Diário do Alentejo

Bastonário pede “intervenção rápida” do Governo para captar médicos para Beja

22 de setembro 2023 - 09:00
Carlos Costa defende discriminação positiva para a região
Foto | D.R.Foto | D.R.

O bastonário da Ordem dos Médicos, Carlos Cortes, defendeu, na passada segunda-feira, dia 11, uma “intervenção rápida” do Governo, para ser possível captar mais clínicos para o hospital de Beja e para a Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo (Ulsba).

 

Texto “DA” COM “LUSA”

 

“Perante a situação grave que a Ulsba está a atravessar, se não houver uma intervenção rápida e consistente do Ministério da Saúde […] vamos ter aqui grandes dificuldades de resposta, não só na área de ambulatório e nas consultas de várias especialidades, mas sobretudo na área do serviço de urgência”, disse à agência “Lusa” o bastonário.

Carlos Cortes falava no final da visita, realizada ao longo do dia à Ulsba. A iniciativa incluiu uma passagem pelo Hospital José Joaquim Fernandes, reuniões com o conselho de administração da Ulsba e com médicos, e visitas às unidades de Cuidados de Saúde Personalizados e de Saúde Familiar de Beja.

Apesar de, ao longo do dia, ter encontrado “colegas muito motivados”, Carlos Cortes destacou as “enormes dificuldades da Ulsba, nomeadamente em captação, fixação e em manutenção de profissionais de saúde – médicos essencialmente.

“Os próximos tempos anunciam-se de grande dificuldade para esta unidade local de saúde”, acrescentou o bastonário, dando como exemplo o facto de “dois terços dos [65] médicos de família [da Ulsba] terem mais de 60 anos”.

“O que significa que, nos próximos anos, eles vão sair da unidade local de saúde e vamos estar perante uma situação de grande carência e grande dificuldade em termos de resposta nos cuidados de saúde primários”, disse.

Carlos Cortes mostrou-se igualmente apreensivo com o facto de, na área da cirurgia, seis médicos do hospital de Beja no ativo contarem “mais de 50 anos, com uma perspetiva também de curto prazo de reforma”.

“Juntando isto à dificuldade de recursos humanos na Anestesiologia, na Urologia ou na Otorrinolaringologia, vamos ter aqui uma grande dificuldade de resposta deste hospital a situações cirúrgicas, nomeadamente situações de urgência”, afiançou.

Perante esta realidade, Carlos Cortes defendeu que o ministro da Saúde, Manuel Pizarro, deve deixar de “se concentrar exclusivamente nos anúncios espetaculares que tem feito nos últimos tempos” e concentrar-se “efetivamente na resolução de problemas concretos”.

“Nomeadamente numa discriminação positiva para o hospital de Beja e para a Ulsba”, reforçou, lembrando “que um dos maiores valores do Serviço Nacional de Saúde são os seus profissionais e seus médicos”.

Por isso, disse, “o Ministério da Saúde tem de fazer um maior esforço para captar mais médicos para a Ulsba”.

O bastonário da Ordem dos Médicos anunciou ainda que os problemas registados na Ulsba seriam reportados por si durante a reunião, agendada para a semana que agora termina, com o ministro Manuel Pizarro.

 

A NECESSIDADE DE MÉDICOS

Até ao fecho da edição do “Diário do Alentejo” ainda não havia resposta por parte do Ministério da Saúde às questões colocadas pelo deputado do PCP, eleito por Beja, João Dias, a propósito da falta de profissionais no Hospital José Joaquim Fernandes. As perguntas, enviadas no início do passado mês de julho, aguardam pelas respostas em que se darão conta das necessidades manifestadas pela Ulsba. Segundo o jornal “Público”, das 11 unidades locais de saúde e centros hospitalares sobre os quais foram pedidos esclarecimentos pelo PCP, apenas sete responderam (tendo em conta os planos de atividades e orçamentos que as unidades de saúde facultam ao Ministério da Saúde), faltando ainda, para além da Ulsba, a Unidade Local de Saúde do Norte Alentejano, o Hospital de Évora e o Centro Hospitalar e Universitário do Algarve. As sete unidades que responderam identificaram a falta de cerca de 600 médicos. 

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