Chegou “tarde” e “não faz as escolhas necessárias”. É desta forma que a Bloco de Esquerda caracteriza o Plano Regional de Eficiência Hídrica do Alentejo que neste momento se encontra em discussão pública.
Texto Aníbal Fernandes
A Coordenadora Distrital de Beja do Bloco de Esquerda considera que, apesar de o Preha partir de “um diagnóstico realista” da situação, as medidas apontadas “não são as necessárias” e são “desajustadas e subordinadas aos grandes interesses da agricultura intensiva”.
No comunicado enviado à redação do “Diário do Alentejo”, os bloquistas reconhecem que “o impacto das alterações climáticas no Alentejo agrava muitíssimo o cenário de escassez hídrica, com períodos cada vez mais prolongados de seca”, mas que o plano peca por não incluir “a redução da área de agricultura intensiva e superintensiva, particularmente, no regadio, um dos fatores que choca com um uso racional dos recursos hídricos num cenário de escassez”, o que configura o “prolongar de uma forma de produção agrícola insustentável e prejudicial”.
O BE considera ser “preciso reduzir a área de agricultura intensiva e superintensiva” e acusa o Governo de falta de coragem para afrontar os “interesses económicos instalados”.
“É ilustrativa da manutenção de um paradigma insustentável” a indicação pelo Governo de uma comissão administrativa da Associação de Beneficiários do Mira (ABMira) que inclui o empresário Filipe de Botton como representante dos beneficiários do Aproveitamento Hidroagrícola do Mira, afirmou.
Quanto à dessalinizadora prevista para esta sub-região, o BE considera que vai permitir “continuar a sobreexploração agrícola em estufas” e que não vai “promover uma agricultura mais sustentável e diversificada”.
NADA DE NOVO
António Parreira, da ACOS – Agricultores do Sul, contactado pelo “Diário do Alentejo”, disse que, numa primeira leitura do documento, lhe pareceu “não ter nada de novo” e ter como base o Plano Nacional de Regadios.
No entanto, o também dirigente da Federação das Associações de Agricultores do Baixo Alentejo (Faaba) revelou que está a decorrer um período de recolha de opiniões junto dos vários associados de forma a que possam ter uma opinião formada até ao final do período de discussão pública que termina no próximo dia 31.
O Plano Regional de Eficiência Hídrica do Alentejo foi anunciado no início de junho, em Évora, prevê reduzir os consumos de água no setor urbano e turístico em cerca de 10 por cento, correspondente a cerca de 17 hectómetros cúbicos, e, nos aproveitamentos hidroagrícolas coletivos, na casa dos 12 por cento, cerca de 29 hectómetros cúbicos.