Com o objetivo de capacitar e fomentar o espírito empreendedor dos estudantes, a Associação de Defesa do Património de Mértola (ADPM) está a levar a cabo, pelo segundo ano, o projeto “Idealiza, Empreende e Atua” (idEA). A iniciativa, que visa alertar os jovens para as oportunidades que a região oferece, culminará, no final do ano letivo, num concurso de projetos interescolar.
Texto Ana Filipa Sousa de Sousa
Depois de uma primeira edição com “vários constrangimentos” causados pela pandemia de covid-19, a Associação de Defesa do Património de Mértola (ADPM) decidiu apostar novamente, no início do presente ano letivo, no projeto “Idealiza, Empreende e Atua” (idEA) junto dos jovens do ensino secundário dos agrupamentos de escolas de Aljustrel, Almodôvar, Castro Verde, Mértola e Ourique.
Entre sessões de capacitação, com dinâmicas de grupo informais, bootcamps, residências e debates com empreendedores, a associação pretende “dotar os alunos de competências relevantes para o empreendedorismo e para o seu futuro”.
Segundo Pedro Ramires, técnico do projeto, nos últimos dois anos letivos (2021/2022 e 2022/2023) o feedback recebido por parte da comunidade escolar “tem sido bastante positivo”, sobretudo, neste último, em que foi possível dar uma nova oportunidade de “conhecer melhor a realidade local e desenvolver novas competências num contexto informal”.
Esta é uma das particularidades de destaque deste projeto, a possibilidade de aprender de forma simples, inconsciente e criativa. “Estas competências são estimuladas num contexto informal e descontraído com dinâmicas de grupo promotoras da criatividade, reflexão crítica, liderança, trabalho em equipa ou comunicação, [o que faz com que] coloquem em perspetiva as oportunidades e os desafios que o nosso território nos oferece”, esclarece.
DA TEORIA À PRÁTICA
Aquando do início do projeto foi desenvolvido com os alunos, entre os 16 e os 18 anos, um “diagnóstico dos principais problemas ambientais e sociais” na escola e na comunidade em que se inserem para depois, em grupos, “idealizarem soluções em formato projeto”.
Depois, ao longo das últimas sessões, foram definidas as etapas necessárias para a sua implementação, ao mesmo tempo que foram trabalhadas algumas temáticas complementares, como o método de geração de ideias através da resolução de problemas, a criação de redes de apoios e de parcerias para a sua conceção e implementação, as ferramentas disponíveis para a sua formalização e técnicas de comunicação e marketing.
Paralelamente, segundo Pedro Ramires, estão a ser ainda realizadas “visitas a casos de boas práticas, bootcamps e debates com empreendedores locais e convidados das mais diversas áreas para a partilha de experiências”.
Esta edição, já com 94 sessões realizadas, aproxima-se da reta final. No próximo mês, os alunos deverão “apresentar e defender” os seus projetos no Concurso de Id.E.A.’s, numa primeira fase entre turmas da mesma escola para eleger o projeto finalista que representará o agrupamento e, posteriormente, na final regional, em Beja, onde serão eleitos os três projetos com melhor qualificação, que receberão um prémio para a sua implementação.
A IMPORTÂNCIA DOS JOVENS
O idEA, além de ser uma iniciativa de inovação social e ambiental, é também uma das soluções encontradas para tentar assegurar o futuro de uma região cada vez mais despovoada e envelhecida.
“Esta é a originalidade deste projeto: chamar a atenção para as oportunidades que o território oferece e, simultaneamente, promover o envolvimento cívico dos jovens nos desafios que o Baixo Alentejo, em particular se depara”, refere o técnico de 37 anos.
E acrescenta: “É fundamental que as escolas tenham uma oferta educativa neste campo do empreendedorismo, e quando se trata de territórios de baixa densidade, como os nossos, iniciativas como estas que permitem criar dinâmicas que promovam, entre as gerações mais jovens, o espírito empreendedor e a criação de novas ideias/projetos na região”.