Diário do Alentejo

“Associação Humanitária dos Bombeiros de Beja vive com dificuldades permanentes”

21 de maio 2023 - 10:00
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A Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Beja, criada em 12 de maio de 1889, comemorou 134 anos de existência. Do programa das celebrações constou o hastear das bandeiras, a romagem ao cemitério de Beja para homenagem aos bombeiros falecidos, uma sessão solene com diversas entidades presentes, a entrega de diplomas de sócios com 25 e 50 anos de inscrição, a entrega de medalhas de assiduidade aos bombeiros e dirigentes e diversas intervenções alusivas ao ato.

 

No âmbito do 134.º aniversário da corporação, o “Diário do Alentejo” falou com Rodeia Machado, presidente da direção da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Beja (Ahbvb).

 

Texto José Serrano

 

Qual o principal simbolismo destas comemorações?

A comemoração dos 134 anos da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Beja (Ahbvb) é uma data importante, depois de dois anos de pandemia em que não pudemos celebrar os aniversários, nem entregar medalhas aos bombeiros.

 

Regista-se uma apetência para a atividade de bombeiro, na região, por parte dos mais novos?

O voluntariado em Beja passa por algumas dificuldades no recrutamento, isto é uma verdade regional e nacional. Situação que é fruto da sociedade em que vivemos, mas também da falta de incentivo ao voluntariado. Em Portugal, o voluntariado de bombeiros é sui generis, pois não existe outra estrutura no mundo em que a base do sistema seja de caráter voluntário e humanitário. A exigência da sociedade moderna obriga a novas respostas e é fundamental que o Estado tenha um sistema de segurança dos cidadãos, sendo necessário que se encontrem formas de financiamento para apoiar as associações. O sistema de voluntariado deve continuar a ser a base do sistema, garantida com pessoal a tempo inteiro, para uma resposta pronta a acidentes e catástrofes de qualquer natureza.

 

Como se encontra atualmente a Ahbvb em termos de necessidades de meios materiais e humanos?

Tal como a maioria das associações de bombeiros, a Ahbvb vive com dificuldades permanentes. O apoio direto do Governo às 434 associações é de cerca de 32 milhões de euros. Mais do que esse valor são os custos suportados pela Câmara de Lisboa para garantir o financiamento do Regimento de Sapadores Bombeiros de Lisboa. Por aqui se vê o que é necessário mudar para que se possa melhorar o sistema. A Ahbvb tem no seu quadro de pessoal cerca de 90 bombeiros, homens e mulheres. Temos na totalidade 39 pessoas a tempo inteiro. As duas equipas são pagas pela Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (50 por cento) e pela Câmara de Beja (50 por cento). Estabelecemos um protocolo com a câmara que, para além do pagamento das equipas, garante um financiamento mensal de 18 333,33 euros (220 mil euros/ano) e recebemos da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil cerca de 14 000 euros mensais de financiamento, bem como cerca de 5000 euros do INEM. Se tivermos em linha de conta que só de salários e encargos sociais pagamos cerca de 50 000 euros, dá para perceber as dificuldades.

 

Quais as medidas necessárias para que a atividade da Ahbvb possa ser desenvolvida na plenitude das suas capacidades?

Há muito que se defende que o Estado deveria garantir a sustentabilidade das associações, de acordo com uma clara definição da tipologia de cada associação, que o mesmo é dizer de acordo com a necessidade de garantia da sustentabilidade de um corpo de bombeiros que garanta ele também a segurança das populações.

 

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