Três Perguntas a João Cascalheira, presidente do Centro Social Nossa Senhora da Graça - Baleizão
A propósito do recente projeto “Recuperar a Memória - Preservar o Património Religioso”, promovido pela Incubadora de Inovação Social e pelo Centro Social Nossa Senhora da Graça, em Baleizão, o “Diário do Alentejo” conversou com o presidente do último organismo, Francisco Cascalheira, sobre os principais objetivos a que esta iniciativa se propõe, os desafios que devem ser refletidos quanto ao turismo religioso na região, assim como a sua opinião quanto ao turismo cultural e religioso do Baixo Alentejo ser um produto estratégico para o País.
Texto | José Serrano
(COLOCAR A SUBSCRIÇÃO)
A Incubadora de Inovação Social do Baixo Alentejo e o Centro Social Nossa Senhora da Graça apresentaram, recentemente, em Baleizão, o projeto “Recuperar a Memória Preservar o Património Religioso”. Quais os principais objetivos a que esta iniciativa se propõe?
Com este projeto pretende-se promover a conservação e valorização do património histórico-cultural presente na freguesia de Baleizão, dinamizando ações de salvaguarda, animação e promoção desse mesmo património cultural. O objetivo é consolidar a região como destino turístico de excelência, que alicerça a sua oferta em recursos identitários do território, garantindo que a sua fruição respeita a autenticidade e o desenvolvimento sustentável da região e da sua comunidade.
O secretário de Estado do Turismo, Nuno Fazenda, afirmou, em fevereiro, que o turismo cultural e religioso é um produto estratégico para o País. Considera que isso poderá ser extrapolado para o Baixo Alentejo?
A adoção de estratégias de desenvolvimento local que incluam a preservação de património cultural e religioso, seja ele material ou imaterial, possibilita a proteção e o reforço do sentimento de comunidade e de identidade coletiva. Permite a criação de novos dinamismos culturais e turísticos que promovem a criação de emprego e a fixação de pessoas em territórios com fortes problemáticas ao nível demográfico. A salvaguarda, valorização e dinamização de património cultural, natural e paisagístico, ligado à história de um povo, e a estratégias de desenvolvimento sustentável nas suas características ambientais, naturais, sociais e económicas, desempenham, também, um importante papel na viabilização económica e social destes territórios. Se a essa visão associarmos instrumentos de valorização turística, que incluam ações de promoção, de visitação e rotas turísticas, obteremos maior eficácia na concretização desse desenvolvimento, que se quer integrado e sustentável. Esta situação adequa-se plenamente à nossa região, que pode ser muito valorizada com a recuperação do seu património religioso e a sua disponibilização para fins turísticos.
Quais os principais desafios do turismo religioso na região que devem ser objeto de reflexão?
De forma sucinta, o estado de degradação em que muito do património se encontra, bem como a resistência para que se torne visitável e seja utilizado para fins turísticos. É necessário recuperar esse património e torná-lo visitável. Os territórios em perda demográfica confrontam-se, muitas vezes, com a enorme dificuldade em preservar e manter um grande espólio patrimonial. São necessários apoios e visão estratégica para se poder transformar esta dificuldade numa oportunidade.