Partilha, proximidade, felicidade e saúde. Para o presidente do Centro Social Nossa Senhora da Graça, em Baleizão, promotor da iniciativa, estas são as palavras que melhor definem o novo grupo de voluntários “Ser + Social”. Focado em ações específicas junto da comunidade, principalmente, sénior, o núcleo quer “envolver as pessoas e a comunidade”, bem como combater o isolamento social, as depressões geriátricas e a falta de tempo “a dar aos outros”.
Texto Ana Filipa Sousa de Sousa
Criado há cerca de cinco meses, o “Ser + Social”, dinamizado a partir da Incubadora de Inovação Social do Baixo Alentejo, sediada em Beja, e, consequentemente, da responsabilidade do Centro Social Nossa Senhora da Graça de Baleizão (Csnsg), apresenta-se como um projeto de voluntariado diferenciador que quer “quebrar barreiras da idade” e fomentar “uma comunidade mais coesa”.
Este primeiro grupo, com “mais de duas dezenas” de voluntários, maioritariamente, do sexo feminino e com idades compreendidas entre os 40 e os 80 anos, tem como pontos de interesse a “questão da saúde, do bem-estar, da saúde mental e da felicidade para si e para os outros”.
“[Eles] não se focam apenas numa ação concreta, mas dedicam o seu tempo à comunidade e àquilo que ela necessita e isso, de alguma forma, é diferenciador dos demais grupos de voluntários. Nós, enquanto serviço de apoio domiciliário em IPSS [instituição particular de solidariedade social], não temos tempo, recursos e disponibilidade para poder ter este serviço e com a criação de grupos de voluntariado de proximidade e de vizinhança podemos colmatar e melhorar estas respostas”, explica, ao “Diário do Alentejo”, o presidente do Csnsg, João Cascalheira. “Por exemplo, a ideia é também passar algum tempo com a pessoa que está sozinha e que não tem ninguém que a visite, que não tem ninguém com quem conversar, que não tem ninguém com quem ir às compras. Este trabalho precisa de ser feito por um grupo de voluntários”, acrescenta.
Embora o seu tempo de intervenção seja “ainda curto”, iniciado em junho, o grupo tem vindo a desenvolver “uma série de atividades e oficinas com a comunidade”, como a “Oficina colaborativa”, na Casa da Cultura de Beja, estando em vista o começo de um trabalho conjunto com “diferentes instituições do nosso concelho”.
TRANSMISSÃO DE CONHECIMENTOS
Além das ações desenvolvidas com a comunidade sénior, o “Ser + Social” tem estado concentrado em transmitir conhecimentos a pessoas com deficiência, desempregados de longa duração e à comunidade escolar.
“Têm um projeto, que a mim me agrada muito pelo simbolismo e por a potencialidade que tem, que é o ‘Abayomi’, em que eles fazem bonecas [negras] com os miúdos da primária e pré-primária e consciencializa-os, de forma lúdica, para a igualdade e, principalmente, em territórios como os nossos, para a migração e para a diferença de culturas, [porque], no fundo, somos todos seres humanos e temos de estabelecer pontes para nos entendermos. Esta é uma mensagem muito bonita e positiva que é passada”, refere.
Com muitas ideias ainda na cabeça, o grupo de voluntários está agora a criar o seu plano de atividades, tendo em atenção ações que “potenciam as relações intergeracionais, as relações comunitárias, mas também a questão do transmitir conhecimentos e aprendizagens”.
Para breve espera-se ainda a criação de um grupo de voluntariado jovem que dê resposta a outros problemas e que incentive esta faixa etária a dedicar tempo aos outros. “Cada vez mais, numa sociedade que cada vez é mais individualista e focada no tempo e na falta de tempo, acho que é muito importante que nós, por uma questão de saúde mental, bem-estar e qualidade de vida, tenhamos disponibilidade para nos dedicarmos a outras coisas. E isso é uma mensagem forte que passa e que acho que nestes dias de hoje será um caminho que temos de ter em consideração para seguir”, conclui.
Hoje, sexta-feira, o “Ser + Social” dá-se a conhecer, às 17:30 horas, no Centro Unesco – Salvaguarda do Património Cultural Imaterial, em Beja, a toda a comunidade. A sessão, que terá também um momento musical, contará com diferentes instituições de voluntariado que darão o seu testemunho relativamente ao trabalho que têm vindo a desenvolver, chamando ainda a atenção para a necessidade de se criarem mais grupos do género.