Poli’Cante é o nome do coral alentejano do Instituto Politécnico de Beja (IPBeja) que integra alunos cantadores provenientes de vários países. O “Diário do Alentejo” falou com o mestre ensaiador do projeto, o músico Paulo Ribeiro, que manifesta o seu entusiasmo por este novo desafio que se lhe coloca.
Texto | José Serrano
O IPBeja vai acolher, neste ano letivo de 2023/2024, os novos estudantes da instituição através da dinamização de um conjunto de atividades culturais que irão culminar com a criação do Poli’Cante, o grupo coral misto de cante alentejano do IPBeja. Financiado pela Direção-Geral do Ensino Superior, trata-se de um projeto “definido pela pluralidade e diversidade”, que, integrando estudantes de várias nacionalidades, corporiza a “multiculturalidade que, hoje, se vive pelo campus do IPBeja”. É propósito desta iniciativa promover a integração dos estudantes através da participação “em atividades de interpretação artística”, contribuindo, simultaneamente, para a “preservação do cante alentejano”. Pretende, ainda, o IPBeja, dinamizar uma digressão do Poli’Cante por outras instituições de ensino superior nacionais e internacionais.
O músico Paulo Ribeiro, ensaiador do coral, revela ao “Diário do Alentejo” estar “manifestamente entusiasmado” com o “enorme desafio” que lhe foi proposto, “fazer a gestão artística deste projeto”, que “visa promover a integração dos alunos, quer no IPBeja, quer na comunidade”, e constituir-se, ao mesmo tempo, “através de uma equipa ampla”, como “um projeto relevante” para a instituição de ensino e para a cidade. Um entusiasmo que, diz, “fervilha”, também, nos rapazes e nas raparigas, futuros cantadores, que, através do cante alentejano, “poderão adquirir”, mais facilmente, um sentimento de pertença à escola, ao grupo, a partir da “identidade forte” deste património musical. Pelas modas alusivas a aspetos vários da cultura alentejana, “quem chega vai perceber melhor o que é Beja”, sendo que, nestas perspetivas de conhecimento e de integração, este será, “para além de musical, um trabalho sócio/cultural”.
O músico diz estar “convencido” de que esta iniciativa, “inovadora”, irá aproximar o IPBeja da cidade e da região, ao mesmo tempo que permitirá, através dos espetáculos, a sua divulgação em outras regiões do País. “E porque não, também, no estrangeiro”, questiona. Até lá, os primeiros ensaios, previstos iniciarem-se brevemente, incidirão, fundamentalmente, nas modas do cancioneiro alentejano, não significando tal premissa que novas abordagens não venham a ser consideradas.
“Vamos, naturalmente, começar por trabalhar as melodias tradicionais do cante, o reportório que é a base do cancioneiro”, diz, sublinhando, contudo, que tal não invalida que possam vir a ser percorridos outros caminhos, que permitam, por exemplo, a criação de modas inéditas, provenientes da exploração de novas melodias e letras, alicerçadas em “temas que podem ser caros a alunos que venham de outros lugares”. A eventualidade de explorar esta multiplicidade cultural proveniente dos alunos intervenientes poderá ser, “criativamente, muito interessante”, considerando, Paulo Ribeiro, esta abordagem, “uma grande oportunidade para o cante” pela possibilidade de ser conhecido “por pessoas vindas de outros países” e pela hipótese de o virem a interpretar de maneiras diferentes. “Defendo que o cante tradicional não pode deixar de existir, é aí que está a base de tudo, mas considero, também, que o cante dos dias de hoje tem de ser do mundo, deve abrir-se a novas melodias, a outras perspetivas e fundir-se com outras músicas”, afirma Paulo Ribeiro.