Diário do Alentejo

“Que seja reconhecido como um dos grandes pintores de Beja”

20 de agosto 2023 - 17:00
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Jorge Dimas nasceu em 1955, em Beja, e faleceu em 2004. Foi aluno da escola primária do bairro da Apariça, em Beja, e, na mesma cidade, do Liceu Nacional Diogo de Gouveia. Formado na Escola Superior de Belas Artes de Lisboa, em Artes Plásticas, participou em trabalhos de publicidade para jornais, revistas e televisão.

 

Foi, para além de designer de mobiliário e gráfico, docente das disciplinas de trabalhos manuais, geometria descritiva, educação visual e desenho nas escolas de Serpa, Beja, Massamá, Porto de Mós, Guimarães e Braga. Os seus trabalhos de pintura foram expostos em várias cidades nacionais e internacionais.

 

Patrocinada pela câmara municipal, o Museu do Cante, em Serpa, tem patente, até ao final do mês, a exposição retrospetiva da obra do pintor Jorge Dimas. Na folha de sala da exibição o também pintor bejense António Paisana elogia as “obras de notável qualidade” do autor e sublinha a importância de melhor se conhecer o seu trabalho. O “Diário do Alentejo” falou com Armando Dimas, curador da exposição e irmão do autor.

 

Texto José Serrano

 

Qual a principal motivação que o levou a elaborar esta exposição?Se o meu irmão Jorge Dimas estivesse, ainda, entre nós, faria 68 anos no próximo dia 28. A saudade que me invade levou-me a querer celebrar esta data de forma diferente. Vivo em Serpa, o Jorge foi professor em Serpa e viveu no monte, comigo. Acompanhei a sua paixão pela pintura, pelas paisagens e pessoas do seu Alentejo, que muito amava. Olhando para os seus quadros questionei o porquê de não dar a conhecer a sua obra. Ele gostariade ser lembrado e eu acompanharia, orgulhoso, os eventuais elogios à sua arte.

 

É este acervo de 23 quadros identitário do percurso eclético de Jorge Dimas?O meu irmão sempre foi apaixonado por arte. Cedo percebemos o seu talento, desde os seus desenhos na ardósia e nos cadernos da escola primária. Dizia ele que, “quando fosse grande”, gostaria de ser pintor. Cumpriu o desejo. Nesta mostra tentei selecionar a “fase do Alentejo”, a parte figurativa e retratista e as suas experiências de cores e formas. O pintor bejense António Paisana sublinha a “notável qualidade” do trabalho de Jorge Dimas.

 

É esse reconhecimento um dos objetivos da constituição deste acervo expositivo?Penso que o meu irmão pintava mais para ele do que para os outros. Manteve a sua profissão de professor. Nunca se preocupou com o seu reconhecimento e se há obras adquiridas por particulares ou instituições deveu-se a exposições sem finscomerciais. Ele era um artista muito versátil, pintava segundo várias escolas, capturava facilmente a beleza das paisagens e da natureza humana, do seu Alentejo. Os seus quadros estão carregados de simbolismos que me impressionam e nos deixam a pensar.

 

Considera que o Alentejo, em particular, Beja, conhece a obra de Jorge Dimas?Os meus pais criaram os cinco filhos em Beja. Somos todos bejenses, mas fomos procurando outras paragens e, de certo modo, a ausência do Jorge, na cidade, pode ter levado ao seu esquecimento. Porém, isso não obsta a que ele possa ser reconhecido como um dos grandes pintores de Beja.

 

Qual o trajeto desejável para esta exposição?A exposição em Serpa, cidade onde o Jorge pintou, namorou e lecionou, está a ser muito bem acolhida. Pretendo avançar para uma exposição em Beja, permitindoque os seus conterrâneos conheçam a sua obra. Também, ainda neste ano, gostaria de ver em Odemira, terra dos nossos pais e avós, uma exposição de quadros do meu irmão, em data coincidente com a apresentação duma biografia do nosso avô, provedor José de Oliveira Dimas, ilustre odemirense. 

 

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