Diário do Alentejo

Atraso em obras da Águas do Alentejo deixaram Pias e Beringel sem água

25 de agosto 2023 - 13:00
Nova ETA do Enxoé entra em funcionamento no início do ano
Foto | Ricardo ZambujoFoto | Ricardo Zambujo

Devido a obras – ou da falta delas – a cargo das Águas Públicas do Alentejo (AGDA), as freguesias de Pias, em Serpa, e de Beringel, em Beja, ficaram sem abastecimento de água durante alguns períodos neste mês. Por agora o problema parece estar resolvido, mas, em ambos os casos, só a conclusão de obras estruturais pode assegurar a chegada de água às torneiras de forma contínua no futuro.

 

Texto Aníbal Fernandes

 

Nos passados dias 12 e 13, a população de Pias viu-se confrontada com a inexistência de água nas suas torneiras. Em comunicado, a Câmara Municipal de Serpa (CMS) informou que em virtude de os “aumentos de consumo verificados, decorrentes do tempo quente”, e a “incapacidade de produção de água”, o abastecimento iria sofrer constrangimentos, nomeadamente, entre as 22:00 e as 06:00 horas desses dias.

 

João Efigénio Palma, presidente da CMS, explicou ao “Diário do Alentejo” (“DA”) que, apesar de a barragem do Enxoé – albufeira que abastece os concelhos de Serpa e Mértola – se encontrar a 80 por cento da sua capacidade total, “a subida muito acentuada do consumo” veio por a nu “a incapacidade da estação de tratamento de água (ETA) para produzir água em condições e quantidade” suficientes.

 

Esta situação ocorre quando já se encontra em construção uma nova ETA, que deverá estar a funcionar no início do próximo ano, garantiu ao “DA” o administrador executivo da AGDA, João Maurício.

 

O autarca de Serpa recorda que “após três concursos terem ficado desertos” a dona da obra conseguiu avançar com o empreendimento que irá “duplicar a produção de água”.

 

Por enquanto, “com o aumento do consumo, a atual ETA não dá resposta” e a autarquia fez a “opção técnica” de encerrar a via de abastecimento a Pias, mantendo a segunda saída a funcionar para o resto do concelho e para Mértola. Nesse período o abastecimento ao reservatório da freguesia foi assegurado por autotanques.

 

O autarca lamenta a situação e as dificuldades criadas e apela à população “para que utilize a água de uma forma racional e moderada, pois é um bem que cada vez mais se verifica escasso e precioso”.

 

BERINGEL: ROTURA EXPONTÂNEA

No dia 15, às 13:00 horas, “uma rotura espontânea ocorrida na conduta adutora no troço entre os reservatórios de Mombeja e de Beringel” obrigou a AGDA a mobilizar os meios necessários para proceder à reparação da mesma.

 

No entanto, segundo a AGDA, “após a conclusão da reparação, e durante o processo de enchimento, verificou-se uma nova rotura na mesma conduta, na zona de atravessamento do IP8 junto a Beringel”, que apenas foi possível reparar no dia seguinte devido à necessidade de “autorizações das entidades competentes” para “o corte parcial da referida estrada”.

 

Mas como um azar nunca vem só, “durante o novo processo de enchimento verificou-se uma série de roturas sucessivas em várias zonas da referida conduta, que foram reparadas de imediato por equipas da AGDA que estiveram em permanência no local durante todo este período”, tendo o problema ficado resolvido pelo meio-dia do dia 18, sábado.

 

Para além dos inconvenientes causados à população, o setor da restauração foi muito afetado, tendo pelo menos um restaurante encerrado a atividade, arcando com os prejuízos materiais que daí advieram.

 

A AGDA ainda recorreu à “contratualização do transporte de água – 613 metros cúbicos de água, de 16 a 18 de agosto – por autotanques das corporações dos bombeiros de Beja, Alvito, Almodôvar, Castro Verde, Cuba, Ourique e Viana do Alentejo”, mas, “apesar deste reforço de abastecimento, as condicionantes na adução provocadas pelas sucessivas roturas, associadas às captações elevadas que se verificam nesta altura do ano, motivaram uma rápida perda de nível no reservatório”.

 

Vitor Besugo, presidente da Junta de Freguesia de Beringel, em declarações ao “DA”, diz que a situação resulta do atraso na construção da variante, altura em que a construção da conduta deveria ser realizada.

 

Perante este cenário, o autarca diz que “a AGDA tem de avançar, desde já, com a construção de uma nova conduta” de forma a impedir que as roturas voltem a acontecer. Segundo apurámos, o lançamento da obra por administração direta está a ser equacionado pela empresa.

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