“Saberes e Sabores Tradicionais” é o nome do projeto da Câmara Municipal de Almodôvar, em parceria com o Nerbe/Aebal – Associação Empresarial do Baixo Alentejo e Litoral, que visa preservar, promover e divulgar os produtos locais para manter a sua ancestralidade. Mel, água-mel, medronho, bolo chibo ou cozido de grão são alguns dos produtos em destaque.
Texto | Ana Filipa Sousa de Sousa
Com data de término no final do ano, o projeto “Saberes e Sabores Tradicionais”, promovido pela Câmara Municipal de Almodôvar, entrou agora na sua última fase, ou seja, a “divulgação daquilo que foram os objetivos” e os resultados obtidos nos “cadernos de encargos/referenciais” produzidos nos últimos meses.
“O projeto visa promover os produtos e os saberes do Baixo Alentejo, especificamente, os do concelho de Almodôvar, como o artesanato, o mel, o pão ou o medronho, para que exista mais procura e conhecimento profundo destes produtos. [Assim], o que fizemos foi criar cadernos de encargos de cada produto para que as gerações vindouras possam ter referenciais de como os fazer à moda antiga”, explica ao “Diário do Alentejo” o presidente da autarquia, António Bota.
A perda do conhecimento passado de geração em geração motivado pelo espírito de produção em massa tem condicionado “aquilo que é a nossa ancestralidade e a nossa cultura”, como “o saber fazer medronho ou o saber temperar o mel para que saia mais ou menos doce”, adianta.
“Já não existe a passagem de testemunho de como é que se fazem os produtos e de como se mantém a qualidade, porque a maior parte das pessoas hoje quer produzir em escala com uma maior rentabilidade e vender a maior quantidade de produtos, tendo lucro. A nossa ideia para este projeto era precisamente preservar aquilo que são os nossos saberes e sabores, aquilo que é a nossa tradição”, realça.
“NÃO HÁ NINGUÉM QUE ESTEJA PREPARADO PARA SUBSTITUIR” QUEM ESTÁ A TRABALHAR
Típica do concelho, a produção de medronho é uma das fileiras que, neste momento, está ameaçada devido à falta de novos produtores. Segundo António Bota, em Almodôvar há “excelentes produtores de medronho, mas não há geração nova a pegar no negócio”, o que faz com que seja urgente dinamizar esta área “de modo a que existam pessoas com vontade de continuar, de dar-lhe a mão e fazê-la render e manter a tradição”.
Assim, o “Saberes e Sabores Tradicionais” surge com a missão de deixar “um grande testemunho daqueles que sabem fazer”, com “notas muito profissionais”, fotografias e vídeos, para que, num futuro, “não sabendo, ou não tendo o avô, o pai ou a mãe para dizer como é que aquilo se faz”, haja “um referencial de como é que se fazia em 1990, em 2000 ou em 2022, e em 2040, 2050 ou em qualquer altura se possa agarrar e voltar a reproduzir aquilo que é a nossa ancestralidade”.
O projeto contou com “cerca de 20 pessoas”, que contribuíram em entrevistas e captações de sinergias, tendo sido posteriormente feita a sua promoção em feiras e mercados locais. Por agora aguarda-se a publicação do livro referencial.
APRESENTAÇÃO DE RESULTADOS PELO BAIXO ALENTEJO
De acordo com o presidente da Câmara de Almodôvar, António Bota, a divulgação dos resultados do projeto está a ser feita “por todos os concelhos do Baixo Alentejo”. Hoje, sexta-feira, a mesma decorre no auditório do fórum cultural do Convento de Nossa Senhora da Conceição, em Almodôvar, às 15:00 horas.