de conhecimento que a maior parte das direcções e administrações têm para definirem e desenvolverem projetos de comunicação com qualidade e financeiramente sustentáveis”.

“Um projeto de comunicação social deve ser moldado à realidade da sua região. Se o tecido publicitário é fraco e são escassas outras fontes de rendimento, obviamente, que não podem ter redações com cinco ou seis jornalistas e 10 noticiários por dia. Num cenário destes é preferível reduzir o número de profissionais e apresentar outro tipo de conteúdos. Ou seja, em vez de se concentrarem apenas na quantidade de profissionais, a estratégia pode ser direcionada para a especialização e eficiência”, explica o diretor-geral da “Rádio Pax”.

Reconhece que os apoios do Estado “são poucos ou nenhuns”, mas também aponta o dedo a muitos órgãos regionais que “não fizeram nada para entrar em outros caminhos e ficaram à espera das migalhas do governo. Resultado: falta investir e acompanhar as mudanças tecnológicas, dificuldade na contratação de profissionais, complicações em ter ordenados em dia, e, inevitável, despedimentos e fechar portas”.

Quanto à alegada pressão dos órgãos políticos locais e regionais, considera não ser “ficção”. “É uma realidade que compromete a independência jornalística. A maior parte dos órgãos de comunicação regionais evitam criticar ou investigar assuntos sensíveis, que possam, de alguma forma, beliscar certa entidade. Muitos são simples porta-vozes dessas entidades, caso contrário deixam de ter as ‘atenções’ necessárias para subsistir. É uma realidade”, acusa, apontando como consequência “a falta de independência editorial que afeta negativamente a qualidade do jornalismo regional”, colocando em causa “a confiança do público na isenção da informação” e “limita a capacidade dos meios para desempenhar um papel crítico na supervisão das autoridades locais e regionais. Tudo isto enfraquece a nossa democracia”.

António Lúcio acha que estas são questões que vale a pena debater e desafia o “Diário do Alentejo” – em conjunto com a “Rádio Pax” – a promover um debate alargado sobre todos estes assuntos. “Há muito para refletir”, conclui.

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