No ano letivo de 2021/2022, segundo dados do mais recente relatório “Perfil do Aluno”, assistiu-se à primeira subida, numa década, do número de alunos matriculados nos ensinos básico e secundário. Ainda de acordo com os dados da Direção-Geral de Estatísticas de Educação e Ciência, em 10 anos as escolas alentejanas perderam quase 11 mil alunos. No ano letivo de 2021/2022 assistiu-se, também, a uma diminuição da taxa de retenção e desistência no ensino básico comparativamente ao ano anterior.
TEXTO NÉLIA PEDROSA
Em 10 anos, os estabelecimentos de ensino públicos e privados do Alentejo perderam 10 850 alunos nos ensinos básico e secundário. De acordo com o “Perfil do Aluno 2021/2022”, publicado recentemente pela Direção-Geral de Estatística da Educação e Ciência, no referido ano letivo estavam matriculados nas escolas alentejanas 83 817 alunos, menos 11,5 por cento do que em igual período de 2011/2012 (94 667).
Analisando a informação estatística por nível de ensino, o maior decréscimo nas escolas alentejanas verificou-se no básico, com menos 14,2 por cento de alunos inscritos em comparação com o ano letivo de 2011/2012 (menos 9653 alunos), com destaque para o 1.º ciclo, com uma redução de 21 por cento (menos 5243 alunos), seguido do 2.º ciclo (-19,8 por cento, menos 2673 alunos) e do 3.º ciclo (-8,7 por cento, menos 1737 alunos). No ensino secundário verificou-se uma redução de 4,5 por cento entre os anos letivos de 2011/12 e de 2021/22.
Ainda assim, e seguindo a tendência nacional, no ano letivo 2021/2022 assistiu-se à primeira subida, numa década, do número de alunos matriculados no básico e secundário em relação ao ano anterior. Assim, segundo os mesmos dados, no ano letivo de 2021/2022 matricularam-se nas escolas alentejanas mais 1176 alunos do que em 2020/2021.
Ao nível da educação pré-escolar, em 2021/2022 estavam inscritas no Alentejo 17 615 crianças, menos 8,5 por cento do que em 2011/2012 (17 111). Contrariamente ao verificado nos ensinos básico e secundário, o número de crianças matriculadas no pré-escolar tem vindo a aumentar desde 2018/2019, verificando-se a maior subida no ano letivo de 2021/2022 (+2,9 por cento comparativamente a 2020/21, ou seja, mais 504 crianças).
Taxa de retenção e desistência diminui no 1.º ciclo
De acordo com os dados da Direção-Geral de Estatísticas de Educação e Ciência, no ano letivo de 2021/2022 assistiu-se, ainda, nos estabelecimentos de ensino do Alentejo, a uma diminuição da taxa de retenção e desistência no ensino básico comparativamente ao ano anterior (de 4,6 para 4,3 por cento), um valor, no entanto, acima da média nacional (3,0 por cento), mas, ainda assim, muito inferior ao registado no ano letivo de 2011/2012 – 11,4 por cento (9,6 por cento de média nacional).
Já analisando os dados por ciclo de estudo, verifica-se que somente o 1.º ciclo registou um decréscimo da taxa, passando de 3,6 por cento em 2020/2021 para 2,9 por cento em 2021/2022, sendo que os outros dois ciclos mantiveram os valores de retenção e desistência do ano letivo de 2020/2021 (4,5 por cento no 2.º ciclo e 5,8 no 3.º ciclo). Em todos os casos, também acima das médias nacionais registadas em 2021/22 – 1,7 por cento no 1.º ciclo, 3,2 por cento no 2.º ciclo e 4,4 por cento no 3.º ciclo.
A informação estatística disponibilizada por município indica, ainda, que em 2021/2022, no distrito de Beja, as taxas de retenção e desistência no ensino básico mais elevadas registaram-se nos concelhos de Beja, Cuba, Ferreira do Alentejo, Moura, Odemira, Ourique, Serpa e Vidigueira, com valores entre os 6,1 e os 9,1 por cento. Aljustrel e Barrancos apresentavam taxas entre os 3,0 e os 6,0 por cento e Alvito, Almodôvar, Castro Verde e Mértola abaixo dos 3,0 por cento. Em comparação com o ano letivo anterior, destaca-se a diminuição das taxas de retenção e desistência nos concelhos de Vidigueira e Mértola e a subida nos concelhos de Odemira e Ourique.
Taxa de retenção no 9.º ano duplica no Baixo Alentejo
Ainda segundo o relatório “Perfil do Aluno 2021/2022”, o Alentejo Litoral é a sub-região alentejana que apresenta a taxa de retenção e desistência no 9.º ano do ensino básico mais elevada (6,3 por cento), seguida do Baixo Alentejo (5,9 por cento), do Alto Alentejo (4,6 por cento) e do Alentejo Central (3,4 por cento). Fazendo a comparação com o ano letivo de 2020/2021, com exceção do Alto Alentejo, todas as sub-regiões registaram um aumento da taxa, em especial o Baixo Alentejo, que duplicou o seu valor (de 2,7 por cento para 5,9 por cento). No ano letivo de 2011/2012 a taxa de retenção e desistência no 9.º ano no Baixo Alentejo situava-se nos 18,2 por cento.
Já no ensino secundário, no Alentejo, a taxa de retenção e desistência não sofreu qualquer alteração de 2020/2021 para 2021/2022, situando-se nos 8,3 por cento, o mesmo valor da média nacional. Analisando os dados por município, verifica-se que, no distrito de Beja, os concelhos de Alvito, Ourique e Vidigueira são os que registam as taxas mais elevadas, acima dos 13,4 por cento, seguidos de Aljustrel, Beja, Cuba e Odemira (entre 8,4 e 13,4 por cento) e de Almodôvar, Castro Verde, Mértola, Moura e Serpa (entre 3,3 e 8,3 por cento). Barrancos é o único município do distrito sem ensino secundário. Comparando com o ano letivo de 2020/2021, destacam-se as subidas da taxa de retenção e desistência no ensino secundário em Alvito, Ourique e Vidigueira e a descida em Ferreira do Alentejo. Os restantes concelhos mantiveram, sensivelmente, os valores do ano transato.
Os autores do relatório sublinham que o documento não é “um fim em si mesmo, mas constitui-se, essencialmente, como um instrumento de suporte às mais variadas análises sobre o perfil dos alunos que possam ser feitas a partir de diversas perspetivas”.