Texto José Serrano
"Os bejenses precisam de saber” é o nome da iniciativa do movimento Beja Consegue que consiste na colocação de cartazes, em várias freguesias do concelho, com questões, a exemplo de “Para quando a construção do fórum romano?”, “O que já foi feito pela câmara para dinamizar a sério o aeroporto de Beja?” ou “Como estão a ser utilizados os 27 milhões de euros da estratégia local de habitação?”.
Sobre as perguntas suscitadas à presidência do município, o vereador Nuno Palma Ferro, eleito pela coligação Beja Consegue, esclarecendo que as mesmas já foram “anteriormente colocadas em sede de reunião de câmara”, mas “cujas respostas não aconteceram ou não foram claras”, explica a intenção da ação: “Pretendemos exercer a nossa função de cidadania, alertando os cidadãos do concelho de Beja para os assuntos que nos preocupam e para a ineficácia da câmara municipal na resolução dos problemas estruturais. Temos o dever de alertar os nossos conterrâneos para o estado em que o nosso concelho se encontra”.
O pressuposto desconhecimento dos bejenses face às ações políticas preconizadas pela Câmara de Beja resulta, de acordo com o vereador, da ineficaz comunicação dos responsáveis camarários para com os munícipes – “A comunicação oficial da câmara municipal é pouco atrativa e sem impacto” – e da falta de medidas de atuação – “Estamos a meio do mandato e quais foram as ações relevantes levadas a cabo por este executivo? Manutenções, reparações, as poucas obras com atrasos enormes…”.
Nuno Palma Ferro afirma que o défice de informação é extensivo aos eleitos da oposição, considerando que o atual executivo “exerce a sua governação de forma ‘autista’”, aceitando, “em reunião de câmara, as sugestões com grande elevação”, mas não as aplicando, depois, “no dia a dia dos bejenses”, nem fazendo “qualquer esforço para as concretizar”.
O vereador considera ainda que as respostas às perguntas do Beja Consegue, em sede de reunião de câmara, “são quase sempre inconclusivas” ou demonstrando “alguma prepotência na forma como [os responsáveis camarários] abordam a vida municipal”. E justifica: “Algumas ações do município deviam ter a participação da vereação, o que muito raramente acontece”.
Sobre um dos cartazes que questiona as ações tomadas para a dinamização da infraestrutura aeroportuária, o Beja Consegue refere, em nota de imprensa, que “continuam a não se ter medidas e posições concretas por parte do presidente da câmara no sentido de valorizar o nosso aeroporto”.
Nuno Palma Ferro explicita a afirmação: “Quando não se pressiona, não se chama a atenção e não se tenta reivindicar o que é devido, o resultado é o que está à vista de todos. Serve dar como exemplo a visita feita ao aeroporto de Beja, promovida por uma entidade particular, que contou com a presença de ministros [das Infraestruturas e da Coesão Territorial, em março passado], em que o presidente da Câmara de Beja não foi convidado. Além de não respeitar o protocolo, visto que o autarca deve ser convidado sempre que membros do Governo se deslocam ao concelho a que preside, a situação espelha bem a importância que quem decide atribui ao nosso presidente”.
Não revelando o teor das questões que virão a contemplar, Nuno Palma Ferro afirma a previsibilidade da elaboração, por parte do Beja Consegue, de novos cartazes, referindo-se “a outras lacunas preocupantes, principalmente, na área social, em que pouco ou nada tem sido feito”.