Diário do Alentejo

Lares da CVP fecham, mas só depois de encontrada “solução para todos”

18 de janeiro 2024 - 16:00
Falta de condições nos dois edifícios em Beja e incapacidade financeira ditam encerramentoFoto | José Ferrolho/Arquivo

As duas estruturas residenciais para pessoas idosas da Cruz Vermelha, localizadas no centro histórico da cidade de Beja, vão ser encerradas, mas só depois de “encontrada a melhor solução para todos”, garante a instituição.

Texto Nélia Pedrosa

A Cruz Vermelha Portuguesa (CVP) confirmou na terça-feira, numa nota de esclarecimento enviada ao “Diário do Alentejo” (“DA”), que as suas duas estruturas residenciais para pessoas idosas (ERPI), localizadas no centro histórico de Beja, irão encerrar, no entanto, garantiu que tal não acontecerá até “ser encontrada a melhor solução para todos”.

“Tendo em conta o atual estado dos edifícios onde funcionam as respostas, a Cruz Vermelha Portuguesa está ativamente, e em coordenação com as restantes entidades competentes, a procurar a melhor solução para toda a comunidade abrangida pelas ERPI”, adiantou a CVP, garantindo, também, que “está comprometida com os utentes das ERPI [59], com as suas famílias e com todos os funcionários que diariamente ali trabalham [25]”. Na mesma nota, a CVP sublinha, ainda, que, de momento, “é toda a informação disponível sobre o assunto”.

Este encerramento definitivo das duas ERPI, segundo apurou o “DA”, dever-se-á à falta de condições dos dois edifícios que albergam as referidas respostas e à incapacidade financeira da CVP para resolver o problema.

No mesmo esclarecimento, a Cruz Vermelha Portuguesa refere que, “relativamente ao edifício arrendado à Infraestruturas de Portugal [IP], e atendendo a que os pressupostos inicialmente subjacentes a este projeto não se concretizaram” – a construção de uma estrutura residencial para pessoas idosas e serviços de apoio residencial para instalar os utentes que se encontram nos dois lares já referidos –, “irá proceder ao entaipamento do edifício imediatamente após a sua desocupação, que será promovida pelas entidades competentes, com quem está em estreita coordenação”, aliás, como já tinha sido avançado pelo “DA” no final de novembro.

O contrato de arrendamento das antigas instalações da Refer – hoje propriedade da IP – data de novembro de 2012 e é válido por 20 anos renováveis por igual período. No entanto, em fevereiro de 2017, as obras pararam por falta de financiamento. Entretanto foram gastos cerca de 1,5 milhões de euros nas poucas obras realizadas, na amortização do empréstimo de 500 milhões de euros e na renda mensal de 8500 euros.

O edifício, que se encontra em total estado de abandono, tem vindo a ser ocupado por pessoas em situação de sem-abrigo e toxicodependentes.

Em novembro, o presidente da Câmara Municipal de Beja, contactado pelo “DA”, adiantava que a autarquia se disponibilizou para realizar uma “limpeza geral ao edifício” e, em conjunto com outras entidades – Segurança Social e Polícia de Segurança Pública –, “encontrar solução para o alojamento das 30 a 35 pessoas [portuguesas e estrangeiras] que permanecem no espaço”, nomeadamente, recorrendo à rede nacional de apoio a sem-abrigo.

A questão do “edifico da Refer”, segundo apurou o “DA”, foi uma das abordadas no decorrer de uma reunião do Núcleo de Planeamento e Intervenção Sem-Abrigo de Beja (Npisa), realizada na tarde de quarta-feira e que terminou já depois do fecho da presente edição.

O Npisa, que é coordenado pela Câmara de Beja, integra a associação Estar, a Cáritas Diocesana de Beja, o Instituto do Emprego e Formação Profissional, o Centro Distrital de Beja do Instituto da Segurança Social, a Rede Europeia Anti-Pobreza, a Polícia de Segurança Pública, a Santa Casa da Misericórdia de Beja e a Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo.

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